CAPITULO OITO
A VIDA DE VOLTA– Filho, vamos para lavoura, já vai amanhecer.
Cerano se esforçou para ter a mesma rotina de sempre.
Geralmente, Sayo ficava irritado em acordar tão cedo, desta vez não, estava feliz por estar em casa a salvo, e apesar da tensa conversa do dia anterior, acordou disposto.
– Vá se trocar e desça para tomar seu café-da-manhã, estou esperando.
– Já estou indo, pai!
Na mesa havia frutas, pães, sucos, tudo do bom e do melhor. Tomaram café e, por incrível que parecesse, estavam felizes. Depois do café Sayo e Cerano seguiram pelas ruas de Comungal. As lamparinas estavam acesas e com a luz fraca. O ar familiar lhes fazia muito bem. Eles estavam indo até o gabinete do senhor Dante, para assinarem o livro de trabalho do dia.
O senhor Dante era o administrador de Comungal. Um homem muito preocupado com a segurança e o bem-estar dos moradores da vila. Naquele dia, Sayo ficou sabendo que Dante era um refugiado do Território da Andorinha.
– Bom dia, Cerano – falou o homem corpulento e de bigode penteado. – O jovem Sayo enfim voltou.
– Bom dia, senhor Dante. Graças a Rá, sim. Ele voltou.
O rosto rubro de Dante totalmente voltado para Sayo.
O rapaz não se sentia muito à vontade na presença de Dante, tinha a impressão que ele escondia algo.
– Ouvi dizer que vocês estão com um cavalo de fogo – Dante não disfarçava o interesse no animal.
– Sim, estamos com um cavalo de fogo. Entregaremos para a natureza. Nem sabemos o que estes cavalos comem – falou Cerano piadista, tentando descontrair o ambiente.
– Está certo. Me diga, Sayo, onde conseguiu o animal, por onde andou?
– Não responda! – Cerano falou tão veemente que chegou a assustar Sayo.
– Ok, não quero criar problemas – ponderou Dante.
Quando passou pela porta do gabinete Sayo sentiu um grande alívio por sair de perto daquela presença indesejada.
– Dante foi um grande general do Território da Andorinha, um dos poucos que sobreviveu. A maioria dos habitantes do território leste era da Rosa-Vermelha e acabaram perecendo. Dante, como você sabe, é da Rosa-Branca e sobreviveu – explicou Cerano.
– Não consigo engolir esta história. Eu também sou preto e não desapareci. Afinal de contas, porque eles sumiram – falou Sayo, querendo maiores esclarecimentos. – Será que eu também não sou deste Território?
– Nós não somos do Território da Andorinha – Cerano respirou profundamente. – A tentativa de evitar uma tragédia gerou mais vítimas. A morte dos Rosas-Vermelhas foi um erro.
O garoto apenas escutou o que pai dizia e evitou falar qualquer coisa. Seguiram para a lavoura. Chegando lá, Sayo sentiu falta de alguém, sua amiga Rinita.
Acabaram se encontrando mais tarde. Ele trabalhou alegremente durante todo o dia. Gostava da ideia de que sua vida voltaria ao normal, mesmo que momentaneamente.
– Vamos embora, filho, já deu nossa hora – anunciou Cerano, como um excelente ator.
– Vou com a Rinita mais tarde, pai. Estou com muita saudade dela.
Cerano não gostou muito da ideia de deixar Sayo sozinho, mas permitiu que o garoto ficasse com a amiga. Afinal, estavam na vila e ele havia prometido que as coisas voltariam ao normal.
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A HISTÓRIA DAS ROSAS- A ascensão de Sayo {LIVRO COMPLETO}
PrzygodoweNasca é um planeta governado por SUPREMACISTAS BRANCOS da Rosa-Branca, os PRETOS da Rosa-Vermelha são subjugados. Neste mundo dividido por cores, a morte sem explicação dos pretos acabou abrindo caminho para um golpe. Após a tomada do império pelo f...