4 de julho de 2019: Felicidade não é perfeição

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Os 7 ou 8 anos parecem ter sido um tempo em que muito do mundo se revelou para mim. Ao menos é o que me conta a memória. Por volta dessa época, lembro de ter lido meu primeiro livro por conta própria. Marcelo, Marmelo, Martelo, da Ruth Rocha, da primeira à última página. Finalmente, eu alcançava frases por conta própria. Foi o máximo!

Também por volta dos 7 ou 8 anos, em uma das muitas viagens de férias em família para Poços de Caldas, vi um boneco. Ou uma boneca. Ainda não sei ao certo que nome dar a ele ou ela. Um pierrô? Uma colombina? Estava na vitrine e despertou meu desejo. Não só o olhar consumista de criança que quer tudo. Olhei para aquele objeto como algo que ia muito além de um brinquedo. Era um brinquedo que eu queria guardar, deixar na prateleira, manter longe da minha irmã e das minhas amigas. Algo para admirar.

A recordação diz que a compra não aconteceu nomesmo instante. Talvez tenha havido algum processo de convencimento. "Mãe, pai,eu vou cuidar dele (ou dela). Não vou deixar que o rosto e as mãos de porcelanase quebrem". Foi mais ou menos assim que se deu. 

Cuidei do pierrô/colombina poranos, em uma prateleira que ficava em cima da cama. Na mudança para minha casade adulta, sozinha, foi o único objeto da infância que me acompanhou. Já com opé quebrado e a roupa um tanto suja. 

Hoje, pousa sobre uma prateleira da estantede livros. Onde Marcelo, Marcelo, Martelo já não está mais. Partiu paraa primeira leitura do meu afilhado, em seu primeiro ano da escola, aos 7. Terá chegadoa hora de o boneco/boneca partir para outros 7 ou 8 anos de vida? Ainda nãosei. Mas tenho certeza: tive uma infância feliz. Longe de perfeita. Feliz.

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