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Era inexplicável a sensação de acordar e ao menos saber que dia era, quantas semanas se passaram, o que acontecia lá fora, através das janelas. Observei Jungkook pelo jardim, ele terminava de regar algumas flores, em seguida, sumiu de minha visão. Suspirei. Se ele queria tento me matar, por que não o fazia?

Era óbvio, ele estava me torturando.

Desviei meu olhar rapidamente pra Televisão ao ouvir o ruido da porta se abrindo. Jungkook havia dito que me recompensaria, disse que diferente do que imaginou, eu estava sendo um bom garoto.

Pobre Jungkook.

- Ok, levante-se, eu já fui muito bonzinho com você Jimin -  Disse entrando no quarto. Seu corpo estava coberto apenas por uma calça, seu suspensório deitava em seu quadril e seu corpo estava amostra, assim como seus músculos que se contrariam cada vez que o moreno apertava a faca em sua mão.

- Vai me matar?

- Você sabe que vou, uma hora ou outra, sim. - Revirou os olhos e me puxou pelo braço sem se importar se estaria machucando-o ou não. Jungkook caminhava com um grande sorriso sádico em sua boca. Sua mão estava muito gelada, como se ele tivesse enfiado-as em um balde de gelo por horas. Ou então, ele apenas tivesse tocado em algum corpo morto ou algo do tipo, típico dele.

Jeon mandou-me sentar no sofá e disse pra que eu esperasse. Voltou em seguida, se jogando sobre mim, colocando uma perna de cada lado e pegando meu pescoço em suas mãos.

— Jimin, você vai me deixar? Na primeira oportunidade, você vai escapar?

O que diabos havia dado nele? Aquilo era uma despedida? Eu adoraria.

E então eu disse o que Jungkook mais gostaria de ouvir.

— Você... você vai me deixar?

Ele sorriu, deitando a cabeça entre o vão do meu pescoço, ainda me prendendo entre si.

— Oh... é claro que não, boneca.

— Você me chamou só pra isso?

— Não, eu quero que faça algo pra mim — Riu, se levantando. — Me encontre na cozinha.

[...]

— Ande, preciso que termine de preparar – Apontou pra Panela – Infelizmente uma de minhas Empregadas desmaiou, tola — revirou os olhos — Quero que termine de preparar nosso jantar, meu bem.

Franzi o cenho duvidoso e inspirei, soltando e me preparando pra mexer o que tinha naquela panela. Eu não era lá a melhor pessoa na cozinha, mas ainda sim sabia me virar, entretanto, naquele momento, o que me deixava puto, era Jungkook sempre me usar pra suas vontades, aquilo era uma tormenta. Me aproximei da panela com uma concha  em mãos, e ao olhar pra dentro da panela, senti meu estômago embrulhar e minha pressão cair.

Jungkook era realmente muito nojento

Senti as lágrimas descerem pelo meu rosto olhando horrorizado aquela cena.

Sua empregada não havia desmaiado coisa nenhuma. ela estava ali, sua cabeça na panela, pronta pra ser servida.

— J-jeon?

— Sim?

Ele virou com um sorriso, os fios de seu cabelo caindo contra seu rosto, o deixando ironicamente inocente. Totalmente irônico, sim?

— Por que fez isso? Eu..eu não vou fazer esta merda.

Seu maxilar travou e recuei, reanalisado todas minhas palavras, merda, e o plano de calcular tudo antes de joga-las no ar?

Ele me prendeu entre a bancada, segurando meu pulso, o erguendo e metendo seu nariz próximo ao meu rosto.

— Olha aqui, seu infeliz. Se eu te disser pra mexer a porra da cabeça dentro da panela, você vai fazer, entendido?

Engoli em seco, não conseguindo desviar meu olhar do seu. Meu corpo tremeu, me senti arrepiar, me senti...oh.

— Você gosta disto, não é?

Ergui meu olhar, rindo em sua direção.

— Por que está rindo?

Seu braço, ainda erguendo o meu, levou minha mão rapidamente pra dentro da panela fervente, e soltei um grito de dor.

— Eu prefiro ouvir seus gritos, por mais que sua risada doentia me excite.

Me debati na tentativa de soltar minha mão, os segundos pareceram horas, tudo pareceu desmoronar ao meu redor. Eu era tolo por resolver brincar com aquele maldito.

Agonizei, preso entre seu corpo, sentindo as gotículas de água se formarem entre os cantos dos meus olhos. Entreabri os lábios na tentativa de pedir pra que parasse, mas nada saia.

E então ele retirou, e involuntariamente a minha mão esquerda, esta, que não estava ardendo em dor, foi de encontro com seu rosto, dando um grande tapa.

Abri minha boca, assustado com meu próprio ato, temeroso com o que aconteceria. Eu não controlava meus impulsos, não controlava o que eu sempre planejava, era como se alguém lutasse dentro de mim, era como se algo fosse totalmente oposto às minhas escolhas.

— Jeon...

Ele riu, balançando negativamente a cabeça enquanto levantava minha mão ardente. Ele levou lentamente-a ao seus lábios e depositou pequenos selares, olhando fixamente pra mim.

Era essa a maneira de torturar-me?

E então me sentou sobre o balcão enquanto remexia em algum armário, pegando um kit de primeiros socorros, o que era irônico já que Jeon não precisava daquilo pra salvar alguém, pelo contrário, ele deixava as pessoas na beira da morte. Sentindo a dor latejante da minha mão, segurei o choro e balancei minhas pernas lentamente na tentativa de não focar naquela dor. Jeon se enfiou entre minhas pernas e levou minha mão até uma bacia d'água, recuei um grito. Em seguida, retirou-a e passou algodão com álcool, logo após, um tipo de gel, enrolou-a uma gase e concluiu então, com outro selar.

— Não se preocupe, não foi uma queimadura tão grande assim, já carbonizei corpos...Ah, não me olhe assim, como se eu fosse um monstro, eu te garanto que eu não sou o único.

E então me deu as costas, se retirando da cozinha e me deixando sozinho, refletindo sobre suas palavras.

Jungkook poderia não ser o único monstro neste enorme mundo, mas ele era com toda a certeza, o pior de todos.

E enquanto permanecia submerso em meus pensamentos, a cabeça mergulhada na água da panela boiava como a sanidade de Jungkook.

Human Doll / Ji.KookOnde histórias criam vida. Descubra agora