Capítulo 7

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Naquela tarde, após algumas horas de volta do jardim com Rose, a mesma ausentou-se após dizer que tinha um telefonema importante para fazer. Alice tinha tanto prazer em mexer nas rosas e na terra que até se esqueceu que ficou sozinha e continuou a cuidar do jardim.

– Andas a fugir de mim? – Assustou-se com a voz de Arthur atrás de si. Levantou-se rapidamente e limpou as mãos sujas de terra nas calças jeans que usava.

– N-Não. Eu apenas ...tenho estado ocupada.

– Se foi pelo que aconteceu na varanda no outro dia, eu peço desculpas, mas não precisas de fugir de mim, eu não volto a fazê-lo.

– E-Eu... Desculpa, eu... – Suspirou sem conseguir arranjar palavras que dissessem a verdade sem expor o seu disfarce. – Eu também gosto de ti, mas não podemos.

– Porquê?

– Não posso dizer. Desculpa. – Pediu, desviando o olhar dos olhos do rapaz para o chão.

– Não confias em mim? – Perguntou magoado.

– Claro que confio. Confio em ti mais do que confiei em alguém nos últimos anos, apenas não posso contar. Espero que entendas... – Disse, voltando para dentro da casa.

Quando voltava para o quarto viu Eliza a sair de lá.

– Porque é que estava no meu quarto?

– oh, nada de mais...Alice. – Exclamou sorrindo vitoriosa.

– O quê? E-Esse não é o meu nome. – Respondeu, tentando parecer confiante, mas sabia que a sua palidez a denunciava.

– Eu sei que é. Assim como sei que aqueles homens que passam junto aos portões algumas vezes por dia o fazem por ti.

– Eles...

-Não me interessa! – Interrompeu-a. – Fica a saber que o Arthur é meu. Se tentares ficar com ele, eu entrego-vos àqueles homens, começando por aquelas pestes a que chamas irmãos. – e com isso saiu dali.

Alice não sabia o que fazer. Claro que não iria namorar Arthur, apesar de gostar imenso dele, mas e se aquela rapariga os visse simplesmente a falar e pensasse outra coisa? Não. Tinha que impedir isso. Mesmo que a magoasse imenso, a segurança dos irmãos era mais importante.

Entrou no quarto, deixou-se cair na cama e chorou. E chorou. Apesar de ser o certo a fazer, doía-lhe imenso.

Nessa noite, ao jantar, Eliza lançou-lhe um sorriso de gozo que lhe revirou o estômago.

– Estás bem? – Perguntou Arthur, preocupado, pegando a sua mão por cima da mesa. Assustava com o gesto, olhou com medo para Eliza que lhe lançou um olhar de desagrado e aviso e Alice rapidamente retirou a mão da dele.

– Sim. – Respondeu, baixinho, incapaz de o olhar. Não conseguindo comer mais, pediu licença e foi para o quarto. Lá, como todos os dias, olhou pela janela e viu os homens a rondar. Suspirou, afastando-se da janela e deitou-se na cama encarando o teto.

De repente, teve uma ideia. Levantou-se a correr e foi até à sua secretária. Pegou um papel e uma caneta e começou a escrever. Sabia que era uma ideia estúpida, mas sabia que aquela família de quem pegou tanto carinho teria o bem coração de fazer o que pedia. Quando acabou, colocou a carta dentro de um envelope onde escreveu Arthur e Rose. Queria que eles fossem os primeiros a ler pois tinha um carinho especial por eles.

Voltou para a cama e esperou os irmãos. Iria por o seu plano em prática durante a noite, depois de já estarem a dormir.

Condessa de MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora