Um novo amanhã entre as esquinas

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Sinto que o mundo é o mesmo, que você  que acorda quando o Sol atravessa suas longas cortinas de seda e você  sabe que aquele feixe de luz ,que invade seus olhos ,é uma sirene suave que o desperta de uma maneira sutil .

E você abre a janela  na esperança que toda essa paz de espírito  venha até você,  invada seu corpo e ilumine o horizonte para que você saiba que não está sozinho , que há tantas pessoas sozinhas andando lá embaixo nas ruas assim como você e que  elas já estão se movimentando , elas foram acordadas mais cedo, mas elas não viram todo esse brilho de vida e nem a tênue   esperança nas mais leves e pálidas nuvens,  acima de  suas  cabeças.

Alguns acordaram e viram uma névoa densa  que simplesmente se apagou com o tempo . Seus olhos se congelaram e havia aquela simples sensação fria e mórbida que você não aguentaria mais algumas horas e, talvez,  nem mesmo haveria nuvens sobre você  , elas não te protegeriam de  todo aquela chama de fogo que te queimava,  que machucava a sua pele e feria sua alma  e ,então,  tiveram que acordar .

Tiveram que abandonar suas camas e correr para longe, pois nem mesmo um teto sobre suas cabeças os deixavam mais confortáveis .
Queriam  matar o tempo, queriam não perceber que o Sol ,ao nascer , abriria um buraco tão profundo nos seus peitos e que as almas se dissipariam naquele ar rarefeito da monotonia.

Fugiram para longe,  para as ruas , onde  todo mundo é  qualquer um .

Onde as folhas das árvores   caem em vertigem e são arrastadas no meio de tantos passos  agitados, indo e vindo, de algum lugar para qualquer lugar.

Um lugar no qual  há pessoas tão confusas como você. Você olha as pessoas e pensa em quão normais elas são,  em como a vida delas pode ser interessante e como você seria se tivesse o cabelo mais longo ou aquele casaco do estranho ao lado.

E , de repente , a vida parece ser como um paraíso, um lugar no qual você pode ser o que quiser , viver a vida como quiser ,você não precisa ser como todo mundo ,mas aí você lembra que está nas ruas e nas ruas, você é todo mundo  e todo mundo é  todo mundo.

Seus sonhos cresceram e morreram antes de você se dar conta.

E a vida ,meu amigo,   ela se tornou tão frágil ao ponto  de ser indescritível,  imprevisível,  infeliz e, acima de tudo , miserável.

Miserável  por não salvar sua alma antes que ela se dissipasse  , miserável por jogar a essência da vida no lixo e por perdê-la  em meio a tanta podridão.

E você? Você se conforma,pois nem ao menos sabe o que está acontecendo.

Você não sabe o que vai estar lá,  o que vai estar te esperando quando você  cruzar a esquina .

O dia vai embora de uma forma tão insignificante e sublime,  mas ainda é cedo e você não quer perder o controle de sua sanidade quando  aquela luz pálida e fraca se esquivar nas colinas.

As nuvens vão embora e se tornam invisíveis aos olhos, elas já não existem mais , já não  existem como seus sonhos  arruinados e sua fúnebre esperança de um dia melhor.

Já é noite, as sombras que antes estavam dançando sob as árvores,  elas correm  pelas nas ruas ,  andam pelas esquinas e invadem sua alma.

O que ainda te espera lá?

O que chama seu nome  com tanta indiferença?

Agora, todas as luzes que te feriram vão  se apagar e a escuridão vem trazendo uma nova era, um lugar escuro ,que te  sangrar  sem ao menos saber .

E,talvez ,  as sombras já tenham roubado a sua alma despedaçada.

Sangue nas ruas,  sua pobre alma  escorre entre os espaços vazios das ruas.

E já não há nada na esquina , não há pessoas nas ruas .

Agora , todas elas vão para suas casas e sentem que a vida machuca  tanto como as pessoas. Sentem que as sombras as acolhem, roubam suas almas e despedaça seus corações .

Elas ficam em meio a destroços  e repousam nos braços da morte.

Uma leve  brisa invade as suas janelas e as deixam expostas, expostas ao lugar em que irá machucá-las assim que o dia chegar e os braços da morte só sabem que talvez o amanhã não chegue e que , se chegar, então algo vai estar lá, no fim da tarde, te esperando entre esquinas para que você possa fugir da realidade e ,talvez, fugir de si mesmo.

Para sempre acabado -  Poemas parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora