Bem-vindo a Índia

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— Senhor White, seu acento é o 5K. O embarque iniciará às 21 horas no portão 18. Enquanto isso, o senhor pode esperar em um dos nossos Lounges sinalizados após a segurança. Agradecemos por escolher a nossa companhia e desejamos uma boa viagem – dizia a atendente da companhia aérea, enquanto entregava a passagem e devolvia o passaporte para Ethan. O homem ainda não acreditava no que estava prestes a fazer: estava indo para a Índia por legítima vontade. Para a Índia. Ainda se perguntava como se deixou convencer a ficar em um avião comercial por nove horas para ir até o outro lado do mundo, para um país como aquele. Não havia quaisquer explicações plausíveis.

— Eu estou vendo em seus olhos que você vai começar a reclamar – cantarolou Raj assim que Ethan deixou o local de despachar malas e começou a caminhar na direção dos amigos. Raj e Ethan se conheciam desde que ambos tinham 10 anos e por esse motivo, o primeiro conhece melhor do que ninguém o humor facilmente irritável do melhor amigo. E ele, como na maioria das vezes, estava correto. Uma reclamação muito boa estava sendo construída na mente agitada de Ethan.

— Só quero saber como você me convenceu a te acompanhar nessa viagem insana – Ethan apenas balançava a cabeça, enquanto caminhavam na direção da segurança do aeroporto. Só de pensar que ficariam nove horas dentro de um avião, ele cogitava desistir. Raj precisaria relembrá-lo com motivos muito bons, para não impedi-lo de retornar o seu caminho para sua mansão em Kensington, ao oeste de Londres.

— Posso repetir se quiser. É o casamento do Kabir, seu pai pediu, na verdade ele ordenou, que você verificasse a situação da companhia em Mumbai e seu melhor amigo aqui vai conhecer a futura noiva. São, ou não são, motivos suficientes para uma visitinha rápida a Índia? – Raj dizia, sem parar nem mesmo durante a inspeção dos policiais. Ele sabia que o amigo não fazia o estilo aventureiro e não seria muito fácil se adaptar á Índia, local que costuma chocar turistas como Ethan, acostumados aos mais caros hotéis de Paris e Nova York.

— Começou ele de novo com essa história bizarra de casamento – disse Maya, irmã de Raj, pela primeira vez desde que entraram no salão de embarque. Ethan quase acreditou que a mulher iria conseguir manter seu voto de silêncio prometido em protesto contra a viagem para a Índia, algo que ela se negou a fazer desde o começo. Depois de ser pressionada, até mais do que Ethan, ela acabou cedendo, mas seu orgulho era mais forte e ela faria o irmão se lembrar de que estava embarcando forçada. Bem, o que importa é que ela não conseguiu se manter calada por muito tempo.

— Pela primeira vez, preciso concordar com a Maya! Raj, isso é loucura! Você já viu essa mulher alguma vez na sua vida? - Ethan o interrogou, enquanto entregavam a passagem para o gerente do Lounge Vip. Raj apenas sorriu aceitando uma taça de champanhe. Ele não tinha uma boa resposta para a indagação do amigo, para ele era apenas certo. Era fato que ele não conhecia sua futura noiva, nem ao menos se recordava do nome dela, mas ele sentia que era certo, principalmente pelas coisas que ganharia com esse acordo e não faria nenhum esforço para isso.

— Lembra do que seu pai disse sobre sermos pessoas maduras e centradas? – Raj perguntou após descobrir um jeito que poderia, pelo menos, fazer Ethan compreender o seu pensamento. O amigo apenas o olhou de canto de olho entre os goles de champanhe. — O que é mais maduro do que ter uma esposa, uma casa e cinco filhos? Acho que você também deveria pedir para a minha mãe te arranjar uma esposa.

— Não, muito obrigado. Não estou querendo comprar uma esposa – Ethan disse depois de suspirar, era muito irreal estar ouvindo aquilo. Não compreendia como aquelas coisas podiam ser verdadeiras, como alguém pode se casar da mesma maneira que se faz compras, em pleno século XXI?

— Você falando dessa maneira parece uma coisa horrível. Mas, tudo bem, não reclamem depois, se eu virar o preferido do Tio George por ter sido o único a amadurecer! – dizia Raj como se tivessem 12 anos de novo e competissem pela atenção do pai de Ethan. Ás vezes, Ethan acreditava que ainda existia aquela competição infantil entre eles, sempre querendo que o pouco tempo livre de George fosse aproveitado com um deles. O pai de Ethan sempre fora como um pai para Raj e Maya.

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