Capítulo 2

31 1 13
                                    

Capítulo 2.

O clube de natação já havia saído há algum tempo quando cheguei na área da piscina coberta. Há apenas algumas pessoas na piscina. Pessoas que como eu, ficaram entediadas e resolveram nadar um pouco naquela manhã excepcionalmente quente.

Entro no vestiário e guardo minhas coisas num armário. Visto o maiô preto do uniforme da Academia Real Britânica e me cubro com uma toalha. Coloco a chave do armário em meu colar junto com o pingente de ágata vermelha que sempre uso. Prendo meu cabelo numa trança comprida e saio do vestiário. Deixo a toalha em um dos acentos e entro na piscina pela escada sem passar pelos chuveiros antes. A água está gelada e prendo a respiração, mergulho e caminho até o canto oposto da piscina.

-Desculpa. -Ouço a voz antes de ver o rosto de Adan Fray. Prendo a respiração de novo e então percebo que ele havia se desculpado por bater em mim enquanto nadava em minha direção.

-Ahm, tudo bem. -Digo, afastando-me para o outro lado.

-Estava praticando de olhos fechados, sinto muito. -Ele continua, seus olhos azuis estão envoltos de névoa vermelha pelo cloro da piscina. O contraste é hipnótico e preciso engolir saliva para não babar.

Seu cabelo, ondulado estava uma massa irregular molhada e castanha sobre sua cabeça e sua barba rala pingava água. Ele passou a mão no rosto e olhou para mim.

-Não tem problema. -Eu repito e antes que ele possa dizer mais alguma coisa, eu mergulho.

"COVARDE, COVARDE, COVARDE! O garoto finalmente fala com você e você foge! Idiota! Volte lá para cima agora!" Eu brigo comigo mesma e volto a emergir, afastando o cabelo do rosto. Adan ainda está lá olhando o outro lado da piscina.

-Então, já chamou Alice para o baile? -Perguntei, me parabenizando mentalmente por conseguir falar mais do que duas palavras para ele.

-Não, quem disse que eu ia chamar Alice? -Ele perguntou e dei de ombros rindo sem graça. Alice espalhava em sussurros a semana toda que ele a convidaria para o baile já que os dois ficaram bem próximos na semana de início das aulas.

-A própria. E metade da escola. -Ele riu e ri com ele.

-Ah, nossa, que viagem. Eu nem vou para esse baile.

-Que? Você deveria ir. Se não pelo baile, ao menos pela chuva de meteoros. -Eu disse e mordi o interior da bochecha. -Ahm, ouvi falar que é hoje a noite, é uma oportunidade única.

-Ah, única mesmo. -Ele concordou e rimos. -É a raríssima chuva anual de meteoros. Uma oportunidade na vida.

-Tudo bem. É. -Falei. -Mas você devia ir mesmo, vai ser divertido. Se não pela companhia, pelo menos pela comida. -Acrescentei fazendo graça.

-Está me convidando? -Ele ergueu uma sobrancelha e corei violentamente.

-Não, ahn, eu já tenho um par. -Digo amaldiçoando Jesse por ter me chamado primeiro.

-Eu iria se me convidasse. -Ele disse e sorriu de canto fazendo minha vontade de morrer aumentar de forma exponencial. -Brincadeira, acho que vou passar. Bem, nos vemos por aí... -Então ele fez um gesto para mim, tipo uma arma de dedo e seguiu seu treino.

Minha carranca não poderia ser maior. Ele nem sabe meu nome! Talvez até tivesse falado comigo por educação. Que idiota que eu sou! Ainda mais depois do que Jesse dissera sobre ele ser gay. Dei um tapa na minha testa e bufei.

-Eu queria ter gravado isso. -Pulo de susto com a voz do dito cujo vindo de detrás de mim e viro para encontrar Jesse com o dedo no ouvido, agachado de cócoras na beira da piscina. Dizem que quando a história é verdade, o dono aparece e respiro fundo.

Malha de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora