O vermelho, cor que sempre amei, ficou menos interessante quando apareceu pela primeira vez na minha conta bancária. Era um tempo duro, não só financeiramente, pelos idos de 2011. O Alzheimer e o Parkinson avançavam galopantes sobre minha avó materna e o que me restava de salário a cada mês passou a ser direcionado para os cuidados dela. Deixando um dos cuidados que eu mais gostava de ter comigo de lado: fazer as unhas.
Não sobrava mais o suficiente para manter a cutícula bem aparada e o esmalte em ordem toda semana na manicure. Decidi arriscar. Comprei um kit com alicate e outros apetrechos e virei a minha manicure.
Foram muitos "bifes" tirados nas primeiras tentativas. Mas otreino me levou em frente. Reaprendi, já adulta, minha capacidade de fazer coisas muito distantes do meu dia a dia. Capacidade humana e, tantas vezes, guardada em uma gaveta bem trancada. A minha se abriu. Me esforço para que permaneça assim.
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Pequenas histórias dos dias
Non-FictionDia de alegria. Dia de gratidão. Dia de raiva. Dia de saudade. Dia de tristeza. Pequenas e reais histórias sobre dias.