Era sufocante.
Ver a forma como Katsuki se afastava novamente de mim foi extremamente sufocante, presenciar ele correr para longe e não conseguir nem ao menos olhar em meu rosto foi como atravessar facas em meu coração. Eu sentia como a linha se apertava em minha volta como punição, como ela parecia me sufocar a ponto de me fazer sentir mais perto da morte a cada dia que se passava e eu era obrigado a ver o loiro fugir de mim como se eu fosse uma doença contagiosa ambulante; se antes eu sentia a linha apenas na presença do loiro, agora eu poderia sentir ela a todo momento me envolvendo de forma asfixiante.
Nunca amaldiçoei tanto alguém como amaldiçoei Katsuki pela sua imprudência e zero noção de consequência ao dar um passo tão grande como aquele sem estar preparado ou disposto a levar isso adiante.
Eu sabia o motivo pelo qual a linha me atormentava a cada segundo que se passava agora, o do porquê eu não precisava mais estar perto dele para sentir ela me apertar; era porque eu tinha experimentado o outro lado dela, eu tinha experimentado como era ter meus sentimentos correspondidos de uma forma que me fizesse ter certeza que o loiro sentia o mesmo por mim além da linha que nos conectava.
Eu havia sentido o gosto dos seus lábios, a maciez da sua pele, o sedoso que era seus fios, — merda — eu havia sentido seu corpo com o meu, eu tinha total consciência agora da forma como ele reagia a mim e como ele queria aquilo tanto quanto eu queria; eu tinha experimentado como era ter sua pele contra a minha, como era a sensação do seu toque em meu corpo, a forma como seus lábios macios deslizavam pelo meu pescoço e como o sabor da sua boca era embriagante; mesmo que pouco, eu o tive da maneira que tanto precisava naquela noite.
Claro que meus sentimentos por ele não era algo apenas físico, eles eram bem mais profundos e intensos que isso, mas o sentimento de amá-lo tão profundamente era algo que eu já vinha lidando bem antes de saber como eu poderia transmitir isso com o corpo ou de existir toda essa atmosfera de desejo entre a gente; de alguma forma, eu sabia que o amava bem antes de entender o que era amor de verdade, eu o amava dês do dia que o encontrei pela primeira vez no parquinho do nosso bairro, amava-o dês da nossa infância onde reconheço que esse amor que eu sentia antes era bem mais puro ao ser comparado com o intenso amor que tenho por ele agora, mas ainda assim, eu amava ele desde que me conhecia por gente.
Eu amava ele a tanto tempo que, quando enfim a puberdade fez seu trabalho e pensamentos e desejos profundos começaram a surgir em relação ao corpo do loiro, quando o desejo em tê-lo me acariciando e beijando tomou conta da minha mente eu me senti perdido e até relutei em aceitar isso. Eu relutei em acreditar que eu pudesse estar tendo esse tipo de desejo logo por ele, fantasiando com coisas que me fazia temer que o loiro descobrisse e o fizesse se afastar ainda mais de mim.
Por isso, quando pela primeira vez a gente se perdeu no contato dos nossos corpos e aquela bola entorpecedora apareceu nos prendendo em um mundo só nosso, quando eu senti seus dedos me segurarem por mais tempo do que devia e seu corpo se aproximar mais do que o de costume me fazendo desejar que o espaço entre nossas bocas fosse inexistente, eu me assustei; quando a linha se fez presente pela primeira vez para nós, mostrando como eu não era o único a desejar e amar o loiro de forma tão intensa, eu me assustei de uma forma que nada até hoje foi capaz de superar.
Então, mesmo que de primeira eu não tivesse aceitado ao todo a forma como compreendia o amor que eu tinha por ele, eu estava mais do que acostumado a amá-lo; estava acostumado com o sentimento puro de amar, mas não acostumado com o desejo que esse amor trazia junto para tentar controlá-lo de alguma forma quando ele ficava tá perto de mim, me fazendo ansiar pelo seu toque com um desespero quase entorpecedor.
Teve um tempo em que eu detestei o fato de crescer, de estar me tornando adulto e criar certos tipos de necessidade em meu corpo, de começar a reparar no corpo alheio com um desejo e luxúria que me assustava de início; eu odiei a necessidade que tomou minha mente e coração, a necessidade de senti-lo me corresponder, de me tocar de forma que controlasse o fogo que queimava minha pele e saciasse minhas fantasias; eu odiei a necessidade que a puberdade me trouxe de querer que ele me mostrasse de alguma forma como ele também tinha esse desejo quase enlouquecedor em seu corpo, como ele também me queria dessa forma mais íntima.
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A Linha (KatsuDeku - BakuDeku)
FanfictionSempre existiu uma linha. Uma linha que significava nossos sentimentos, que estava ali lembrando o que queríamos ter, mas não tínhamos, que por algum motivo nos impedia de ter a relação que queríamos. Até o dia que ultrapassamos ela. Ps: História po...