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HUMAN
DOLL

— Chegamos - Falou contraindo seus ombros e o soltando junto com um suspiro. Jungkook virou em minha direção e sorriu - Pode descer boneca.

Eu tremia, escutando cada fala saindo de sua boca, eu tremia, vendo seu olhar me perfurando.

O que seria de mim?

Jeon desceu do carro e o rodeou pra abrir a porta pra mim.

— Fique parado — disse, se agachando em seguida

— O-o qu..

Seus braços passaram pela minha perna, me tirando do estofado do banco e me colocando sobre seus ombros.

Eu ainda estava em choque mas tinha um pouco de voz pra gritar, e foi o que eu fiz. Comecei a gritar e me debater, até então, ele rir e me soltar. Cai com tudo no chão, sentindo a dor cair sobre minhas costas.

O lugar que estávamos era afastado, era um casarão grande e bonita, porém aparentava ser muito velha. Era rodeada de árvores atrás dela e no centro, havia um jardim. Levantei e corri, tentando passar pelo portão de saída, ao que me levava a uma estrada de terra.

Gritei frustado, continuando a correr. Seu riso era ouvido, não sabia exatamente de onde já que eu não prestei atenção e não olhei pra trás, Apenas corri porque a minha vida literalmente dependia daquilo.

Meu pescoço foi agarrado por trás e puxado, fazendo meu corpo colidir com o seu. Eu senti cada canto do meu corpo tremer, senti mais do que tudo, desespero.

Por que aquilo foi acontecer justo comigo?

Era como um livro de terror daqueles que se sempre lia.

O que eu deveria fazer pra pelo menos sair vivo dali?

O que aquele homem era?

Sua respiração bateu contra minha nuca e ele segurava meu pulso com uma das mãos, tentando controlar a forma como me segurava.

— Boneca, não fuja de mim — Riu — Eu vou cuidar bem de você.

. . .

Jeon me olhava, seu sorriso maior que seu rosto, me analisado por inteiro. Meu corpo ainda tremia e permanecia encolhido no sofá. Jeon, de frente pra mim, tinha um lado do rosto caído sobre a mão, me olhando de uma maneira, tão... tão, assustadora.

— Fale alguma coisa.

Eu desviei meu olhar, fixando no seu carpete vermelho. Eu fervia em raiva.

Meu coração palpitava tão forte, e eu sentia um aperto em meu peito, e senti mais do que tudo um sufoco em meio a garganta. Permaneci ali com as mãos juntas, o pés batucando e a vista pro carpete, eu não tinha coragem de olhá-lo.

— Bem, Jimin, digamos que sou  herdeiro  de tudo isso que vê — sua voz se tornou presente, seu corpo, mais próximo. Senti quando sua pélvis encostou em meu nariz e ergui o olhar envergonhado, o vendo de frente pra mim com a cabeça abaixada, me olhando fixamente sentado em seu sofá.vamoa chá

— Vamos tomar um chá, uh?

Continuei calado, imaginando mil maneiras de fugir de si, mas diferente de tudo que eu li, eu não deveria bancar a vítima bobona, medrosa e fujona.

Por mais que as falas me faltassem e eu não conseguisse o olhar.

Ele segurou uma de minhas mãos e me afastei, desviando pro lado.

— Não fuja de mim.

Sua entonação era inexpressiva.

Ergui meu olhar, me levantando e ficando a sua frente.

— O que quer comigo, Jeon Jungkook?

Sua face, inexpressiva como seu tom de voz, se fez presente ao que seu olho fixou-se no meu.

— Você, eu quero você, Jimin.

. . . .

Jeon me trancou em um quarto. Ele era branco, totalmente. Eu estava sentado na ponta da cama, encarando a parede branca e me perguntando como minha vida tinha virado aquilo em tão pouco tempo, em menos de um dia. Eu ainda sentia o pânico, e eu ainda sentia aquele sufocamento, mas eu deveria ser forte naquele momento se quisesse sobreviver.

Talvez ele não fosse um assassino, um sequestrador, talvez?

Mas quem mandaria me sequestrar?

Suspirei, jogando minha cabeça na cama, colidindo com o travesseiro e deixei meu corpo relaxar pra aliviar a a tensão. Fechei meus olhos e repeti mentalmente pra mim mesmo.

Isto não é real, eu não estou aqui.

Mas a verdade era que por mais que eu quisesse enganar meu subconsciente ou a mim mesmo, a verdade absoluta sobre tudo aquilo era que sim, eu estava aqui.

E sim, é real.

A porta foi aberta de maneira brusca, mas nem aquilo me fez levantar ou demonstrar alguma emoção perante aquilo, por mais que dentro de mim meu coração tivesse disparado com o susto.

— Eu odeio seu silêncio. Eu sei que você não é assim.

Jungkook disse irritado, ele parecia esperar reações minhas, como medo ou algo do tipo, e a verdade é que eu não aguentava segurar tudo aquilo dentro de mim e queria sair correndo, gritando, bater nele, chorar.

Senti quando suas mãos seguraram meus ombros e me ergueram. Ele me olhou com aqueles olhos secos, mas que quando sentia prazer no que o agradava, os deixavam brilhante, vibrando em um êxtase profundo e obscuro, psicodélico.

O mesmo olhar de quando me jogou em seu carro e trancara a porta.

— Você quer saber? — meus olhos marejaram — Eu não acredito que isso está acontecendo, não caiu a ficha, eu não sei por que está acontecendo comigo. O que eu te fiz? Eu só queria viver a minha vida, Jeon Jungkook, ou não, eu não te conheço e ao menos sei se esse é seu nome mesmo.

Ele sorriu, sorriu lentamente, diabolicamente, sorriu como um verdadeiro demônio.

— Eu gosto de sua voz Jimin — Sussurrou perante meu ouvido — Eu necessito escuta-la, Jimin. — continuou — Porque eu preciso aprecia-la antes de cortar suas cordas vocais e te prender em minha parede, ChimChim.

Human Doll / Ji.KookOnde histórias criam vida. Descubra agora