— Foi a melhor coisa que já me deram — disse ela, levantando a concha e olhando para mim pelo furo. Tornou a me beijar na boca, de leve, e uma vez no pescoço. Cochichou no meu ouvido: — Obrigada, Lauren.
Eu adorava seus lábios, principalmente quando o sol os atingia e ela sorria para mim. Eu nunca a vira sorrir daquele jeito quando estava com o Chris, e torci para ser um sorriso que ela nunca tivesse dado a nenhum outro ser vivo. Não pude evitar.
As pessoas tinham ido embora e recolhemos o dinheiro da jaqueta de Camila. Era pouco mais de cinquenta e seis dólares. No bolso esquerdo da minha jaqueta eu ainda levava todas as minhas palavras, inclusive as que acabara de escrever quando ela havia recomeçado a tocar. Meus dedos as seguravam com firmeza, protegendo-as.
— Vamos — disse Camila, e começamos a andar pela beira-mar em direção à ponte.
Sombras de nuvens espreitavam sobre a água, como buracos que o sol tivesse esquecido. A garota a meu lado continuava a olhar para a concha, e meu coração parecia escalar as costelas a cada batida. Mesmo quando diminuiu o ritmo, continuou a pulsar com certa força. Gostei disso.
Embaixo da ponte, sentamos encostadas na parede, Camila com as pernas estendidas, eu com os joelhos dobrados, chegando à garganta. Olhei-a e notei o jeito como a luz tocava sua pele e bagunçava o cabelo caído no rosto. Era da cor do mel. Camila tinha olhos castanhos, como mel, pele bronzeada e um sorriso de dentes retos, que se acavalavam um pouco do lado direito quando ela abria mais a boca. Tinha o pescoço liso e alguns machucados nas canelas. Belos joelhos e quadris. Gosto dos quadris das garotas, mas gostava especialmente dos da Camila. Eu...
Lá estava ele de novo.
Entre nós.
O silêncio.
Havia apenas o som da água atirando-se nas paredes do porto, até que, finalmente, olhei para Camila e disse em voz baixa:
— Eu só queria... Pausa.
Uma longa pausa.
Ela queria falar, senti. Notei isso na súplica de seus olhos e no ligeiro movimento de seus lábios. Estava doida para dizer uma coisa, mas se conteve. Terminei a frase:
— Eu só queria dizer... — Pigarreei, mas a voz continuou rachada. — Obrigada.
— Por quê?
— Por... — hesitei. — Por me querer.
Ela se virou e me olhou nos olhos por um brevíssimo segundo. Seus dedos tocaram meu pulso e desceram para se entrelaçar nos meus. Então ela disse, em um tom muito resoluto:
— Eu a quereria ainda mais se você me revelasse quem é.
As palavras me abriram por inteiro.
Eu poderia ter fingido não entender do que Camila estava falando, mas sabia que a espera havia acabado. Ela esperaria, eu sabia disso. Mas ninguém pode esperar para sempre.
Por isso, indaguei:
— O que você quer saber?
Ela sorriu por um instante e disse, calmamente:
— Gosto do seu cabelo, Lauren. Gosto de como ele fica bagunçado, por mais que você tente arrumar. É a única coisa que você não consegue esconder. — Fez uma pausa para engolir. — Mas o restante está escondido. Escondido atrás do seu andar calculado, da gola amarrotada da sua jaqueta e do seu sorriso nervoso, sem jeito. Nossa, eu adoro esse sorriso, sabia?
Olhei-a de relance.
— Sabia disso? — perguntou de novo, quase em tom de acusação.
— Não.
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A garota que eu quero(camren g!p)
Fiksi PenggemarO Chris nunca amou nenhuma delas. Nunca se importou com elas. Nem é preciso dizer que Chris e eu não somos muito parecidos em matéria de mulher. Lauren Jauregui é a caçula de três irmãos, e a mais quieta da família. Não é nada parecida com Stefe, o...