Ninguém sabe o que sentia
Sempre pensando estar quebrado
Esforçando-me para não entediar
Vivendo cada passo com cuidadoEra quase inevitável
O esforço para estar aqui
Tentando sempre algo
Pra fazer alguém sorrirSei que aparento ser vazio
Talvez melancólico e desajeitado
Mas só queria pertencer a alguém
Pertencer a alguém e ser amadoSempre tentei meu melhor
Pra fazer parte do mundo
Cada vez me sentindo mais só
Cada dia me sentindo mais imundoImplorando por olhares
Vivendo em segundo plano
Colecionando vários pesares
Todo dia, um novo enganoFoi assim que ergui inseguranças
Alimentei-me de medo
Infernizando minha criança
Aprisionando-a em segredoO que seria existir?
Estar aqui
Viver um show de imitações
Encenando emoçõesMassacrando meu próprio corpo
Perfurando minha própria carne
Segurando a respiração afoito
Questionando este encarneNão há espaço, não há lugar
Esmaguei-me entre frestas
E a vida hoje em dia
Mais parece uma tediosa festaEm preto, branco e nada mais.

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Febre de Verão
PoetryA poetização de delírios criativos que um verão escaldante pode trazer, através da contemplação da natureza, indignações sociais, sentimentos efervescentes e desejos incontroláveis. O que há de errado em perder um pouco da lucidez quando a realidad...