BEAUTIFUL NIGHTMARE - LIVRO 2 ✓

12 - e v e r y b r e a t h y o u t a k e

Every breath you take
every move you make
every bond you breath
every step you take
I'll be watching you
The Police - Every Breath You Take

As suas palavras ecoaram dentro da minha mente como se fossem atiradas constantemente de um lado para o outro. A expressão neutra de Harry não demonstrava qualquer emoção e talvez isso me assustasse mais do que se ele se mostrasse irritado, desapontado talvez.

- Eu... - Comecei e parei de imediato quando as suas íris verdes não abandonaram as minhas, causando-me um desconforto enorme. Toda a confiança e comodidade que sentira com Harry nem há cinco minutos atrás desvaneceram, dando assim lugar às inseguranças. – Não tinhas o direito de remexer no que não te pertence. – Falei rapidamente ainda chocada com o facto de ele ter descoberto, mesmo com elas bem escondidas. Ou pelo menos assim o pensava.

- Não foi propositado. – Harry defendeu-se, avançando dois passos na minha direção. – Íamos apenas arrumar tudo do quarto de hóspedes, que te pertence, para o quarto do Zayn. – Baixei a cabeça contendo a vontade de proferir as palavras que estavam a corroer o meu interior. Sentia a vergonha a apoderar-se de mim enquanto desejava esconder-me num quarto e não sair mais de lá até esta conversa desaparecer das nossas mentes. – Não tínhamos qualquer direito de invadir a tua privacidade, isso é certo... - Harry fez uma pausa para suspirar. Os meus olhos encontraram os seus cansados. – Porque nos escondeste isto? – A sua voz soava calma, compreensiva. – Pensavas que te íamos julgar? – Novamente outra pausa. Os seus olhos não se desviaram dos meus e por algum motivo, sentia-me mais invadida do que quando descobriram sobre tudo isto.

- Eu posso voltar para York se isto for um problema, eu peço desculpa, eu não queria mesmo causar-vos qualquer problema ao trazer os meus para aqui. – Falei atabalhoadamente sem realmente pensar no que estava a dizer, e como tinha falado sobre o mesmo assunto nem há cinco minutos atrás.

- Elas ajudam-te? – Olhei-o, sentindo-me confusa com a sua questão até me voltar a aperceber que ele estava a falar das injeções. Desviei o olhar numa questão de segundos, não aguentando a forma como ele me analisava, como se estivesse a tentar desvendar o que vai na minha mente. Como é que ele o conseguiria fazer se nem eu própria era capaz?

- Só as uso em caso de emergência. – Eu não entendia porque estava a falar sobre aquele assunto, quando tudo o que eu fiz durante sete meses foi esconder-me em York, fingir que a minha existência não afetava ninguém ou que existia qualquer pessoa que sentisse a minha falta. As palavras saíram involuntariamente, mas talvez fosse um sinal. Um bom, para variar. – Eu tomo umas regulares, todos os Sábados, mas estas... São apenas para casos extremos. – Sorri fracamente como que tentando demonstrar que não era assim tão mau. Mas o ar sério de Harry deixou inquieta, levando a que o sorriso desvanecesse tão rapidamente quanto surgira.

- Durante sete meses nós pensamos que só precisavas de tempo para curar. – Ele recomeçou após alguns segundos em silêncio. – Decidimos não insistir contigo, não te pressionar para vires cá visitar-nos, conhecer o Ryan. – Um pequeno sorriso formou-se nos seus lábios. – Mas honestamente, nunca pensamos que estivesses tão mal. – Harry acabou por confessar, comprimindo os lábios como se a culpa o estivesse a consumir apenas com o que lhe disse.

- Vocês não tinham como saber o que se andava a passar comigo. Ou em que estado é que eu me encontrava, eu também evitava a comunicação. – Puxei os cabelos para trás, acabando por os prender num rabo-de-cavalo, entrelaçando os meus dedos seguidamente. Acabei por me desencostar do balcão e retirar o meu telemóvel do bolso das calças, analisando a fotografia de fundo do ecrã. Era uma das minhas favoritas com Zayn, e que ele por acaso também adorava. Num dos dias que passamos na Escócia, quando nos esquecemos que os nossos problemas eram reais e que só existíamos nós os dois no Mundo. Agora sentia-me como se tivesse de carregar o peso do mesmo, completamente sozinha.