Capítulo 10 - Anti-penúltimo

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— Se eu estou bem? — explodiu Sakura. — Pelo amor de Deus, como você acha que estou me sentindo? Como se sentiria se estivesse preso em um lugar no fim do mundo, sem médico, sem anestesia e prestes a ter um bebê?

Sasuke colocou a bandeja na mesinha e foi até ela. Tão gentilmente quanto podia, tomou-a nos braços. No início, ela estava tensa e tentou empurrá-lo, mas não levou muito tempo para seu corpo relaxar, e então as lágrimas rolaram soltas.
Ele a deixou chorar, sabendo que isso ajudaria mais que qualquer coisa naquele momento.
Sua mão começou a alisar-lhe as costas vagarosamente, em movimentos circulares. Logo, os soluços transformaram-se em fungadas.

— Oh, Sasuke, sinto muito — Ela passou uma mão pelas faces molhadas. — Isso não deve estar sendo fácil para você também.
— E mil vezes mais fácil para mim do que para você, acredite-me.

Ele ajudou-a a descansar de volta contra o travesseiro, alisando-lhe os cabelos, tirando-os da face. Meu Deus, como ela era bonita. Mesmo com a maquiagem manchada debaixo dos olhos e com os cabelos despenteados.
Ela deve ter notado o olhar dele, porque inconscientemente passou as mãos pelos cabelos desalinhados.

— Eu devo estar horrível — murmurou.
— "Vaidade, teu nome é mulher", como dizia Shakespeare. — Ele sorriu. — Você está linda. A mulher mais bonita do mundo.

Sakura abaixou a cabeça, passando a mão por sobre o colo.

— Duvido disso.

Pegando-lhe a mão na sua, Sasuke esfregou o polegar sobre a maciez da palma.

— Eu mentiria?
— Não, mas pode estender a verdade um pouco — disse ela, sorrindo timidamente.
— Nunca, não sobre isso. Desde o primeiro momento que vi você sair daquele bolo de papelão, pensei que era a moça mais linda que eu já tinha visto.

Ele olhou para baixo, incapaz de fitá-la.

— É claro, levei algum tempo para perceber que me apaixonei por você — continuou ele, acariciando-lhe a palma da mão, esperando que ela dissesse alguma coisa, qualquer coisa. Finalmente, ele ergueu a vista e seus olhos se cruzaram.
— Nunca percebi que você se sentia dessa maneira—ela começou a dizer. — Você não está apenas falando isso por causa das circunstâncias, está?
— Não, eu a amo, Sakura. E se você me quiser, gostaria que esse casamento se tornasse verdadeiro. Não quero que você vá embora depois que o bebê nascer. Quero ambos na minha vida.
— Tem certeza?
— Eu não diria se não tivesse.
— Sasuke, eu... ohhhh, Sasuke.
— Aperte minha mão se isso ajuda — sussurrou ele, sabendo que ela estava tendo uma nova contração.

Quando a dor piorou, ela apertou.
Meu Deus, onde ela obtivera aquela força para apertar tão forte? Ela envergonharia um lutador profissional numa queda de braço. Ele tentou sorrir para encorajá-la.

— Está certo, apenas... hum... respire — disse ele.

Sakura ofegou forte enquanto o fitava com olhos arregalados.

— Você está indo muito bem.
— Não, não estou. Dói demais... ohhhhhhh.
— Agüente um pouco. Passará em alguns minutos.

A mão de Sasuke estava amortecida, as pontas dos dedos brancas. Mas isso não lhe importava. Pelo menos até que ela começou a afrouxar o aperto e a circulação voltou. Ele massageou os dedos com a outra mão.

— Eu o machuquei?
— Machucou-me? Uma menininha como você? Claro que não.

Sakura sorriu. O que mais poderia fazer? Ele estava tentando ser forte para ajudá-la e ela o amava por isso. Amor. Seu coração bateu forte. Ele a amava. Ele queria ter uma família. Ela tinha que lhe contar que sentia a mesma coisa.

Destinos entrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora