8 - o n c e i n a l i f e t i m e

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Capítulo Oito.


Out loud someone's calling my name
It sounds like you
When I close my eyes
All the stars align 
And you are by my side
You are by my side
One Direction – Once In A Lifetime


Não soube dizer como é que acabara deitada na cama no quarto que reconheci quase de imediato quando os meus olhos se abriram lentamente. O conforto era familiar, assim como o ambiente e o cheiro das suas roupas. Fitei a parede branca apercebendo-me que o quarto se encontrava desprovido de qualquer luminosidade. Não sabia o motivo pelo qual eu despertara ou sequer como acabara deitada na cama de Zayn quando deveria estar na minha. Relembrei os acontecimentos da tarde passada quando Harry chegou do trabalho e a maneira como ele e a Scarlet se abraçaram tão carinhosamente, protegendo-se um ao outro, adentrando apenas naquele pequeno mundo que ambos partilhavam juntamente com Ryan. Eu não podia negar e dizer que não me sentira desanimada porque a realidade era que me sentia assim quase todos os dias desde o seu desaparecimento, não sabia como iria conseguir lidar com toda a dor que decidia assolar-me sempre que me encontrava sozinha. Após Harry ter tomado banho juntamente com Scarlet, ela encomendou pizza para celebrar a minha estadia com eles em Bradford e pela primeira vez em meses, eu senti que era querida em algum lugar novamente. O que me levou a pensar como é que eu pudera ser tão negligente para com eles durante estes meses. Os três primeiros foram os piores. Retornar a casa, tratar de todos os assuntos sobre a casa, arranjar um novo lar fora de Bradford para que conseguisse manter-me afastada o suficiente de maneira a tentar criar novas memórias e dessa maneira, guardar as antigas dentro de um cofre e não o abrir mais. Por vezes era a minha vontade. Juntar tudo o que restava nosso na minha mente, atirá-los para uma gaveta do meu subconsciente e trancá-los no interior do mesmo. Porém, outro lado de mim gritava que isso era incorreto, que tudo o que vivera com Zayn e o grupo foram lições, ajudaram-me a crescer e a tentar aprender como lidar com a atualidade, assim como com as pessoas que nos queriam mal. Apenas nunca pensei que fossem tantas.

Suspirando, virei-me para o lado oposto até que senti as minhas mãos a irem de encontro com as de alguém, demasiado frias para a temperatura normal do corpo. Os meus olhos dirigiram-se quase automaticamente para a frente, onde um par de olhos negros me observava atentamente. A sensação que percorreu o meu corpo foi inexplicável. Não me consegui mexer durante alguns segundos, a não ser abrir mais os meus lábios com o espanto, a minha respiração tornou-se irregular. Eu conseguia sentir as lágrimas a picar os meus olhos, o que me incomodava bastante mas esse era um pormenor que estava a tentar ignorar. Abraçando a imagem dele que se encontrava precisamente à minha frente, na cama do seu quarto. Eu não quis acreditar até que uma das mãos se depositou no meu rosto com tanto carinho, que tive receio de fechar os olhos e causar com que ele desaparecesse. As lágrimas ganharam intensidade e ainda sem conseguir formar as palavras, visto que as mesmas ficavam retidas no fundo da minha garganta, os polegares limpavam as lágrimas insistentes e involuntárias. Num impulso, abracei-me a si com toda a força que me restava, enterrando o meu rosto na t-shirt branca que usava, derramando todas as lágrimas que pensei que conseguiria esconder. Sentia-me vulnerável pelo simples facto de ele estar aqui, ao meu lado, as suas mãos em torno do meu tronco a puxar-me para si enquanto os seus lábios sussurravam palavras que supostamente me acalmariam. As minhas mãos viajaram para o seu rosto num gesto necessitado, para o sentir, saber que esta era a realidade e que ele estava de facto comigo.

- Zayn. – A minha voz tremeu tanto. As suas mãos dirigiram-se ao meu cabelo enquanto os afagavam suavemente e eu apenas continuava a chorar. – Meu deus, onde é que tu estiveste? – Queria fazer tantas perguntas, saber tantas respostas. Ele apenas sorria carinhosamente, como se estivesse feliz, talvez aliviado por saber que eu estava bem agora. Mas eu não me sentia assim, a preocupação ainda corroía o meu interior tão dolorosamente, que me custava. Não conseguiria apagar estes sete meses da minha mente por muito que eu tentasse. – Estás bem? – Voltei a questionar apesar de não obter nenhuma resposta de si. Com os meus olhos verdes marejados de lágrimas, voltei a olhar diretamente para o escuro dos seus e como os mesmos traziam as memórias mais doces que alguma vez partilháramos. Também traziam de volta os sete meses horríveis e eu ainda não conseguia acreditar que ele se encontrava mesmo aqui. – És real? – Sussurrei estas últimas palavras começando a duvidar da pouca sanidade que me restava. Foi então que os seus lábios se abriram para falar.

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