Capítulo 8

56 11 0
                                    

Arthur foi para a varanda como todas as noites apesar de saber que era provável que "Amanda" não aparecesse.

Deitou-se na espreguiçadeira e ficou a olhar as estrelas. Estava uma aragem agradável que aos poucos lhe trouxe sono. Estava quase a adormecer quando começou a ouvir Raphael a gritar de dentro de casa. Preocupado com o menino, foi ver o que se passava.

– ...ice? – Chorava, em pânico.

– Raphael, está tudo bem? – Perguntou, preocupado. A criança olhava para todos os lados.

– E-Eu quero a Alice. – Exclamou, aflito. – Eu quero a Alice, quero a minha irmã agora. Ela desapareceu. – Disse a chorar. Arthur estava chocado. "Alice"? Ela é uma impostora? Tudo o que me confidenciou era mentira?

– Vem, – disse ao mais novo. – vamos procurar a tua irmã.

Foi até ao quarto, pensando que a rapariga lá estivesse, mas enquanto sentava o mais novo na cama, onde Mia ainda dormia profundamente, viu que um par de sapatilhas e o casaco, que costumava estar pendurado nas costas da cadeira, tinham desaparecido.

Ao aproximar-se da secretária encontrou um envelope com o seu nome e da mãe.

"Antes de mais queria pedir-vos desculpa. Acolheram-me como uma pessoa a quem tinham carinho e eu não fui capaz de dizer que não era essa pessoa. Fui falsa convosco ao fingir ser quem não era, mas ao mesmo tempo mostrei-vos exatamente quem era. A Amanda que vocês viram, é quem sou verdadeiramente, só tenho um nome diferente.

O meu nome é Alice. Tenho 17 anos. Perdi os meus pais há dois anos. Não queria que os meus irmãos fossem para o sistema de adoção, sei que esses sítios são quase todos horríveis, então eu tomo conta deles. Os meus pais tinham bens, mas foram todos roubados por uma tia distante, então passámos a viver numa casa abandonada a algumas quadras da vossa casa. A casa até tinha boas condições e sobrevivíamos. Mas alguém pertencente a um grupo de tráfico humano e de órgãos descobriu-nos então tivemos de fugir.

Quando estávamos a fugir, vi o vosso portão a fechar, sabia que era a única maneira de não sermos apanhados então entramos. Apenas planeava ficar algumas horas junto ao portão até o caminho estar livre, mas Rose apareceu, e bem... Quando me confundiu com a condessa, achei que era a única forma de nos salvar. Horas transformaram-se em dias, os dias passaram-se e eles nunca deixaram de rondar o palacete.

Eu estou a fazer o que já devia ter feito.

Sei que não me devem nada, mas queria pedir-vos para cuidar dos meus irmãos. Eles vão sentir a minha falta, mas estarão mais seguros convosco do que alguma vez ficaram comigo.

Vocês são a família amorosa de que eles precisam para crescer seguros e saudáveis.

Quando eles perguntarem digam-lhes que eu fiz isto porque os amo, porque essa é a verdade.

Assim como o carinho que eu sinto pela vossa família é verdadeiro.

Obrigada por tudo e adeus,

Alice"

– NÃO. Não te vou deixar fazer isso. – Disse para si e foi até à porta. 

Condessa de MentiraOnde histórias criam vida. Descubra agora