Loucura

242 55 48
                                    

Quase uma hora mais tarde, eu acordo assustada com o movimento brusco que o ônibus havia dado por conta de um buraco na rua. Em um pulo, eu me vejo completamente sozinha naquele monstro de metal. O motorista parecia me encarar intensamente pelo retrovisor e não poderia ser diferente. Ninguém viajaria para tão longe no meio da semana, mas o meu caso era diferente. “Sempre é diferente!”. Enquanto eu esfrego um dos meus olhos e bocejo alto, ajeito também a minha postura. Do lado de fora do veículo, eu avisto várias árvores e um imenso prédio branco ao fundo, sem dúvidas era o DPPS. Pego o meu GPS e vejo que estava certa da rota que estava tomando, então me levanto para pegar a minha bolsa, guardo o GPS e aperto um botão afim de descer do ônibus. O motorista nem se deu o trabalho de parar em um ponto próximo, simplesmente parou de dirigir e apertou um outro botão que abriu a porta para eu descer:

– Tome cuidado moça! – é tudo o que eu consigo escutar os descer os degraus.

“Acho que no final das contas ele é apenas um senhor preocupado!” pensei. O mesmo também deveria estar se referindo ao horário. Estava perto de anoitecer e a esta altura do campeonato, Mingi e Wheein já haviam contatado a todos sobre o meu sumiço. Só esperava que Seonghwa também não abrisse o bico.

O céu estava indo do laranja para um roxo escuro e em poucos minutos ele iria se tornar em um verdadeiro breu estrelado. Precisava ser rápida, então comecei a caminhar em direção ao prédio.

O caminho estava asfaltado até uma certa distância, depois os meus pés foram tomados por terra e pedras. A poeira também subia muito de acordo com as minhas pisadas fortes e isso estava irritando o meu nariz. “Porcaria.” Continuei caminhando até chegar em mais uma parte asfaltada, onde haviam vários carros estacionados e, finalmente, a entrada para o prédio de loucos.

Por mais que eu fosse policial, por mais que eu tivesse ordens ou mentisse sobre isso para ver Yeosang, não poderia entrar de modo algum. Já havia vindo aqui uma vez para treinamento e me lembro que os horários de visita eram muito restritos. A sorte era que eu tinha uma plano, com muitas chances de dar errado, para tirar o Yeosang de lá. “Se ele não estiver tão louco e se quiser vir comigo!” Eu realmente não sabia o que esperar dele. Tudo poderia ocorrer de maneira oposta ao que eu estivesse planejando, mas se eu não tentasse ia ser pior ainda. “Eu acho!” Me esgueirei até a portaria e vi duas recepcionistas fofocando sobre alguns pacientes. Elas pareciam não estar se importando muito com o trabalho, acho que pelo menos isso poderia ser um ponto ao meu favor. Amarro a minha bolsa em minhas costas e me agacho no chão para poder entrar sem ser vista. Tudo parecia estar dando certo, mas um assunto em específico soltado pelas fofoqueiras acabou chamando a minha atenção:

– E tem aquele esquisito sem a mão esquerda... Dizem que está melhor, mas por ficar na sala de proteção total, e sozinho, eu nunca me atreveria a entrar lá. – dizia uma ruiva baixa que parecia estar debochando de tudo, mesmo quando falava sério.

– Nem tem como amiga! Só os laranjas inspecionam ele, ainda bem. – respondeu a loira alta.

“Os laranjas” Nunca havia imaginado que o caso de Yeosang fosse tão sério. Lembro-me bem de que os laranjas só cuidavam de casos extremos. De pessoas que já haviam conseguido fugir do sistema ou até mesmo conseguido cometer crimes dentro da DPPS, mas Sang não seria capaz de cometer tais atos. “Seria?” Bem, tudo isso dependia de como o Sr. Jooheon anexou a lista dele aqui também. Eu já não tinha certeza de mais nada, mas precisava continuar. Ainda agachada eu passo pela recepção e observo todos os cantos pra ver se teria mais alguém a trabalho. A minha sorte é que o primeiro andar sempre era o mais vazio, então eu consegui passar facilmente. Ao me afastar da entrada, eu me levanto e sigo até o fundo de um corredor onde eu me lembrava que eles guardavam os uniformes. Quando avisto uma porta branca com uma etiqueta laranja escrito “Esterilização de Unf.” Respiro aliviada. “Minha memória não está tão ruim assim!” Rapidamente eu entro na sala e me deparo com vários uniformes de diferentes tamanhos e setores em plásticos transparentes. Muito deles tinham que ser esterilizados por conta de certas 'brincadeiras' que os prisioneiros poderiam fazer.

Devaneios - ATEEZ (VOL.2 de Uma Bela Mentira)Onde histórias criam vida. Descubra agora