Era aquele doce e salgado cheiro a mar, ou aquela areia que me fazia
cócegas por entre os dedos dos pés, ou, talvez, aquele sol que me batia na
cara que me embalava naquele tão profundo sonho que, de tão profundo
que era, sentia-o como se fosse real.- Íris – chama uma voz lá no fundo.
Esta voz continuava insistente, mas tão ausente, naquela maravilhosa
paisagem com a brisa a bater-me na cara, aquela voz era tão insignificante
como os restos de nevoeiro em cima do mar. Na minha cabeça a única voz
que me interessava era a de uma mulher que, outrora, esteve presente na
minha vida como uma das mais importantes, a minha mãe. Neste momento eu mergulhava cada vez mais neste mar de memórias sentindo-me a afogar como no dia em que aprendi a surfar.- Íris, acorda! Vais chegar outra vez atrasada. – a voz tornava-se cada
vez mais alta, despertando-me deste mar de memórias.- Hmmm, deixa-me dormir! – respondi com ainda mais vontade de
entrar naquele mar profundo.É nesse momento que sinto algo molhado bater na minha cara. No
início que era uma das ondas do meu sonho, mas aí apercebo-me que
aquela água era mais real do que o meu imaginário podia inventar.- Ahhh pai! – respondo totalmente irritada.
-Bom dia, queria te poupar o tempo de acordares e ires para a casa
de banho tomar banho, por isso fiz as duas coisas de uma vez.- responde
entre gargalhadas.-Bom dia, vou-me vestir.- digo secamente.
- Dez minutos. – grita o meu pai, antes de ir preparar o pequeno-almoço.
Faço minhas higienes matinais e meto-me no chuveiro. Terminado o meu banho ouço alguém a bater à porta do meu quarto.
- Íris, preferes panquecas ou waffles.- diz o meu pai no outro lado da porta.
- Panquecas, óbvio não sei como é que ainda possibilitas a ideia de eu querer outra coisa.- respondo óbvio.Depois de estar pronta e de ter arrumado o quarto todo, desço para
a cozinha encontrando lá o meu pai a fazer panquecas(sem me gabar muito,
mas o meu pai é o melhor cozinheiro que conheço), e como sempre as
panquecas estavam maravilhosas. Estas estavam banhadas em mel com mirtilos por cima a decorar tanto a panqueca como o prato.Acabado o pequeno-almoço, fomos lavar a loiça e é nesse momento que o meu pai distraído olha para o relógio e apercebe-se que já passava da hora de sair de casa para a escola, rapidamente eu pego a minha mochila e o meu pai as chaves do carro e a carteira corremos para o carro já bem atrasados, como sempre. Quando ia a abrir a porta sinto o meu telemóvel a tremer, ligo-o e reparo que tenho uma mensagem do meu namorado.
"Bom dia, pelo vistos estás de novo atrasada despacha-te que a professora ainda não chegou♡".
"Bom dia, obrigada pelo aviso, já estou a sair de casa, beijo.♡"
Antes de entrarmos na estrada em direção à escola, noto que o meu
pai me que contar alguma coisa, mas com alguma dificuldade e receio.- O que é que me queres dizer? – digo olhando fixamente para ele.
Mal digo isso, o meu pai desvia o olhar da estrada durante alguns segundos
para mim, desviando logo em seguida de volta para a estrada, notando o
seu desconforto ao tocar no assunto que está por vir.
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Perdida nas tuas ondas
RomanceÍris tinha uma vida perfeita.... quer dizer quase perfeita, se não fosse a ausência da sua mãe. Mas tudo isso muda depois de um trágico acidente, que a leva a viver com ela para o Algarve. Ela sabia que esta mudança ia ser difícil, talvez pela dist...