Bolar um plano

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O certo nessas horas seria eu estar fraca, a minha cabeça estar latejando e todos estarem preocupados com a minha saúde, mas não foi o que aconteceu. Sr. Jooheon pegou um dos poucos utensílios de primeiros socorros e removeu a bala do meu ombro com facilidade. Eu não havia movido um músculo sequer. A minha dor não chegava nem perto da minha raiva e preocupação. “Minhyuk está solto... Mas como?” Sr. Jooheon e eu estávamos muito envergonhados, pois era da prisão do nosso departamento que ele havia fugido. Dentro do carro, rumo a minha casa, pude escutar Jooheon fazer uma breve chamada para o número da Srta. Lisa, e pelo pouco que me interessou da conversa, ela e Wheein já estavam na minha casa acompanhadas de Mingi e minha afilhada Wozi.

O nosso trajeto naquela viatura não podia ser mais perturbador. Yunho não havia falado nada, pois tentava se manter concentrado no volante, mas eu sabia que ele se culpava pelo tiro que eu havia levado. Não queria que ele se sentisse assim, afinal de contas, ele foi o meu primeiro chefe, foi ele quem se arriscou para me salvar das loucuras de Yeosang e Moonbyul há cinco anos atrás, fora que ele é uma das pessoas nas quais eu mais respeito e admiro como profissional. Sinto que esse tiro foi apenas uma forma de agradecê-lo por tudo que já havia feito por mim, mas infelizmente, para ele, isso era uma fardo a ser carregado.

Seonghwa parecia ter se abalado muito com as trocas de tiros repentinas, mas não era de se esperar menos de quem não era policial. Ainda assustado com o ocorrido, ele não se permitiu perder o profissionalismo. Antes de nos despedirmos, ele pegou o meu número de telefone e disse que entregaria um vestido novo em minha casa. Era impressionante como ele levava o seu trabalho a sério, e mais impressionante ainda como ele não havia perdido o seu charme e a sua elegante postura com tudo isso. O corpo do jovem desconhecido estava no porta malas e só de me lembrar de tê-lo morto em meus braços, eu ficava toda arrepiada.

Após alguns intermináveis minutos, eu posso ver que Sr. Jeong Yunho finalmente estaciona o carro no quintal de minha casa. Mingi e Srta. Lisa são os primeiros a virem correndo em direção ao veículo. Yunho sai de cabeça baixa, enquanto Sr. Jooheon e eu saímos acompanhados dos bancos traseiros. Ao me ver com a mão direita sobre o meu ombro ferido e uma enorme mancha vermelha tomar conta de quase toda a extensão da parte superior do vestido de noiva que eu usava, Mingi quase perde os sentidos:

– Docinho! Você foi ferida?! – diz ele vindo ao meu encontro agoniado – Está doendo muito? Quer que eu te leve para o hospital? Como isso aconteceu? – sem pensar duas vezes eu calo o meu noivo com beijo calmo e doce. Precisava pará-lo e precisava mostrar a ele que eu sabia me cuidar sozinha. Ele aceitou de imediato levando as suas mãos grande as minhas bochechas. Assim o senti ficar menos tenso até terminarmos com uma breve sequência de selinhos.

– Estou bem meu amor! – respondi enfim. – Sr. Jooheon já fez o devido tratamento no meu ombro. – me virei para encará-lo e depois voltei o meu olhar para Mingi e Srta. Lisa, que estava logo atrás. – Precisamos ter uma reunião urgente. – disse séria.

Não demorou muito para Yunho e Jooheon concordarem com a cabeça atrás de mim, mas mesmo assim, o chefe do departamento policial Sul preferiu enfatizar o que eu havia dito:

– Uma reunião agora! – soltou Yunho firmemente.

O relógio que estava no alto da parede da minha cozinha parecia ter engolido o tempo que era pra passar. Todos nós já havíamos entrado e agora estávamos sentados juntos na cozinha. Eu decidi ligar para San e Wonho, sabia que a morte do jovem desconhecido ainda era um mistério e nada melhor do que eles, que trabalham com as autopsias, para nos ajudarem nessa. Sr. Yunho estava menos tenso e nos pediu permissão para chamar o mais novo estagiário do departamento Sul, mas todos nós fomos pegos de surpresa:

– Você contratou um novo estagiário e não nos disse nada? Quem é ele? – indagou Lisa impaciente.

– Um jovem que acabou de terminar a faculdade nas áreas investigativas. Jongho! – eu quase me engasguei com a própria saliva ao escutar o nome.

Devaneios - ATEEZ (VOL.2 de Uma Bela Mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora