Capítulo 1

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Boa leitura! ( Capítulo revisado)

Eu tenho esse sonho com frequência: eu sou pequena, estou sentada com minha mãe e ela está cantando para mim

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Eu tenho esse sonho com frequência: eu sou pequena, estou sentada com minha mãe e ela está cantando para mim. Eu sinto o calor do sol tocar a minha pele e o aconchego dos braços dela ao meu redor e eu quero ficar ali, para sempre.

Mas quando eu acordo, o sonho desaparece, eu queria muito que esse sonho fosse verdade, mas isso não seria possível porque a minha mãe morreu quando eu era bem pequena e eu não posso tomar sol, tipo nunca.

Antes de tudo, meu nome é Any Gabrielly, eu tenho uma condição genética rara chamada xeroderma pigmentosum ou, como as pessoas chamam, xp que é basicamente uma sensibilidade severa a luz do sol.

Para ser mais específica XP é  caracterizada por sensibilidade extrema à radiação ultravioleta (UV) induzida por alterações na pele e olhos, e múltiplos cancros da pele. Qualquer contato que eu tiver com o sol, eu desenvolovo um câncer de pele extremamente forte que me mata em poucas horas. Divertido né? 

Desde pequena eu passo o tempo todo dentro de casa com janelas especiais e a companhia do meu pai que é o melhor pai do mundo, vocês podem achar que minha vida é monótona por nunca sair de casa e ser socialmente inativa e realmente, eu sem querer criei uma rotina e tudo que acontece comigo é a mesma coisa que sempre aconteceu, nenhuma novidade.

Ainda bem que eu tenho a companhia do meu pai, nunca estive só, não tenho o que reclamar. Mas a respeito de amizades, então...quando eu era pequena, as crianças eram...bom, eram crianças. Ficavam do lado de fora da minha casa falando que eu era uma vampira e não saia de casa, por isso sempre passavam longe dela.

Mas nem todo mundo tinha medo de mim.

Flashback on**

Anos atrás...

Um dos meus hábitos preferidos pela manhã é ficar observando as pessoas pela janela e ver  como são a vida dessas pessoas. Dona Rose mesmo, uma senhora de 72 anos, leva a vida cozinhando suas deliciosas tortas de abóbora para distribuir na vizinhança. Por volta das 15h ela faz crochê na varanda enquanto assiste uma novela que provavelmente já assistiu umas 50 vezes ao longo da vida.

Enquanto observo a vizinhança avisto a varanda de casa e vejo meu pai e uma garotinha que parecia ter a minha idade, loira com a cabelo liso e aparelho nos dentes.

- Oi Joalin! O que faz aqui?- diz Roberto, meu pai.

- O que que ela tem? nunca vi ela sair de casa.- ela pergunta com uma careta fofa.

- Ela...ela tem uma doença que não deixa ela sair de casa. A luz do sol machuca muito ela, então ela não pode tomar sol.- explica com cuidado

-Eu também não posso tomar sol por muito tempo, ela pode brincar a noite?

- Pode mas...- a garota o interrompe.

- Até a noite.- se vira para ir mas volta no meio do caminho- ah! E eu gosto de pizza- e sai.

Flashback off**

Então dai em diante era só eu, a Joalin e o meu pai.

Até que um dia eu vi o Josh e foi o suficiente eu fiquei completamente e inteiramente obcecada.

Ele passava todos os dias de skate perto de casa, pela minha janela, porém ele não fazia nem ideia de que eu existia...

Com um tempo ver ele virou rotina, juntamente com consultas constantes, dormir durante o dia e ficar acordada a noite (o que eu fiquei sabendo é o que a maioria dos adolescentes fazem) e tocar violão, eu faço isso sempre que posso.

Olha, apesar de tudo, eu tenho uma vida muito boa, mas, eu ainda insisto em alguns sonhos, mesmo que sejam impossíveis.

[...]

Passo mais um canal na TV com desinteresse, hoje a vizinhança estava bem movimentada visto que era formatura dos alunos de uma escola aqui perto. Confesso que bateu uma pontadinha de inveja, era para eu estar lá também.

-Any Gabrielly!- saio dos meus pensamentos com meu pai entrando no quarto e solto uma risada ao ver ele vestido com roupa de formatura todo animado e com um diploma nas mãos.

- Que roupa é essa?- pergunto.

- Oh, professores e funcionários também usam isso, toma seu chapéu- me entrega.

- Obrigada- ele ri.

- O mais importante, isso é seu!- me entrega um diploma.

- Uhm.- falo ainda sorrindo.

- Espero que tenha feito um discurso. - fica animado.

- Ahm, claro. É, primeiro quero agradecer meu querido diretor.

- Oh que isso gente!- sorri de orelha a orelha.

- Meu professor de espanhol.

- De nada- diz com sotaque espanhol.

Papai sempre foi um homem engraçado e divertido, apesar de mamãe falecer ele continuou forte, eu via que ele estava triste, mas mesmo assim não desistiu e fez de tudo para eu ser feliz mesmo por não poder sair de casa e ver minha mãe de novo.

-Meu professor de português, mas eu queria deixar bem claro aqui, que meu professor de educação física não tinha a menor ideia do que estava fazendo.

- O que?- me olha incrédulo.

Começamos a rir.

- Sua engraçada. Pronta para o seu presente?

- Presente? Tem como o dia ficar melhor?

Ele sai do quarto e pega alguma coisa.

Fico de boca aberta quando ele volta e o coloca na cama.

Era um violão.

Aprendi a tocar violão ainda bem novinha com a minha mãe, era um dom dela e tocar sempre me faz sentir mais próxima a ela, é como se fosse os velhos tempos. Muitas pessoas se sentem tristes vendo objetos e outras coisas de parentes falecidos, mas o violão me deixava feliz e inspirada. Eu poderia ficar a vida inteira tocando e compondo.

- Era o da mamãe- sussurro e ele assente com a cabeça.

Começo a olhar o violão e lembrar de quando ela cantava para mim. Sua voz era doce, me trazia uma paz imensa, sempre cantávamos na praia. Depois que ela se foi, comecei a tocar violão e cantar algumas músicas que ela gostava,assim eu me lembrava dela e da pessoa incrível que ela foi.

- Olha eu sei que está meio velho mas se quiser um novo eu juro que entendo você. - diz um pouco nervoso.

Saio da cama e corro até ele dando- lhe o meu melhor abraço, bem apertado e cheio de carinho.

- Não eu amei! Obrigada, obrigada pai!- ele sorri e retribui o abraço.

Volto para a cama e ele me dá um beijo na testa e sai do quarto.

Admiro um pouco o violão e logo o deixo no canto para poder ir dormir.

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Primeiro capítulo espero que tenham gostado!

Deixem seu voto e até o próximo capítulo!♥️

o sol da meia-noite - beauany (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora