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ROMANCES MENSAIS

LIVRO II – APOSTAS DE FEVEREIRO

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CAPÍTULO XVII - QUESTIONAMENTOS

Eu estava nervosa e não era de uma maneira positiva. Essa é a primeira vez que saio com alguém além de Mon-El. Não sabia bem como me comportar ou o que dizer enquanto seguimos para um restaurante que o treinador Nicholson. Não havia assunto entre nós e já estávamos no carro há quarenta minutos, enfrentando um intenso engarrafamento. O silêncio era realmente um incômodo e eu não sabia o que fazer para mudar essa situação. 

E aqui estava eu sentido falta de Mon-El. Em nossos encontros, nunca ficamos em silêncio. Com o jeito estranho dele, sempre há um assunto com o qual nós podemos conversar. Eu também me sentia muito a vontade para falar sobre qualquer coisa com ele. Um mísero comentário era o bastante para desenvolver uma longa conversa com inúmeras mudanças de assunto.

Com o treinador Nicholson não estava dando certo. Ele parecia nervoso também e estava tão sério que qualquer tentativa minha de quebrar o gelo fracassava. A música no carro também era entediante. Estranhamente, o treinador gosta de músicas clássicas e tudo que ouvíamos era os instrumentos de uma orquestra sinfônica. E sinceramente, apesar das músicas serem bonitas, eu preferia algo mais animado, como as músicas de rock antigo que Mon-El ouve ou as de boyband que ele afirmava odiar, mas assim que começava a tocar, ele não resiste a cantar junto.

Não é que o treinador não estivesse sendo gentil e cuidadoso como o estranho com quem tenho saído há um mês. Eu só não conseguia me sentir tão livre e à vontade com ele como eu me sinto com Mon-El, o que é bem estranho já que eu conheço o treinador Nicholson há três anos e Mon-El há um mês. Não deveria ser assim. Na escola nós nos damos tão bem, então por que aqui não conseguimos dizer nada?

- Que trânsito. - Comento, dando um sorriso nervoso.

- Pois é. - Responde o treinador Nicholson, encarando fixamente o carro que estava a nossa frente.

E então temos silêncio de novo. Suspiro e pego em meu celular, esperando que tivesse algo de interessante nele. Quando estou com Mon-El eu me esqueço completamente do meu celular. Não há motivos para ficar mexendo no aparelho quando se tem uma pessoa tão divertida e amável para me distrair. Eu não conseguia parar de comparar e isso era péssimo, porque eu simplesmente não conseguia parar de desejar estar com Mon-El.

- Treinador Nicholson...? - Chamo, quando finalmente chegamos ao restaurante onde teremos o nosso encontro.

- Pode me chamar de Liam. - Responde o treinador, sorrindo gentilmente.

- Tudo bem, Liam. Então pode me chamar de Kara. - Afirmo, correspondendo ao sorriso. - Eu... eu quero te fazer uma pergunta.

- Por que não entramos e conversamos melhor no restaurante? - Sugere o treinador, tirando o cinto de segurança. Suspiro e concordo, repetindo o mesmo gesto que ele.

Liam desce do carro e faz questão de abrir a porta para que eu descesse. Agradeço, envergonhada pelo gesto. Ele estende o braço para que eu o acompanhasse como um perfeito cavalheiro. No restaurante, ele também agiu conforme as boas etiquetas. Abriu a porta do estabelecimento e puxou a cadeira para que eu me sentasse. Ao olhar o cardápio, ele permite que eu faça o pedido primeiro do que ele e é bastante educado com o garçom que nos atendia. 

Ele era como um perfeito príncipe. Gentil, educado e bonito. Não havia defeito algum na forma como ele agia, mesmo demonstrando estar nervoso. Observo as características do treinador e vejo como ele é diferente de Mon-El. Não apenas o comportamento pomposo como também os olhos negros como jabuticabas, assim como seu cabelo longo acima do ombro, ondulado e claros quase loiros. A pele bronzeada dava sinais de alguém que pega sol constantemente. Ele é quase como se eu estivesse de frente para um sufista alto e atraente. 

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