O ATAQUE DAS MENSAGEIRAS DA MORTE

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CAPITULO DOIS

O ATAQUE DAS MENSAGEIRAS DA MORTE

– Não, nãoooo! – o grito de Sayo reverberou por toda a casa.

– Mais uma vez os sonhos, filho? Cerano estava segurando a mão de Sayo.

– Sim, pai, mas já estou bem.

O garoto tentou se recompor para voltar a dormir.

– Então volte a adormecer. Vou para meu quarto. Qualquer coisa me chama – falou Cerano cansado, pois na última semana, acordava sempre no meio da noite.

Sayo sonhava muito, desde criança. Ao cair no sono sempre vinha em sua mente livros pesados, gravuras enigmáticas e por aí vai. Há uma semana ele vinha tendo o mesmo e insistente pesadelo, aterrorizante, que ele preferia esquecer, mas que nunca acontecia, sempre lembrava: um gato corria atrás dele por ordens de seu pai. Toda vez que o animal o alcançava, ele acordava. Os pesadelos, coincidentemente, haviam começado dias antes do seu aniversário de quinze anos, quando finalmente completaria a maior idade.

Logo que amanheceu, Sayo abriu a porta de casa. Rinita logo chegaria, no mesmo horário de sempre. Era a mesma rotina. Cerano saía mais cedo para trabalhar na lavoura da comunidade. Sayo tomava o café que seu pai já deixava pronto e, logo depois, com sua amiga, saíam juntos para ajudar na lavoura, ou passear nos lugares mais improváveis da vila. Apesar de que se aproximar da floresta não era o passatempo preferido de Rinita. Faziam tudo juntos. Ela era cautelosa e um pouco medrosa já ele era confiante e ousado.

Sayo e Rinita escalaram alguns dos rochedos de Comungal, que circundava a vila e funcionava como barreira natural, protegendo as pessoas da perigosa floresta. Estavam procurando cabritos que  fugiram do restante do rebanho. Castigados pelo Sol escaldante e um pouco entediados Sayo decidiu mais uma vez comentar sobre seus sonhos.

– Tem certeza Rinita, você não lembra de nada? Às vezes eu não tenho certeza se foi um pesadelo, para mim foi tão real.

– Acho que o grande Sol está cozinhando seus miolos. Já falei que foi um sonho. Você acha que se tivesse acontecido tudo o que você falou, javalis voadores, gato gigante eu não me lembraria? – falou Rinita irritada.

– Tudo bem então, foi um sonho – disse, Sayo, desanimado.

Os jovens avistaram os cabritos mais ao alto e dispararam atrás deles, pegando um, e depois o outro, pelos pequenos chifres. Estavam descendo os rochedos, com os cabritos no colo, quando perceberam Karil e Montel, dois irmãos gêmeos, de olhos vermelhos como os de coelhos, observando-os da plantação, na parte baixa do rochedo, protegidos do Sol.

– Olha lá! Agora eles ficam vigiando cada passo que damos. Pensam que eu não percebo – falou Sayo desconfiado, enquanto alisava seu dócil cabrito.

– Deve ser por ordens do seu pai. Ele já deve estar sabendo das suas alopradas à noite e, provavelmente, pediu para Karil e Montel ficarem de olho em você.

Enquanto falava, Rinita segurava seu cabrito com força, pois ele tentava escapar a todo custo.

– Vou fingir que acredito. – Sayo deu de ombros, contrariado. – Sabe o que é curioso, tem outro sonho... de uma roseira, metade das flores são brancas e a outra metade são vermelhas. Este também me deixa angustiado.

– De novo? – Rinita queria pôr fim na conversa chata.

– Tem algo estranho no ar, só você não percebe.

– Não percebo o quê? – falou Rinita brava.

– Não sei, mas tenho a impressão que logo vou descobrir.

A HISTÓRIA DAS ROSAS- A ascensão de Sayo {LIVRO COMPLETO}Onde histórias criam vida. Descubra agora