Foi sob o sol de janeiro, deitado em uma pedra a beira de um rio que concebi meus sonhos e desejos mais febris até então. O calor do astro rei banhava minha pele avermelhada, não sentia nada fisicamente, mas minha mente explodia de sentimentos e loucuras, eu tinha as combinações perfeitas para uma digna orquestra de inspiração: uma música antiga e melódica, calangos em sua pressa em sobreviver no sertão, pessoas tomando banho, borboletas pairando o leito do rio em uma curiosa dança de acasalamento bastante poética, uma em particular se destacava por suas incomuns asas lilás em meio a tantas amarelas. Seria aquela responsável por uma revolução ou só estava no grupo errado? É reflexivo da mesma forma, o bater de suas asas poderia causar uma destruição. Mas meu verão febril teve muito disso: Destruição e criação. Eu realmente me destruí até agora ou só estava delirando por causa do calor? Talvez tenha escolhido delirar por muito tempo porque a realidade era entediante, e qual a graça de pintar um quadro ou criar os mais confusos e cruéis sentimentos em forma de palavras, se estivesse lúcido? Dessa vez não quero me curar, que dure a febre o quanto quiser.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Febre de Verão
PuisiA poetização de delírios criativos que um verão escaldante pode trazer, através da contemplação da natureza, indignações sociais, sentimentos efervescentes e desejos incontroláveis. O que há de errado em perder um pouco da lucidez quando a realidad...