CAPÍTULO QUATRO

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A semana se passou tão rápida quanto um raio. Na realidade, esse fenômeno físico teria sido bem mais lento em comparação com as horas desses dias. Em contrapartida, fiquei em casa para me recuperar em todos eles. E tive a oportunidade de descobrir que o tédio poderia me matar mais rápido do que uma concussão.

Greg e Alita vieram me visitar no mesmo dia em que tive alta do hospital. Trouxeram flores e um urso de pelúcia bem fofo. Infelizmente, tive que jogar ambos fora assim que meus amigos foram embora, dizendo para mim mesma, enquanto enfiava o ramalhete de margaridas lixeira abaixo, que eles apenas esqueceram-se da minha alergia a pólen e a lã.

Voltei para escola na semana seguinte. Era segunda feira e o sol estava brilhando sobre aquele pátio em que eu estive correndo desesperada na semana passada. Atravessei o corredor e segui direto para a área de esportes no fundo do prédio. E como previ, alguns rapazes do time estavam se alongando no campo, pertos das arquibancadas. Todos eles pararam assim que me viram e ficaram em total silêncio, literalmente.

-Bom dia, rapazes. Um dia lindo, não acham? – Falei quando parei em frente a eles.

Anthony estava sentado sobre um banquinho de plástico, detrás dos outros caras. Tinha um sorriso leve em seu rosto, enquanto mexia no celular.

-Ah... Você quer alguma coisa, Julie? – Perguntou Victor.

Sorri.

-Ah, eu quero algo sim. Mas disse para uma pessoa que não ia fazer isso acontecer. – Notei que Anthony fechou os olhos e balançou a cabeça.

-Então? O que veio fazer aqui? – Perguntou Victor.

-Que bom que você perguntou, Victor. Eu vim simplesmente avisar que da próxima vez que vocês resolverem brincar comigo, não vou ser tão tolerante quanto fui dessa vez.

-E tem provas que foi a gente? – Perguntou David, sorrido com escárnio.

Sorri para ele também, tentando encobrir a mentira que eu tinha planejado com frieza.

Aqueles caras eram cobras da pior espécie. Se um pingo de medo sequer fosse demonstrado, eles cairiam matando sobre a pessoa em questão. Com exceção de Anthony, eu acho.

-Acha que eu estaria aqui se não tivesse? – E o sorriso dele desapareceu no mesmo instante. – E não e só isso. Eu trabalho no jornal do colégio, David. E sabe por qual motivo? Porque sou uma ótima observadora. Eu escutei e presenciei histórias de quase todo mundo dessa escola e tenho provas de cada uma delas. Então da próxima vez que vocês tentarem me ferrar de qualquer forma que seja, tenham em mente que eu posso ferrar com vocês de volta. – Olhei firmemente para Anthony. - E não vai ter campeonato ou uma atitude boa que me faça considerar o contrário.

-Isso é uma ameaça, Maddison?

-É um aviso, David.

Então dei as costas a eles, fingindo despreocupação, e fui em direção do prédio em passos lentos e bem estratégicos, mas implorando para que minhas pernas não bambeassem com todo aquele medo que estava sentindo.

Era óbvio que não tinha historia alguma sobre alguém. Talvez alguns casos, mas nada que tivesse provas e evidências para confirmar. No entanto eu precisava de algo, qualquer coisa que não me mostrasse como a garota fraca e inteligente que era suscetível a brincadeiras de trote. Pelo menos agora, eles iam pensar um pouco antes de aprontar comigo.

-Você é completamente louca, anjo. – Gritou alguém atrás de mim, me fazendo parar para encará-lo.

-Não estou com paciência agora, Anthony. – Respondi e cruzei meus braços.

MADDISONOnde histórias criam vida. Descubra agora