Por Túlio
Um tempo só nosso é essencial às vezes. Precisa-se renovar o ar, as promessas e avaliar o que está e o que não está dando certo.
A quem acompanha há um tempo, falei exaustivamente sobre rotina contábil, sobre as coisas que realizo nesse departamento da contabilidade, desde quando encabecei, abracei e o quanto me doei para oferecer um serviço de qualidade e em quantidade, dando mais tempo e importância muitas vezes ao que deveria dar à minha família.
Mas a vida aconteceu da mesma maneira. Aos meus trinta anos eu tive um choque inesperado, do nada, um homem me seduziu da maneira mais safada, meio cafajeste com cara de assédio, mas que topei e me entreguei com uma carência infinita e bem... cá estamos felizes.
Um ano passou, dois, três... dez, quase onze e o que desejei que fosse um caso, virou relação estável, casamento do qual não penso em sair nem em pesadelo.
Mas durante esses anos tive situações que testaram ambos. Eu arrumei um carrapato que só sossega quando namora alguém que o envolve de verdade, já lhe dei tanto corte, tanta patada e chega pra lá que o Braz "jura" que nem se preocupa quando o vê próximo de mim e que devo tratar o Raul com naturalidade.
Ok. Aí eu trato de boa e o Braz fica super emburrado comigo. Pergunta o que me fez rir, porque eu ri e se o Raul disse alguma coisa e eu estou escondendo... e que não preciso e nem devo esconder nada.
Revirando os meus olhos pela situação.
(quando eu e Braz estávamos há cinco anos juntos)
— Tua chave de coxa deve ser fatal porque o meu amigo aqui nunca se amarrou tanto tempo em alguém. Tô precisando disso...
— Não sendo as minhas coxas...
Braz e ele ficavam dando risadinhas com minhas cortadas e ambos diziam que eu levava tudo muito à sério. Naquela época e eu nem conseguia ficar tão puto com Raul porque estava mais preocupado com o Gustavo que mesmo namorando o cara, secava o Braz na maior cara de pau. Hoje conversamos na boa, depois de eu tê-lo colocado em seu lugar há uns anos.
— Minha fantasia, eu vou confessar porque sou muito puto...
— Você tá é bêbado, pense bem antes de falar — eu ainda brinquei com ele na época e fiquei com um pouco de dó do Raul ao perceber que o Guto não o respeitava. No fim... tudo farinha do mesmo saco.
— Ah, quem não tem fantasia de ser pego por dois ursos na frente de um monte de gente.
— Porque tá me dizendo isso? — eu tentava só entender essa bosta para quem sabe me enturmar mais facilmente. — Respeite o Raul. Porque você fala isso na frente do seu namorado?
— Que se dane, o Raul e não fica bravo, somos super abertos. Já ouviu falar em relacionamento??? Tu acha que é dono de alguém só porque namora.
— Pra mim não funcionaria, se vocês acham interessante, busque comentar com pessoas que pensam parecido e não comigo.
— Cara, dois anos atrás, o Braz aprontava todas.
— Ele tá comigo e a coisa é diferente.
— Ai, ele acha que o Braz não dá umas escapadas? Tu tem uma cara bonitinha, mas vocês não têm a menor química.
O Braz me seguiu quando eu saí porta a fora. Preferiu ficar do meu lado e para evitar novos atritos nos afastamos da turma e eu passei a ser detestado por alguns de seus amigos que hoje seguem mais afastados, sendo aqueles que mantem-se apenas cordiais pelo Braz.
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Ativo e Passivo 3 - Mais Rotina
Roman d'amourRotina apenas. Os anos de relacionamento trazem alguma emoção ainda, mas a estabilidade permite que tudo seja ponderado com mais sabedoria. Enfim, para quem desejar, ainda podemos contar sobre a rotina de um casal que apenas repete e compartilha sua...