Então era quinta feira e a cidade parecia estar se acabando em água, trovões e relâmpagos.
Choveu tanto, mais tanto que até as aulas foram interrompidas. Claro, que a queda de três grandes raios bem no pátio do colégio contribui bastante para o desespero da maioria dos professores supersticiosos que trabalhava no prédio, que se negaram a continuar com as metodologias estudantis do dia. Só foi uma pena que esse mesmo medo deles pelas cargas elétricas não afetou em quase nada em suas vontades de passar atividades para casa.
Todo aquele barulho vindo do céu não me incomodava nem um pouco. Na realidade, achava tempestades tão encantadoras e fascinantes que podia passar horas encarando por uma janela. Para mim, não existia fenômeno mais lindo e intrigante. Mas se tornavam um problema chato quando impediam garotas como eu de irem para casa, mesmo estando sem aula.
No entanto, diferentes de todos os alunos que se abrigaram no refeitório para colocarem em dia as suas conversas e fofocas, eu fiquei sentada perto da entrada da escola, esperando a primeira estiagem para dar o fora dali. O que torcia para que não demorasse muito, afinal, a chuva já estava mais fina. E isso seria um sinal, não?
Uma série de vozes tirara minha atenção da tormenta lá fora. Umas cinco garotas conversavam e flertavam com alguns meninos no corredor, três deles jogadores. Elas pararam na esquina simplesmente para se apoiarem na parede e apertarem seus bustos, numa tentativa óbvia de mostrarem os seios. Riam tanto de alguma coisa que chegava a ser patético. E pelo amor das pessoas quietas! Eram tão estridentes, previsíveis e escandalosas que me faziam ter vontade de revirar os olhos até esses se perderem no interior da minha cabeça.
Contudo, por mais que aquele show fosse totalmente dissimulado e desinteressante, eu não conseguia desviar o meu olhar daquele conjunto de harpias e idiotas. Não porque estava interessada nos hormônios saltitantes daquelas pessoas barulhentas, ou porque não tinha nada para fazer. Simplesmente, não conseguia desviar os olhos de Anthony e da ruiva que estava quase tirando a roupa ao seu lado. Pude ver quando ele se inclinou um pouco e sussurrou sorrindo algo no ouvido dela que a fez rir como uma gaivota no cio.
-Patético. – Sussurrei para ninguém além de mim mesma. Ou era o que eu pensava.
-Quem é patético? – Perguntou Alita, aparecendo do nada e se sentando no banco ao meu lado.
-Ninguém. – Apresse-me a dizer.
Meus olhos se voltaram para a chuva que tentava se acalmar lá fora, era, na verdade, uma tentativa obvia de desviar a atenção de Alita para aquilo que eu tanto observava. Pena que ela não era tão insensata.
-Não minta para mim, pequena Julie. Nos duas sabemos que eu vou descobrir uma hora ou outra, então é melhor falar logo.
Revirei os olhos e voltei a encará-la. Mas ela estava certa. Não existia detetive no mundo melhor que a minha amiga. Aposto que Sherlock Holmes teria inveja dela.
-Não é nada demais. Apenas estava olhando para aquele pessoal no fim do corredor.
Alita virou a cabeça para o lado, observando com bastante atenção o grupo eufórico. De repente, a luz acabou. As harpias soltaram um grito alto demais e todas trataram de agarrar o homem mais próximo, menos a ruiva, que praticamente pulou no colo de Anthony como se o chão tivesse encoberto de insetos nojentos.
-Patético. – Falei novamente. Meus olhar frio estava sobre o jogador do time da escola que se afastava um pouco dos outros para colocar a garota que fingia ser princesa sobre o banco ali perto.
Provavelmente, o alvo da minha visão deveria estar bem notável, porque minha amiga encarou firmemente o casal que eu olhava, então me olhou, depois Anthony novamente, depois a mim mais uma vez. Seus olhos agora estavam arregalados.
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MADDISON
RomanceJulie Maddison era uma boa garota! Não só pelo fato de sempre ter se saído bem nas matérias escolares, ou pelo motivo de que era gentil com qualquer um que encontrasse, ou porque era um amiga verdadeira e atenciosa para muitas pessoas que, na maiori...