"Eu tô falando sério, ela me garantiu"
"Você confia demais na Camila, é perigoso" Laura diz.
"Mas eu preciso arriscar, amiga, eu preciso mudar minha vida."
"Se você acha que é o certo a se fazer..." Ela dá de ombros desistindo de me convencer do contrário.
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"Me dá um abraço né?" Victor diz enquanto me olha.
Abraço ele forte e ele retribui me levantando do chão.
"Que milagre o rockstar não estar ocupado"
"Ah, deixa de ser chata, eu tô aqui."
Eu tô aqui. Era o que ele sempre falava, mas ele nunca estava de fato, ele sempre estava muito ocupado no celular, atendendo ligações, ele estava ali mas não estava. E o meu foco era ganhar dinheiro, pra ajudar minha mãe. Ela ter feito aquilo comigo ou não, não anula o fato dela estar doente e com a imunidade baixa.
"Bora na vila Madalena" ele diz e eu olho pra ele como se ele fosse louco, eu praticamente acabei de chegar, nem conheci o loft que a Camila disse que tinha achado pra mim.
"Tá, tá bom." Eu não conseguia dizer não pro Victor.
Ele chama um táxi e entramos. Depois de uns 30 minutos o táxi para perto de umas ruas coloridas.
"Eu gosto muito daqui, é como se fosse minha casa."
"Aqui só tem rua pintada, Victor" falo rindo.
"Sim, mas o fato de eu sentir que é minha casa é mais questão de alma, tá ligado"
Naquele dia enquanto a gente ria lembrando da nossa infância, eu não sabia dizer se era nosso último momento juntos, mas eu sentia como se fosse, ele parecia estar em outra sintonia, enquanto as coisas ficavam complicadas demais pra mim, pra ele estava tudo bem encaminhado. Eu achava que a esse ponto eu estaria um pouco melhor, mas quem sabe isso não seja um recomeço.
"Você sabe que eu amo muito você né?" Ele diz me abraçando e eu tento memorizar seu cheiro pra nunca esquecer.
"Eu sei. Eu também te amo."
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Meu primeiro dia de trabalho, tudo deu errado. O lugar que a Camila disse que havia encontrado pra mim não era bem um loft, era um quartinho no fundo de um quintal cheio de outros quartinhos, mas eu não vou reclamar, poderia ser pior, pelo menos vou ter um lugar pra voltar pra descansar. Foi difícil me despedir da Laura mas tenho fé que vou conseguir ter condições bem melhores e poder trazer ela pra morar comigo.
Quando chego na boate sinto um frio na barriga, tudo aqui parecia bem chique, dou meu nome pro segurança e ele deixa eu passar, quando entro no local um homem bem arrumado me recebe.
"Você deve ser a Evie né?" Ele sorri.
"Sou eu mesma"
"Bom, o camarim das garotas é lá encima, pode subir que elas vão te ajudar com o que você precisar."
Eu o agradeço e subo as escadas olhando ao meu redor.Quando entro no tal camarim está uma confusão de garotas, umas se maquiando, outras colocando a roupa, outras conversando, ninguém parece notar minha presença e eu fico sem jeito de chamar a atenção de alguém.
"Ah, oi, você tá perdida?" Uma garota com os cabelos parecidos com os meus pergunta.
"Um pouco, é que eu sou nova"