Mariana III

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 Há um segundo eu estava virando à esquina, tentando saber o porquê de aquele estranho QUERER que eu seguisse ele.

Não é macabro o fato de ele estar encapuzado? Principalmente de uma maneira beeeeeem misteriosa.

Eu lembro que entrei numa casa, bom, não entrei exatamente. Ele entrou, e eu que não sou boba (ou talvez sou, por ter ido) queria entrar também.
Mas acontece que quando eu cogitei colocar meu pé esquerdo poucos centímetros além da porta da casa amarela, que estava aberta por causa do homem que passara antes de mim, eu apareci numa floresta.

Sim. Uma. Floresta.
Desconhecida, densa e doida. D³.

Pelo que eu saiba, na minha cidade não existe nenhuma floresta. Não só na cidade quanto no estado por completo.
Eu sei que é estranho, e também sei que você não vai acreditar em mim. Mas para falar a verdade, o que aconteceu depois foi 1000x pior.

Me encontrei completamente desacreditada. Imagina só a turbulência de coisas, uma em cima da outra, que tinha acontecido só naquele dia! E ainda eram sete e meia da manhã.

Estava eu girando no meu lugar, sem mover um centímetro para qualquer hemisfério, tentando encontrar alguma explicação para o que tinha acontecido. Olhava dez vezes para a direita, umas cem pra esquerda, mil e mais um pouco para trás. Onde estaria o homem?
Sinceramente, eu nem queria saber.

Mesmo sem gostar, preferiria estar na escola ouvindo a professora de biologia falar sobre sua vida melancólica, do que estar num lugar desconhido e principalmente sem saber se conseguiria sair dali.

O fato é que eu resolvi subir numa árvore.
Qual é, não é tão difícil. Eu poderia descobrir em qual direção ir procurar ajuda, poderia reconhecer o que tem ao meu redor e saber se precisaria de um abrigo para passar a noite.
No fundo, era uma boa ideia.

Olhei para cima a fim de escolher uma árvore que fosse alta o suficiente mas não muito difícil de escalar.
E merda! Porque eu tinha que ser boa em geografia?

Percebi uma coisa.*Crown Shyness.

Pelo que eu estudei, não ocorrem perto de casa. O mais próximo seria uns dois estados ao leste ou na fração oriental do planeta Terra!

Isso significava que eu realmente estava distante de casa, mesmo que não saiba quanto e muito menos como.

Depois de bons minutos lamentando, achei uma árvore boa o suficiente.
Comecei a subir.
Um pé escorregou e eu quase caí do meio metro de altura que eu tinha conseguido atingir.
Me recuperei, respirei fundo e continuei.
Mesmo com muitas quase-quedas, consegui chegar à copa.
Olhei para um lado, verde. Olhei para o outro, parecia ainda mais verde do que o primeiro.

Como eu iria sair daquele mundo-esverdeado? Boa pergunta.

Enquanto eu pensava no que deveria fazer, reparei que ainda tinha um galho acima de mim. Ele era bem mais fino e aparentemente um pouco frágil, mas era minha chance de ter um campo de visão ainda maior.
Ergui meu corpo que estava encurvado, preso ao tronco grosseiro. Estiquei os braços, as pernas e todas as articulações possíveis tentando alcançar o alto galho, tendo falha.

"Se eu der um pulo, acho que consigo."-pensei

Pulei.
Era pra ter dado certo, se eu não tivesse caído.
Caí e caí feio.
Na verdade, parece que eu estava caindo em câmera lenta, eu me lembro de cada um dos sentimentos:

1- Dor
Minhas mãos e coxas se ralaram quando eu escorreguei.

2-Desentendimento
Por um milésimo de segundo pensei: o que está acontecendo?

Um passoOnde histórias criam vida. Descubra agora