9.Do alto do predío

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Dois anjos em uma tarde de primavera jogavam conversa fora em cima de edifícios de luxo...

-A vista daqui é sempre linda,não é? 

-Nunca muda...

O clima de calmaria pairava no ar,as penas que soltavam e o vento carregava para longe,um ar morno e agradável estava se estabelecendo,lá de cima era bem diferente do que acontecia em baixo,a multidão de pessoas voltando exaustos de suas tarefas,a maioria estavam sem alma,sem brilho,apenas a pressa e ninguém se importa para olhar pra cima e ver aquele lindo por-do-sol.

-No final são apenas formigas bem vestidas.-Um anjo desdenhava.-Tão pequenos e idiotas,o delírio de grandeza subiu a cabeça.

-Será que eles não se lembram?Que no final nada disso importa,eles deviam viver ao invés de irem ate os seus limites e morrem lutando contra algo que eles mesmo criaram.

Enquanto os anjos conversavam um homem ia subindo ate o terraço pela escadaria,os seres iluminados iam papiando e ouvindo os passos dele de longe,eles estavam ignorando por enquanto,ambos sabiam que uma hora ou outra a pessoa iria chegar até lá,mas isso não era preocupação para agora.Ao contrario dos humanos eles não se incomodavam com antecedência.

-Você já falou com um humano?

-Não é permitido...-O anjo não queria se encrencar.

-Eu sei,mas já sentiu vontade?

-Bom...ve se não espalhe,ein?Já sim.

-O que gostaria de conversar?

-Ah...-O anjo medroso da umas risadinhas de vergonha.-Eu queria saber como é se apaixonar.

O anjo curioso fala:

-Seria maravilhoso.-Ele vira a cabeça ouvindo atentamente os passos.

-E você?Falaria sobre o que?-O medroso falava cativamente.

-Perguntaria...-Ele olha pro céu.-O por que eles tem tanto medo da morte.

-Pois é,é uma figura tão educada.

-Fico tão curioso que as vezes nem consigo reposar...

O anjo mais atrevido é interrompido pelo rangido da porta do terraço se abrindo,os dois viram e vem um homem de terno e gravata,cheio de bolças de olheiras no rosto,o homem parecia um pano de chão sujo,os anjos se questionavam se o sujeito estava vivo ou morto.

-Finalmente ele consegui subir!

-Pare com isso,são muitos lances de escada e olha o estado desse rapaz hora!-O anjo medroso reprendia.

-Ta bom,ta bom!

O homem bocejava de sono,ele largou sua maleta em algum canto e tranca a porta,ele coloca a mão em seu cabelo cheio de gel para trás ajeitando,ele anda devagar até a sacada,tira seus sapatos,ficando de meias,suas meias estavam furadas e sujas,provavelmente ele não tem tempo para comprar novas,o homem fica em frente do precipício e o observa atentamente,ficando bem do lado dos anjos.

-Você acha que ele vai pular?

-Não sei...ele está exitando muito.-O anjo atrevido falava impressionado

-É uma decisão difícil,né?

-Mudei de ideia,se fosse pra falar com um humano,quero falar com esse daqui!Esse não tem medo da morte,está diante dela e não demostra nenhuma preocupação.

-Acho que é o desejo dele,por isso não tem medo.

-Normalmente humanos amam ter o dom da vida,por que esse não?

-Só ele pode responder.-O covarde dizia serio.

O homem voltou a si,como se tivesse acordado de um pesadelo e como uma criança recém nascida ele se debulhou em lagrimas e sussurrava ''não posso,fazer isso!''.O anjo atrevido quebrou uma das regras não se importando com as consequência apenas para perguntar para aquele homem:

-Por que?Você está com medo da morte?-Ele diz tremulo de curiosidade.

Surpreso o homem pensa que é um delírio ou uma mensagem divina.

-Sim eu estava com medo,mas não da morte,estava com medo de magoar minha mãe...-O homem chora novamente.

Quando o anjo entendeu que os humanos não tem medo da morte,mas sim de deixar as pessoas que amam para trás. 

 

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Crônicas de mau gostoOnde histórias criam vida. Descubra agora