30 dias de escrita

Uma descoberta infantil

Não me lembro ao certo a minha idade, mas acho que tinha mais que 10 anos. Eram inúmeras as brincadeiras infantis, e nós brincávamos todos os dias possíveis. Sempre que enjoávamos de uma, partíamos pra outra até que nossa energia chegasse a um valor inferior a zero e entrássemos para nossas casas só para tomar água, e era assim que minha mãe me pegava e me obrigava a ir tomar banho. Fim das brincadeiras. Com isso, eu descobri que não podia sentir mais sede ou que devia beber água na casa dos meus amigos.

Lembro quando fiquei maravilhado com uma brincadeira que eu tenho certeza que EU criei e assim passei a ideia para a mente de outras crianças de todo o mundo através do sopro da deusa. A brincadeira consistia em pegar uma sacola de plástico fina, pegar um boneco e enganchar seus braços nas asas da sacola. Feito isso, era só segurar a sacola e jogar ela pra cima. Quando o boneco caia, a sacola abria e então tínhamos soldados pousando em seus objetivos e campos de batalhas perigosos. Eu olhava maravilhado para aquela cena. Com isso, eu descobri que deveria parar com essa brincadeira, pois o risco de perder um boneco para um matagal ou um telhado de vizinho inimigo era bastante alto.

Um tempo depois, minha mãe me presenteou com um tão desejado PlayStation 2. Uau. Agora eu podia jogar o quanto eu quisesse e quando eu quisesse (Mas não era bem assim na verdade...) e eu não precisava gastar mais dinheiro. Eu e meus amigos jogávamos boa parte do tempo, mas brincávamos também na vida real. Os dois eram meios eram muito divertidos. Foi uma diversão que durou três meses, mas que valeu muito a pena. Com isso, eu descobri que não deveria deixar minha mãe comprar eletrônicos em lojas pequenas.

Jogávamos futebol toda noite, ou toda tarde. Só precisávamos ter uma bola e a diversão estava garantida. Nesse tempo, eu já tinha comprado meu Xbox 360. Era o que eu mais gostava de fazer, e ver aquelas histórias sendo contadas de formas mágicas me fez querer fazer o mesmo. Mas as brincadeiras estavam acabando. Ou meus amigos não queriam, ou eu estava entusiasmado demais com um jogo para parar de jogar. Então aqueles convites feitos diariamente a mim e a meu irmão para brincar, foram diminuindo. E diminuindo e diminuindo, até que chegou um dia que ninguém mais saiu pra brincar. Com isso, eu descobri que minha infância tinha acabado e eu sequer lembro sobre a última vez que brincamos.