Capítulo 5 Legião

115 10 0
                                    

Enquanto a noite caia lentamente, sobre o topo de uma alta torre de telefonia, dois vultos alados, ambos de olhares atentos pareciam vigiar minuciosamente o centro iluminado daquela pequena cidade a procura de algo.

— Sentiu isso? — Perguntou o homem de rosto cinzento, no momento em que um vento forte soprou seus cabelos prateados que eram crespos e bagunçados, o jovem de aspecto insensível tinha o corpo esbelto coberto por longas vestes negras.

— É Gabriel! — Respondeu o outro que trajava vestes semelhantes das de seu companheiro. Era um homem de pele escura e grande estatura, de musculatura extravagante e aparência peculiar, o qual tinha a cabeça e seu rosto totalmente livres de pelos. Seu semblante era destacado por uma marca ao redor do olho esquerdo, algo que lembrava um sol, donde havia em seu núcleo um pentagrama.

— O que ele faz aqui? Devemos ir ver o que está acontecendo? — Perguntou o que aparentava ser mais jovem ao saltar de pé, pois estava de cócoras naquele momento. E abrindo suas enormes asas deu a impressão de que levantaria voou, mas, fora impedido.

— Tenha calma, Tamiel — disse o outro, repousando suas mãos poderosas sobre os ombros do companheiro. — Devemos ir falar com ele antes de tomarmos qualquer decisão. Tivemos sorte em sermos libertados, não vamos nos precipitar, qualquer erro que cometermos pode ser o suficiente para nós enviarem de volta para aquela maldita prisão.

— Não diga uma coisa dessas, Akibeel — chiou Tamiel, e fitando o companheiro nos olhos recolheu suas asas e assentou-se. — Eu não suportaria! — sussurrou.

Mas, antes que os dois seres alados pudessem tomar qualquer decisão, centenas de enormes asas foram avistadas por eles no horizonte. Vindo do outro canto da cidade, batiam a toda velocidade cortando o ar enquanto aproximavam-se rapidamente da torre.

E em questão de segundos exatamente cento e noventa anjos pairavam ao redor de onde Tamiel e Akibeel se encontravam. Estes vestiam por sobre suas túnicas escuras, armaduras negras que protegiam lhes a maior parte de seus corpos vigorosos, estas em sua maior parte eram adornadas por inúmeras pedras preciosas. Em suas mãos alguns empunhavam espadas flamejantes que também eram muito bem decoradas com joias belíssimas. Uns portavam escudos e longas lanças cujas suas pontas relampeavam como se uma forte corrente elétrica fluísse por ambas.

À frente do esquadrão alado, sobressaia-se uma figura de pele pálida e longos cabelos dourados que ao aproximar-se de Tamiel lançou lhe um olhar esverdeado e penetrante.

— Arcanjos? — Perguntou o anjo de cílios alongados e pálpebras escurecidas por tintura.

— Sim, meu senhor! — Respondeu Tamiel, que tentava não demonstrar, mas, que de certa maneira parecia temer aquele ser.

— É Gabriel, senhor! — disse Akibeel, ao reverenciar-se perante a figura sombria que parecia silvar a cada respiração.

— E Aziel?

— Também o pudemos sentir, senhor! — Respondeu Akibeel —  assim como a de Gabriel, sua essência viera daquele lado  — apontou —  fora por pouco tempo, logo se ocultou novamente. É como... É como se tivesse deixado de existir.

— Maldito seja, Aziel! - Gritou o Anjo, e de seus olhos parecia que relâmpagos eram lançados.

— Quais são suas ordens, senhor? — Perguntou Tamiel, e estendendo suas asas as bateu, e pairando acima dos demais ansiava pela autorização de seu superior para o início de uma caçada.

Certa atitude de Tamiel deixou os outros Anjos eufóricos, e juntos clamavam ao seu líder para que os deixassem caçar Gabriel, já que um Arcanjo sozinho não seria páreo para a legião de anjos em que se encontravam.
E assim continuaram clamar em voz alta pelo nome Samyaza, pois assim se chamava o seu líder.

— Eu temo que no momento não será possível a realização dessa tarefa — disse Samyaza, após pedir que seus seguidores permanecessem em silêncio por um momento — Lúcifer quer a descendente de Caim — continuou — sabemos que Aziel a encontrou, por mais que me agrade a morte de Gabriel, devemos priorizar a vontade de nosso Rei.

— Mas, meu senhor! — clamou uma voz dentre os demais Anjos — devemos aproveitar o momento e matar Gabriel, pois Miguel está longe. Talvez não tenhamos outra oportunidade dessas por milênios — disse o Anjo, e esse não tinha a cabeça protegida por um elmo, ao invés disse ostentava seus longos cabelos negros presos no topo da cabeça, e esse em formato de trança era todo enfeitado por diamantes pregados a finos fios de ouro, aquele anjo era um dos mais belos entre todos e atendia pelo nome Arazyal.

— Meu querido Arazyal — disse Samyaza, sorrindo com satisfação — a hora de Gabriel está próxima, ele virá até nós. E não se preocupe com Miguel... Lúcifer não cometerá erros dessa vez. O cão de guarda do papai não é capaz de imaginar o que o aguarda.

Ao dizer essas palavras, Samyaza bateu suas asas e seguiu noite a dentro pairando pelos céus rumo ao local onde a essência angelical de Aziel fora sentida pela última vez, e todos sem mais questionamentos o seguiram.

Não esqueça de deixar o seu voto e um comentário com sua opinião sobre o capítulo. Grande abraço e fique com Deus!




Um Anjo em mim Onde histórias criam vida. Descubra agora