Capítulo 3 - Nevio e Aurora

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NEVIO FALCONE

Desde que voltamos de Nova Iorque, Aurora e eu estávamos mais próximos. Não que não fossemos próximos, eu implicava com ela desde sempre e ela comigo. Chegamos a nos empurrar na piscina um monte de vezes, inclusive, foi assim que ela aprendeu o princípio básico da natação; depois meu tio Nino passou a ensinar ela a nadar, e hoje em dia ela ganha todas as corridas aquáticas de Alessio.

Aurora era uma tempestade. A garota ia pra todas as festas com a gente, arrastava a Bazzoli mais nova, e na hora que todo mundo queria ir pra casa e dormir por aproximadamente 12 horas ela fazia a gente parar no Burger King e pedia um lanche pra cada, batata e refrigerante. Ela treinava com a gente. Dançava com minha irmã. Aterrorizava meu pai. Cozinhava com a tia Kiara. Se ela estava em silêncio a gente sabia que ela estava aprontando.

Eu não sei dizer quando meus sentimentos por ela passaram a ser mais altos. Uma bela noite, eu lembro, ela estava dançando com um menino da escola dela e ele estava muito perto, ele colocava as mãos nela como se fosse propriedade dele, aquele dia foi o estopim. Além de me meter em uma briga desnecessária, eu apanhei em dobro: do moleque e da própria Aurora, que ficou uma semana sem olhar na minha cara. Depois a gente fez as pazes e seguimos como se nada tivesse acontecido. Naquela noite eu soube de uma coisa: eu queria ser o moleque.

O problema era um só: meu pai e tio Fabi eram como irmãos, o que significava que a gente era como primos. Eu vi ela nascer, literalmente, e crescer. A gente estava junto no primeiro porre dela. A primeira (e espero que última) vez que ela fumou maconha. No primeiro beijo dela ela me pediu conselhos. Quando começou a dirigir eu estava no banco do carona. Parando pra pensar, não tem um momento importante que eu não tenha estado com ela.

Inclusive, estávamos na piscina, meus pais e tios saíram pra resolver umas coisas na cidade vizinha e meus primos estavam nos seus respectivos quartos. Greta tinha saído com Carlotta. Eu estava de costas pra ela, que tentava equilibrar as pernas no alto apoiando as mãos no chão da pisicna. Os anos de ginástica artística fizeram bem pra ela, a força no abdômen que ela estava usando era impressionante. Depois de conseguir e se entediar ela nadou na minha direção, subindo nas minhas costas:

-Eu queria te pedir uma coisa, mas você tem que prometer que não vai rir de mim.
-Eu prometo.
-É sério, Nevio, jura de dedinho. - ela desceu das minhas costas e levantou o dedinho pra mim e entrelacei o meu no dela
-Eu juro de dedinho.
-Você sabe que minha mãe quer que eu aproveite a vida, faça coisas de adolescente e tudo mais. E, até certo ponto, eu aproveitei. Mas tem coisas que eu não fiz e queria fazer... - ela corou, pela primeira vez eu vi ela corar
-Princesa, vai direto ao ponto, e se você quiser pular de paraquedas não é comigo. Odeio altura.
-Não é isso. Eu estava pensando... em talvez, se você quiser, em a gente ser amigos com benefícios. - ela corou mais ainda e eu juro que não soube o que dizer
-Amigos com benéficos? - eu estava confuso
-Deixa pra lá. Foi uma ideia ruim. - ela quis sair nadando mas segurei seu braço com força nenhuma, só pra ela ficar
-Escuta, eu só estou tentando entender, conversa comigo Aurora. - ela olhou pra baixo por um tempo e fiz o que foi quase um golpe baixo, levantei seu queixo e fiz ela me encarar - Você é parte da família, e a gente não abaixa a cabeça.
-É que você, Alessio e se brincar até o Massimo já fizeram de tudo. Eu cresci com vocês, vi inúmeras garotas nessa casa. Eu não quero casar sendo uma virgem pro meu marido poder me ter como troféu. Céus... eu não quero nem casar pelos próximos dez anos. Eu tenho 18 anos e nunca fiz nada.
-Nada? - eu realmente estava curioso quanto aos benefícios que Aurora estava propondo
-Uma coisa ou outra. Mas sozinha. E não tem tanta graça.
-O que exatamente você está me pedindo?
-Exatamente nada. Mas queria descobrir algumas coisas e eu não confio em mais ninguém. - ela disse e brincou com a pulseira que usava desde sempre
-Aurora... - segurei sua cintura, aproximando-a de mim - Eu estou disposto ao que você estiver disposta. Eu não vou te forçar a fazer nada, e se você confia em mim pra isso, céus, eu aceito a possibilidade do seu pai me matar por encostar na filha dele.
-Tecnicamente, você encosta em mim todos os dias. - ela apoiou as mãos nos meus braços
-Isso significa que eu posso te beijar agora?
-E talvez até mais.

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