sixty four

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Eu queria empurrar Park Chanyeol naquela piscina e afogá-lo ali mesmo, mas tudo o que fiz foi andar até os dois. No caminho, percebi que conhecia muito bem aquele rosto. 

Do Kyungsoo.

Então era por isso que Chanyeol queria tanto que eu fosse lá, provavelmente no intuito de me humilhar, como se aquilo me afetasse de alguma forma. Estalei a língua e cheguei pertinho deles, cumprimentando-os.

— Prazer, Baekhyun. Sou o Kyungs-

— Sei quem você é. — O cortei, sorrindo de canto. — Byun Baekhyun, médico particular da família.

— Whoa, interessante. 

— Baek, estava fazendo algo pra comer? Sabe, se quiser compartilhar... — Começou Chanyeol, mas logo neguei. Não ia fazer comida pra ninguém além de mim mesmo.

— Eu estava, mas acho que vou voltar a dormir daqui a pouquinho. Bom, foi um prazer conhecê-lo, Kyungsoo, mas eu-

— Não mesmo. Você não vai embora, senta aqui e bebe com a gente.

Fui pego de surpresa com o convite de Kyungsoo. Afinal, o que ele planejava? Será que esse garoto tem alguma ideia das coisas que já aconteceram comigo e Chanyeol? Embora estivesse desconfiado, estava curioso acima de tudo.

Sentei perto deles, Chanyeol ficando no meio de nós dois. Kyungsoo me entregou uma garrafa de soju. A luz da piscina refletia em nossos rostos, eu gostava bastante daquele clima.

— Eu estava aqui comentando com o Yeol que eu sou um fodido, sabe? — Aparentemente ele já estava meio alto, pois falava enrolado. Decidi prestar atenção em suas palavras.

— Hyung, não...

— Deixa eu falar, Chanyeol! — E o Park calou a boca num instante. Franzi o cenho, estranhando aquilo tudo. — Eu sou um fodido no amor. Já tentei tantas bocas e nenhuma me interessou. Hoje eu estou aqui, apaixonado pela minha namorada. Isso devia ser bom, certo? Pois não é.

Ele tomou um gole longo da bebida. Enquanto o fazia, observei as feições de Chanyeol. Ele encarava a água azul da piscina, sério.

— A religião dela não permite que a gente se case, só porque eu sou cristão. Você acredita nessa porra? — Riu, sem humor algum. Na verdade, parecia que lágrimas brotariam dos olhos grandes a cada segundo. — Pelo amor, aquela garota é tudo pra mim.  Sabe, o que custa eles deixarem a gente se casar e manter nossas religiões? 

Eu não entendia nada daquilo, mas sabia como era a sensação de ir contra leis. Costumes. Doutrinas. Não religiosas, mas sociais. 

Houve um momento em que eu levantei para ir até Kyungsoo, afagar o ombro do rapaz. Enquanto o fazia, pude perceber o pomo de Adão de Chanyeol movimentando-se com dificuldade. E foi ali que eu entendi o que estava acontecendo. Aparentemente, aquele coração de pedra era apenas gelo, e Kyungsoo, quente. 

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