A CONSPIRAÇÃO

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CAPITULO NOVE
A CONSPIRAÇÃO

Dráconis e Norto estavam no observatório do Castelo de Sombras. Lá havia um enorme telescópio prateado, de montagem altazimual, firmemente apoiado em um tripé de madeira. Pela lente do telescópio, através de uma complexa combinação de comandos, era possível ver todos os territórios de Nasca.

- O garoto teve ajuda de alguém para escapar do Castelo - falou Norto desconfortável por ter garantido para Dráconis que Sayo seria incapaz de fugir.

- Quem o ajudou? Será que mais alguém sabe que o garoto veio para nossa morada? - Dráconis olhava impaciente, através da objetiva do telescópio.

- Miriá? - sugeriu Norto.

- Ela já teria nos entregado à alta cúpula do império.

- A anciã pode estar planejando exatamente isto. O soberano aparentemente pensa que o garoto foi apanhado. Temos que encontrar, rapidamente, um jeito de derrotar Gaio e empossar Sayo como o novo soberano de Nasca, antes que as forças do império o encontrem e nossa esperança morra com o garoto.

Na outra extremidade do Castelo de Sombras, na torre oeste, Sofonias rememorava o olhar perdido de Sayo, que não saía de sua cabeça.

- O garoto é preto como eu.

Não tiveram muito tempo para conversar. Tudo havia acontecido muito rápido. Como o garoto havia chegado ao Castelo de Sombras? Quem o estava perseguindo? Eram muitas perguntas sem respostas aparentes.

- Tenho a impressão que Dráconis sabe alguma coisa sobre o garoto, ou mais, que está envolvido nisso - comentou Sofonias para sua lira, um instrumento musical peculiar, feito de partes da andorinha de estimação de Sofonias, misturada com pedaços de madeira, típicos do instrumento musical.

A lira era composta por uma caixa de ressonância, de onde partia verticalmente dois braços. Na extremidade de um dos braços havia a cabeça da andorinha e do outro lado uma estrutura circular de madeira. No topo, as partes eram ligadas por uma barra, que unia as cordas até a outra saliência transversal, que transmitia as vibrações das seis cordas, feitas com as tripas do pássaro. A lira era a melhor amiga de Sofonias.

- Quais as razões para você suspeitar de Dráconis? - indagou a lira, com a voz suave e ritmada.

- Por causa do oráculo. Ele é o bem mais precioso que existe neste castelo.
Depois do aprisionamento de Agar, ninguém mais conseguia ler o oráculo. Desde então, o livro era mantido no Castelo supostamente em segurança.

- Se Dráconis o perdeu, com certeza está procurando e, provavelmente, sabe quem o roubou - pontuou Sofonias.

- Só tem um jeito de ter certeza - concluiu a lira-andorinha.

- Eu sei.

Sofonias saiu do salão instrumental e desceu a escada que dava no pequeno corredor, o atalho perfeito até os aposentos de Dráconis, na torre sul. Enquanto andava, ele podia sentir que o Castelo mais uma vez mudava de posição.

Chegando à porta do quarto de Dráconis, Sofonias se anunciou. Aparentemente não havia ninguém. O ancião tirou a holofor matriz do bolso, enfiou a mão na estrutura gelatinosa e liberou a mensagem condensada. O recado solicitava a Dráconis que comparecesse à sala de reuniões.

Dráconis recebeu a holofor de Sofonias no observatório. Quando ele a ativou, projetou-se no ar, os dois anciões conversando na sala de reuniões.
A holofor transformou-se em um gambá de focinho simpático, que Norto fez questão de matar.

- Este gambá servirá de alimento para uma das minhas cobras - Norto assoviou e sorrateiramente de sua capa, escorregou uma víbora.

A cobra aumentou mais de dez vezes o tamanho da boca e conseguiu engolir o gambá, que em vão tentou fugir.

A HISTÓRIA DAS ROSAS- A ascensão de Sayo {LIVRO COMPLETO}Onde histórias criam vida. Descubra agora