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"E-e-e eu não menti não, do que você tá falando?" Tento contornar a situação, ele me puxa pelo braço pra fora do quintal, não pode ser, eu não acredito que ele vai descobrir assim.

Ele continua me levando pela mão até o que eu assumo que seja o carro dele. Ele dá partida e eu fico sem reação, eu não poderia ficar lá, óbvio, porquê ele simplesmente derrubou o cara, eu não quero nem imaginar o que aquele nojento faria comigo se não fosse o Victor, mas também eu não sei o que falar pra ele.

"Aquele lugar é onde você mora? Sério?" Ele corta o silêncio impaciente. Suas mãos apertavam o volante fortemente, acho que ele estava um pouco irritado.
"Me responde, Evie" ele levanta a voz.

"Não, eu tava procurando minha amiga, ela mora lá" Minto descaradamente. "Acho que ela não estava em casa" evito de olhar pra ele.

"Pra que se enfiar num lugar perigoso desse essa hora?" Ele me questiona quando para no farol.

"Eu já falei, eu tava atrás de uma amiga"

"Poderia ter esperado né?"

"Olha, Victor, não é todo mundo que tem condição pra morar num apartamento chique com a vista pra avenida, tá? Ela não tem escolha" Disparo me sentindo ofendida, eu moro faz um bom tempo ali e tô viva até hoje, é o que eu posso pagar...se eu fizesse mais dinheiro, claro que eu não moraria mais ali né, mas eu me recuso. Ele não pode sair por aí menosprezando o lugar onde as pessoas moram.

"Eu não falei pra ofender, só falei que é perigoso" ele fala de maneira mais calma agora.

"Mesmo assim, ela não tem escolha" Ainda estava irritada com tudo que ele falou e várias perguntas ecoavam na minha cabeça. "Por que você me seguiu?"

"Eu não segui" ele nega assim que eu o questiono. Olho feio pra ele e ele acaba revirando os olhos e se entregando. "Eu fiquei preocupado em como você ia chegar em casa, na verdade eu ia te oferecer pra pagar um Uber pra você voltar, mas quando te achei no ponto você já estava subindo no ônibus, aí eu segui seu ônibus e depois você....de nada"  ele fala debochado.

"Eu não gosto de macho na minha cola não, viu, Victor?" O encaro totalmente séria, ele me olha de canto de olho e continua prestando atenção nos carros a sua frente. "Vivi esse tempo todo sem você e não morri" estou falando isso mas se não fosse ele provavelmente eu teria passado pelo maior trauma da minha vida. Só que eu não vou admitir, eu não preciso de homem nenhum pra ficar me salvando. "E quando eu falo que não preciso, eu não preciso, não é pra você me seguir"

"Eu fiquei preocupado!"

"Isso passa" Falo ironicamente, querendo atingir ele. Foi ele que escolheu se afastar, tudo bem que eu não queria estar mais envolvida nesse mundo dele, mas também ele mudou muito, era doloroso de assistir. "Eu nem sei pra onde você tá me levando" tento desviar o assunto e mudar o clima mas ele continua em silêncio

"Pro meu apê" ele responde como se fosse a coisa mais casual do mundo.

"Eu tenho casa"

"Só que eu não sei onde é de cabeça"

"Perguntasse"

"Eu tava ocupado preocupado com você"

"Eu não pedi pra você me seguir"

"Você não era assim"

"Não é só você que pode mudar!"

"Onde eu mudei, Evie? Você sempre se inferiorizou e parava de falar comigo" Ele fala, frustrado.

"Eu não fazia isso, eu não quero fazer parte da sua vida nova, Victor."

O carro para bruscamente e eu penso que é agora que ele simplesmente vai mandar eu descer e me abandonar no meio da avenida

"Victor, não foi o que eu quis dizer" falo arrependida, não quero magoar ele.

"Mas disse, é isso então, Evie? Você acha que pode entrar e sair da vida dos outros sem explicação alguma que tá tudo bem" Ele estava visivelmente chateado com o que eu tinha acabado de falar e sinceramente, eu nem imaginava que era assim que ele pensava.

"Desculpa, não era pra eu ter falado assim" minha voz vai ficando cada vez mais baixa e eu me sentindo cada vez mais pequena.

"Não, foi bom. Agora eu sei o que você pensa" ele murmura.

"Não é isso que eu penso."

"O que você pensa, então? Evie, nós éramos melhores amigos e você só continuou sumindo e indo embora, a especialidade da Evie, ir embora"

"Você não entende que somos diferentes!" Acabo perdendo a paciência, por que ele não entende? "Você teve uma vida e eu tive outra e era evidente que uma hora cada um ia seguir seu caminho"

"E eu tentei te proteger de todas as maneiras possíveis" Ele murmura. "Pra mim nunca fomos diferente" Fico em silêncio sem saber o que falar, eu não queria correr o risco de falar algo errado na emoção do momento, ele não vê que eu não preciso de ninguém pra me salvar? Não preciso de ninguém me vigiando e me seguindo, se intrometendo nas coisas que eu faço, eu sempre me virei sozinha. Ele dá partida no carro novamente e um clima estranho começa a se instalar no carro, eu nem sei pra onde eu estou indo, hoje é menos um dia pra eu ganhar mais grana, o que eu não faço por você né, Victor?

"Na vida que eu tenho, eu não posso vacilar, eu não tenho tempo pra isso, e nem tenho tempo pra ninguém" dessa vez eu decido quebrar o silêncio.

"Você tá querendo me dizer que você não pode manter suas amizades por que você é enfermeira?" Ah se você soubesse, penso comigo mesma.

"Vai me dizer que você ainda tem tempo para os seus amigos?" Levanto a sobrancelha

"Eu sempre vou ter tempo pra quem é importante pra mim. Para com essa idéia, Evie, você quer evitar algo que pode nem chegar a acontecer" ele diz e me olha por alguns segundos.

"Ah sério? Então vamos lembrar de quando você namorava, Victor, as duas vezes!"

"Beleza, agora o problema era eu namorar, e o que mais?"

"Não, o problema não era você namorar, é óbvio que você vai se fazer...você lembra muito bem, você simplesmente fingia que eu não existia, eu nunca mais vou viver a sombra disso!"

Ele entra no estacionamento do prédio que eu imagino ser onde ele mora e estaciona o carro enquanto continuamos brigando.

"Você nunca viveu a sombra de nada, eu era moleque, eu nem sabia direito o que eu tava fazendo" Ele fala fazendo uma careta, sigo ele até um elevador enquanto minha paciência vai se esgotando cada vez mais.

"Ah, então agora não é mais moleque?" Ouso dizer. Repentinamente ele se move de um lado do elevador até o meu e suas mãos ficam em cada lado da minha cabeça, encosto minhas costas na parede do elevador, me assustando.

"Quer que eu te mostre?"






𝕹𝖆𝖉𝖆 𝖖𝖚𝖊 𝖛𝖔𝖈ê 𝖓ã𝖔 𝖖𝖚𝖊𝖎𝖗𝖆 ♡ Onde histórias criam vida. Descubra agora