A FUGA

160 79 10
                                    

CAPITULO SETE
A FUGA

Sayo recostou na parte exterior do castelo, na plataforma. Era noite e o vento uivava, ele percebeu que o Castelo não estava mais em uma rocha no meio do mar e sim a muitos mil metros de altitude, na borda de um penhasco.

– Como farei para sair daqui? – pensou Sayo.

O garoto sabia que Dráconis e Norto logo viriam atrás dele.

Acima de sua cabeça pairava à névoa branca, aquela que Sofonias havia aconselhado ter precaução. Ele se sentou na plataforma, nostálgico. Lembrou-se da sua comunidade, de como tinha sido boa sua infância. Também se recordou de sua amiga Rinita, que havia sido engolida pela multidão. E seu pai, será que estava a sua procura?

Recordava-se do quanto estava ansioso para completar quinze anos e cuidar da própria vida. Se pudesse teria parado o tempo, antes de seu aniversário.

Sayo entendeu o porquê daqueles terríveis pesadelos, mas por mais que ele tentasse, não conseguia fazer uma conexão clara. Seria aquilo uma espécie de aviso? “No dia do meu aniversário de quinze anos, um ataque de mensageiras da morte de presente, realmente eu sou muito azarado”.

O garoto absorto em pensamentos, foi trazido a realidade do pior jeito. Parecia que sua mão direita estava se quebrando em mil pedaços. Uma figura circular se formava em sua palma, com raios saindo do centro. Ardia e queimava como fogo, era alaranjada e lembrava uma tatuagem solar. A face de terror tomou conta dele.

Com o livro também algo acontecia. As dobras de papel de ouro, que cobriam as pedras preciosas, se esticaram, deixando expostos os rubis, que mais pareciam olhos vivos. Suas folhas, coladas umas nas outras, se desprenderam com um estalido.

Sayo com cuidado folheou o livro, uma luz dourada saía de dentro dele. Em uma das páginas em branco, letras de cor negra surgiram, formando a palavra: o escolhido. O garoto instintivamente encostou a tatuagem solar que havia surgido em sua mão.

O livro então rolou algumas páginas. Apareceu o desenho de uma roseira no papel. Desta vez a figura era colorida, de um lado Rosas-Brancas e do outro Rosas-Vermelhas com várias rosas murchas no chão em volta. Igualzinho a roseira dos seus sonhos.

Logo abaixo havia a figura de um cadeado com o seguinte dizer: SENHA. Sayo não tinha ideia de senha alguma. Tentou encostar a tatuagem solar novamente, no entanto apareceu: SENHA INCORRETA. Um raio foi lançado pelo livro e atingiu Sayo, que foi arremessado para longe na plataforma.

Mesmo tonto, ele se levantou e correu para pegar o livro, com medo do oráculo desaparecer. Assim que o pegou, percebeu que ele estava lacrado novamente e a tatuagem em sua mão havia desaparecido.

Sayo pensou que iria morrer ali mesmo, não tinha como sair da plataforma. Mal o pensamento de morte passou em sua mente, a névoa branca, protetora do Castelo o envolveu e o fez flutuar. Quando ele estava bem alto, e tentando se desvencilhar, veio um enorme touro de névoa e o atacou.

O garoto estava em queda livre, segurando o oráculo com força, não queria perdê-lo. O livro era sua única esperança. A morte parecia inevitável. De repente Sofonias surgiu em sua cabeça, ele pôde ouvir claramente: “use a flauta”.

Sayo pôs a mão na cintura, pegou a flauta e de cabeça para baixo começou a tocá-la. Poucos segundos depois ouviu um barulho familiar, era o cavalo de fogo, que logo o alcançou e o pôs em seu lombo. Tudo aconteceu em segundos. O cavalo subiu mais alto tentando sair da armadilha.

No ar havia figuras violentas de animais: chacais, lobos, touros. O cavalo de fogo fazia manobras aéreas, desviando da névoa. Um enorme elefante atingiu Sayo em cheio. O cavalo se desequilibrou e o rapaz caiu.

A HISTÓRIA DAS ROSAS- A ascensão de Sayo {LIVRO COMPLETO}Onde histórias criam vida. Descubra agora