CAPÍTULO DOIS

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Depois daquele dia não consegui impedir que a paranoia tomasse conta só meu cérebro. A semana se passou em uma lentidão tão dolorosa que eu me vi implorando para as horas passarem mais rápidos.

Resolvi seguir ao pé da letra as palavras de aviso que Anthony me disse. Fui cuidadosa ao decorrer da semana de uma forma excepcional, andando sempre acompanhada, nunca ficando sozinha, até parei de deixar meu carro no fundo da escola e passei a colocá-lo no estacionamento em frente ao prédio, um lugar amplamente aberto e visível.

Mas, para meu total terror, o sábado havia chegado. E como membro líder do grupo do jornal da escola, eu deveria comparecer ao prédio no decorrer da tarde para organizar os artigos e enviar o documento para a papelaria. Já havia feito aquilo tantas vezes que nem conseguia mais contar, no entanto, a ideia de ficar ali até a noite, principalmente com uma ameaça no ar prometida para mim, parecia aterrorizante.

Contudo, parte minha se mostrava com uma certeza cética. Se aqueles idiotas queriam me pegar, por qual motivo não fizeram ainda? Certo que eu havia tomado bastante cuidado nos últimos dias, cuidado ate demais, mas se eles realmente quisessem, eu já estaria envergonhada em um canto por alguma brincadeira. Será que Anthony estava errado? Será que toda aquela paranoia era sem razão?

De qualquer jeito, era final de semana. Grande parte da equipe já tinha terminado ali e como sempre, eu e Gregor estávamos sozinhos dando os últimos toques no jornal.

-Notei que escreveu alguns parágrafos sobre o esforço bravo nos treinos que o time esta fazendo para recuperarem no próximo jogo.

Ele olhou para mim com uma sobrancelha arqueada.

-O quê? Não posso mais escrever sobre isso?

-Claro que pode. Só está meio contraditório com o artigo que você escreveu na semana passada. – Respondeu ele, desligando seu computador.

Mordi meu lábio inferior antes de responder.

-Meio que peguei pesado demais com eles, queria apenas motiva-los dessa vez.

-Só isso? Não tem nada haver com o fato de que você passou a semana toda evitando eles.

Olhei para o nerd na minha frente com uma impaciência notável. Pela forma como ele estava arrumado, soube exatamente para onde ele iria assim quando terminasse ali. Para os braços de uma garota fria e sem graça que provavelmente só estava com ele apenas para passar em uma matéria na escola, não que eu fosse dizer aquilo para o meu amigo. Mesmo ele me ignorando sempre que ela estava por perto, ainda não seria tão má.

-Não, Gregor. Ou talvez sim. Sei lá. Tenho coisas mais importantes para resolver do que pensar nisso.

-Você quer que eu feche o sistema hoje?

Levantando lentamente da cadeira dura, me espreguicei ao mesmo tempo em que bocejava. Meus olhos pareciam latejar por debaixo dos óculos e tudo que eu mais queria era descansa-los um pouco. Era exatamente isso que iria fazer quando chegasse em casa. Um encontro bom e confortável com a minha cama.

-Não vai te atrapalhar em nada? – Perguntei.

-Claro que vai. Mas posso fazer isso por você.

Sorri carinhosamente e peguei minha bolsa.

-Voce e um anjo, Greg. Um anjinho lindo.

Ele revirou os olhos, já sabendo que aquele elogio era simplesmente por causa do favor que estava fazendo para mim. E de um segundo para o outro, eu estava saindo da escola, despreocupada, em direção ao meu confortável HB20. Era uma noite agradável. A rua, mesmo estando pura, estava toda iluminada com piscas-piscas coloridos que contornavam imagens do Papai Noel, de sinos e renas. Bem na esquina, eu podia ver o letreiro grande desejando boas festas para todos.

MADDISONOnde histórias criam vida. Descubra agora