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"O que?" Minha voz muda até de tom.

"É verdade, mas você nunca prestava atenção em mim desse jeito" Agora foi a vez dele de ficar com vergonha.

"E-e-eu, eu não...e-eu" Tento falar algo mas simplesmente não sai.

"Sabe aquele dia que eu fiquei esperando você voltar do jantar lá com a Camila?" Ele pergunta e eu apenas concordo com a cabeça, não confiando mais na minha voz "Eu ia te contar, mas aí você ficou estranha e a gente meio que se desentendeu, e eu perdi a coragem" ele confessa. Fico imaginando o quanto as coisas teriam sido diferentes se talvez nós tivéssemos juntos desde daquela época.

"Você acha que... nós estaríamos até hoje juntos?" Pergunto praticamente sussurrando.

"Eu acho que sim" Sinto meu corpo estremecer quando ele fala isso.

"Depois, eu passei todo esse tempo pensando em como seria se eu tivesse te contado, mas não sei se faria muita diferença"

"Victor" Solto um suspiro, me empolgando com o momento, seguro o rosto dele com uma mão só, depois tiro o cabelo dele da frente de seu olho "Eu achava que você era o amor da minha vida"

Sinto a respiração dele mudar quando eu falo isso "Achava?" Ele pergunta levantando a sobrancelha.

"Você me magoou muito" tiro a mão de seu rosto e olho pra baixo "Com seu distanciamento, você sempre...esteve acompanhado de alguém, e nunca foi eu" dou de ombros sem coragem pra continuar a falar.

"Eu achava que você nunca ia me ver assim, Evie. Você é bonita, inteligente, você estudava, sempre correu atrás dos seus sonhos e-"

"Você também, não comece a se diminuir." Interrompi ele.

"Eu sei, mas você sempre esteve anos luz a frente de mim"

"Você não sabe do que você tá falando" balanço a cabeça em negação.

"Eu só quero deixar bem claro que agora você não vai a lugar nenhum." Ele me olha diretamente nos olhos e eu fico hipnotizada sem saber o que falar, quando ele abre a boca pra falar novamente eu o pouco pelo pescoço até nossos lábios se tocarem e início um beijo lento mas ao mesmo tempo urgente, ele não perde um segundo e me puxa mais pra perto agarrando minha cintura.

Ficamos assim por um bom tempo mas ele não tentou mais nada e acabamos dormindo enquanto conversávamos sobre nossa infância.

+

"Me passa o leite, filho" Tia Regina fala pro Felipe e ele passa o leite pra ela enquanto morde seu pão, era tudo tão esquisito e novo pra mim, eu não me lembro da última vez que sentei numa mesa com várias pessoas pra tomar café, provavelmente quando eu era criança e na casa do Victor, ele não sabe o quanto ele tem sorte de ter uma família pra fazer isso. "Por que eu sinto que vocês dois estão com um brilho diferente?" Tia Regina questiona e eu nem me toco que ela está falando comigo e continuo passando geleia na minha torrada.

"Brilho?" Felipe questiona e eu levanto a cabeça notando que ela estava olhando entre o Victor e eu que tomava um copo de leite pra disfarçar o nervosismo.

"Não entendi, mãe" Victor ri e coloca o copo sob a mesa.

"Vocês não me enganam" ela murmura "Viu, dona Evie?" Ela levanta a sobrancelha me desafiando.

"Eu não fiz nada" dou uma risada sem graça.

"Aliás, Evie. Você nem dormiu no quarto que eu arrumei pra você, as cobertas continuam no mesmo lugar lá"

Droga, droga. Fecho meus olhos olhando pra baixo.

"Ah, é que..." O que eu iria falar? Que eu não dormi no quarto que ela arrumou pra mim porquê eu estava na cama do filho dela?

𝕹𝖆𝖉𝖆 𝖖𝖚𝖊 𝖛𝖔𝖈ê 𝖓ã𝖔 𝖖𝖚𝖊𝖎𝖗𝖆 ♡ Onde histórias criam vida. Descubra agora