Capítulo 05

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— Não vejo graça alguma — disse Sasuke por entre os dentes.
— Você tem razão — concordou Sakura, contendo-se para não mais rir.

Com expressão séria, cruzou os dedos sobre o colo. Pelo canto dos olhos, percebeu que Sasuke começou a relaxar.

— Além do mais, isso durará apenas alguns meses. Então suas alterações emocionais pararão.
— Que alterações?

Ela não deveria continuar, mas alguma força invisível a forçava:

— Oh, você sabe, rompantes de choro, altos e baixos emocionais. Depois disso, há a dor nas costas, suas mãos e pés incham, você tem que ir ao banheiro a cada cinco minutos — Neste momento, ousou exagerar: — E então há o parto. Pelo que ouvi falar, não é somente um trabalho muito difícil, mas é...

Ela o fitou. Aquele tom esverdeado estava colorindo as faces dele novamente.

— O médico explicou bem que esses sintomas no homem são apenas questão de empatia — murmurou ele.
— Você acha isso?

A voz de Sasuke era um pouco rouca:

— Tenho certeza que passará dentro de poucos dias. E darei um jeito de você comer bolachas de água pela manhã quando se levantar. Ajudará a cortar a sensação de enjôo — arrematou ele.
— Sim, obrigada pela dica.

O resto da corrida foi em silêncio, cada um perdido nos próprios pensamentos. Sakura não conseguia entender por que Sasuke estava tendo aquele tipo de sintomas. Afinal, eles não tinham um casamento típico.
Por que ele sentia qualquer empatia, então? Depois que o bebe nascesse, eles se divorciariam.
Engraçado, mas tal pensamento a deixou com vontade de chorar.
Sasuke estava se transformando em mais do que ela esperara. Claro, ele insistira em muitas coisas, mas fora para o próprio bem dela.
Alguns dos conselhos dele eram sólidos. O bebê realmente precisava conhecer o pai, e a gravidez seria menos estressante se ela não precisasse preocupar-se com dinheiro.
Ela o olhou novamente de soslaio.
Ele era um homem bonito. Os cabelos negros. O peito era largo e musculoso e a barriga reta e firme.
Sakura alisou o próprio abdômen. Ainda estava chato, mas sabia que muito breve, começaria a arredondar-se. Então, o que ele pensaria dela? Ficaria desgostoso? Chegaria a desejar que ela nunca tivesse se mudado para o apartamento dele?
Ela meneou a cabeça para afastar tais idéias. O casamento deles era de conveniência, não do tipo "felizes para sempre". Por que se preocupava com o que ele pensava sobre sua aparência? Eles nunca tiveram qualquer espécie de relacionamento.
Sasuke nunca se apaixonaria por alguém que pulava de dentro de bolos em festas de despedida de solteiro.
Na verdade, ela não se importava nem um pouco por quem ele se apaixonaria.
Sasuke rolou na cama, estendendo a mão para o pacote de bolachas de água e sal que colocara sobre o criado-mudo. Parecia estar havendo uma revolução em seu estômago. Ele mastigou o biscoito vagarosamente. Com cuidado, atirou as pernas para o lado da cama e sentou-se nela por alguns minutos. Tudo bem, pode fazer isso.
Afinal, não era ele que estava grávido, portanto, não havia razão para sentir-se tão mal.

— Olá, você está acordado? — gritou Sakura do lado de fora da porta.
— Sim. Irei num momento — Ele já se sentia melhor. Indisposição matinal de gravidez... Nada disso. Sasuke poderia acabar com aquilo.
— Ótimo, eu fritei bacon. Como você gosta dos seus ovos? Moles ou duros?

Ele voou para o banheiro. Vinte minutos depois, Sasuke juntou-se a ela.

— Imagino que você não quer o café da manhã, ainda — murmurou ela em tom de empatia.
— Apenas café preto — disse ele, sentando-se e evitando se movimentar muito.
— Está indo — replicou ela, alegremente.

Apoiando os cotovelos sobre a mesa, ele descansou a cabeça nas mãos. Pelo menos, a sensação de enjôo se fora, por enquanto. Sakura estava errada quando disse que provavelmente aquilo duraria alguns dias. Duas semanas já haviam passado e ele ainda era acometido de indisposição matinal de gravidez.
E havia uma outra coisa. Por que chamavam os sintomas de indisposição matinal? A sensação de náusea aparecia a qualquer hora do dia. Sua secretária estava começando a lhe dar olhares estranhos.
Sasuke levantou a cabeça quando Sakura lhe serviu uma xícara de café. O aroma peculiar do café flutuou no ar. Ele fungou. Nenhum enjôo. Com precaução, tomou um gole. Era bom e não sentiu mal-estar algum. Talvez sobreviveria, afinal.
Depois de alguns minutos, Sakura pôs um prato de torradas secas sobre a mesa.

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