Mariana II

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Cheguei em casa ofegante por conta da caminhada longa e em pouco tempo.
Ainda chateada com o que tinha acontecido, passei direto para o quarto, arrancando um conjunto de moletom do guarda-roupas e terminando esse meu trajeto dentro do box do banheiro, tomando ,até que enfim, um banho quente.

Não sabia se eu era estúpida por pensar que alguém como o Pedro fosse gostar de mim,ou se era egoísta por não pensar em Felipe também, ele realmente parecia ser um cara legal, mas me deixei levar pela minha paixão platônica. Mais uma vez na minha vida.

Coloca na conta.

Depois de perceber o quão quente e aconchegante estava a casa, cheguei à conclusão de que não sabia de onde eu tirava coragem para sair de short e cropped àquela hora e estação. Acho que acabei perdendo uns parafusos da cabeça, vai entender.

Tomei um banho demorado tentando lavar tudo do que ja tinha acontecido no dia. Lavei meus cabelos e passei óleo corporal.

Saí do banho, vesti o conjunto e penteei meus cabelos.
E então fui me olhar no espelho.

-Mari, é você?-escuto uma voz através da porta.

-Sim, mamãe. Não vi a senhora pela casa, passei direto para tomar um banho quente para me aquecer.

-Tudo bem, querida. Vou preparar um café.

-Ah, não precisa. Eu passei numa padaria e tomei um mais cedo, mas obrigada.

-Não há de quê. Ah, filha, não demora a sair.

Eu não estava tão ruim aparentemente. Minhas olheiras tinham desaparecido, minhas bochechas e nariz estavam em um tom avermelhado por causa do frio, o que é inteiramente normal.
Meu moletom era um tom de azul cobalto com alguns detalhes dourados, era leve mas me protegia desse vento frio.
Finalizei meu cabelo e sequei com difusor, só Deus sabe o quanto ele demoraria pra secar naturalmente.

Depois de uma hora dentro do meu banheiro me arrumando para ficar em casa, saí e fui para a cozinha.
Estava com fome e precisava ocupar meu estômago se não quisesse enfrentar meu mau humor, o que seria irritante até para mim mesma.
Enquanto descia as escadas, fazendo o caminho do banheiro à geladeira, eu passei em frente ao quarto dos meus pais e ouvi um sussurro, como de quem está chorando. Meu pai já estaria trabalhando à essa hora, ou seja, com toda certeza era minha mãe quem estava do outro lado da porta, chorando em demasia.
Optei por não interromper, minha mãe não gostaria que eu soubesse o estado dela agora, talvez nem tenha passado pela cabeça dela que eu poderia muito bem ouvir o choro dela quando caminhasse pelo corredor de casa. Simplesmente continuei meu caminho, dessa vez ainda mais decidida a fazer alguma diligência para que a minha mãe consiga ser retribuída por tudo de bom que ja fez e de ruim que já suportou.

Terminei minha caminhada quando cheguei na beira da geladeira. Antes de abrir, reparei que tinha algo estranho ali. Aquele sentimento de "não sei o que mudou, mas está diferente".
Depois de então pegar os ingredientes necessários para fazer um misto quente, fecho a porta do eletrodoméstico e me dou de cara com a mudança, agora sim eu podia perceber o que estava diferente ali. Uma foto, pendurada com um ímã que representava uma flor minimamente perfeito.

A captura tinha sido no memento certo. Estávamos em um festival que ocorre todos os anos aqui na cidade, é uma confraternização onde todos os moradores festejam juntos, amigos e inimigos, como um só, todos felizes.

A foto transmitia com toda certeza o ar de bem-estar e euforia. Eu tinha 10 anos, vestindo uma touca de crochê azul com um pompom amarelo no ponto superior da mesma. Era foto em primeiro plano, mas eu conseguia me lembrar com totalidade do vestido godê vermelho de minha mãe, o que a deixava mais sexy e graciosa, e o smoking brega do meu pai, mas que caía super bem nele, por incrível que seja.
Meu pai me fazia algum tipo de cócegas e eu estava com uma careta cômica, enquanto minha mãe nos olhava com um leve tom de negação por estarmos fazendo ela passar vergonha no meio de tantos conhecidos.
Olhando para aquela fotografia, eu sentia saudade, muita saudade.

Completei meu dia lendo livros e tentando (com êxito) bater minha meta diária de cafeína, mantendo meu corpo aquecido dentre tanto frio climático e astral. Só consegui me sentir verdadeiramente em paz quando me encontrei debaixo das cobertas que estavam postas em minha cama, com a parcial certeza de que acordaria no dia seguinte, e que seria obrigada a ir à aula.

>>>>>>>>>>>De manhã<<<<<<<<<<<

Abri meus olhos que pareciam estar carregados com algum material denso o suficiente para fazer eles parecerem bem mais pesados, fora a claridade anormal no meu quarto, o que me assustava.

-Droga, esqueci de fechar a cortina ontem!-bufei, fitando a janela e fechando meus olhos imediatamente tenrando prescindir aquele clarão.

Olhei para a mesa de cabeceira, piscando algumas vezes para focar minha visão,eu precisava depreender o horário.

-Sério, eu não consigo ficar um dia sequer nem me atrasar?-falei levantando rapidamente, ignorando minha balbúrdia matinal, indo direto ao banheiro.

Tomei o banho mais rápido da minha vida.

Saí, arranquei uma roupa qualquer do meu guarda-roupa, vesti e fiz um penteado meio-preso no cabelo.

Voltei para o banheiro, fitando o espelho. Não estava tão ruim.
Após fazer minhas higienes, calcei um all star, como de costume.

Peguei a mochila e desci as escadas correndo, fazendo uma pequena pausa na cozinha para pegar uma maçã em cima da ilha.

Desejei bom dia à minha mãe que estava, como sempre, fazendo café preto e torradas. Ouvi ela falando que pararia de fazer café da manhã, já que eu só comia maçã; e mais alguma coisa sobre a escola,mas que eu não entendi muito bem, pois ela falava enquanto eu estava saindo da cozinha.

-Desculpa, não entendi muito bem. Estou atrasada, conversamos sobre a escola depois! Te amo!-gritei, saindo de casa.

Eu estava dando passos rápidos, quase tropeçando no meu próprio pé. Eu não era acostumada a andar tão depressa assim.

A escola não é tão longe de casa, e nem são muitos morros para subir. O pior mesmo, é meu sedentarismo, minha falta de fôlego e facilidade em me distrair.

Facilidade de um jeito que fez eu desperceber que estava sendo perseguida por alguém, um homem de capuz longo, cujo parte de seu rosto estava recôndito.

Em um ato impulsivo, parei de andar no mesmo momento. Queria corrobar quem era o indivíduo e o quê este queria comigo.

Olhei para trás, ele não se moveu. Estava parado do outro lado da rua, não se escondeu, como se quisesse que eu soubesse que ele me perseguia.

-OOOOOU?! O QUE QUER COMIGO?-Gritei-Estou atrasada pra escola, se não se importa.

Ele não fez nada. Nada além de dar meia-volta e dobrar numa esquina próxima dali.

-EEEEEEI! VOLTE AQUI!

O-segui. Quem eu queria fazer acreditar que eu fosse uma menina valente? Dá pra perceber logo quando me vêem pela primeira vez, o quão inócua eu sou.

Andando ainda mais rápido que antes.

Afinal, o que esse homem tinha a ver com o que aconteceu depois?

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Falaaeeeeeeee amigos, como estão?
Eu estou bem, se perguntarem.
Estão gostando do livro?? Espero que sim!!

Qualquer dúvida, conselho, crítica construtiva, passa direto pros comentários!

Muuuuuito obrigada ♡

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