Capítulo 14

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Olá b0iol4s, espero que estejam se cuidando; lavando as mãos e passando álcool em gel, evitando sair de casa ou tentando ficar distantes de aglomerações!
Como o momento é uma tanto quanto assombroso e, para alguns, tedioso. Resolvi atualizar hoje para deixá-los minimamente entretidos!

Desejo uma boa leitura e, por último, mas não menos importante: FICA EM CASA CARALHO e cuidem das avós de vocês....

VITÓRIA P.O.V

Uma poderosa BMW preta se materializou no nosso encalço.

Ana e eu olhamos para trás e vimos o carro se desdobrar em mais dois — os três nos perseguindo como aviões de caça em formação, aproximando-se para o golpe final.

Gostei de ver os reflexos de Ana. A maioria das pessoas teria começado a gritar, a choramingar e a criar problemas.

Em vez disso, Ana calmamente pegou sua arma e se preparou para criar problemas — para eles.

Ainda ao som do Air Supply, Ana pulou para o banco de trás. Segui seus movimentos pelo retrovisor. Arrastando-se de bruços, ela avançou mais duas fileiras de bancos reclinados e parou na terceira, deixando o encosto em pé, à guisa de escudo. Depois jogou no bagageiro tudo o que encontrou dentro do carro — cesta de piquenique, equipamentos de hóquei, tacos de golfe — e formou uma espécie de bunker.

Santo Deus, por que será que as pessoas carregam tanta tralha dentro do carro?

Ana apertou um botão, e o vidro de trás baixou automaticamente, permitindo que ela atirasse sem qualquer obstáculo. Depois assestou a arma sobre o encosto do banco e... mandou bala!

Infelizmente tive de ultrapassar uma caminhonete que estorvava o caminho, e, com o movimento, acabei arruinando a ofensiva de Ana.

— Porra, Vitória! — ela berrou. — Tirou carteira por telefone? Segura firme esse volante!

O que não era tão fácil assim.

— Não sei como as pessoas conseguem dirigir essas porcarias! — eu disse. A minivan tinha a estabilidade de um touro bêbado.

— Então é melhor você treinar num estacionamento vazio! — Ana voltou para o banco da frente. — Cai fora, Vitória.

Eu hesitei, e ela me puxou pelo braço, dizendo:

— Acontece que eu sei dirigir essa porcaria.

Eu detestava quando ela começava a me dar ordens de forma nervosa.

— Sim, senhora — concordei, num tom de voz meio azedo. Por outro lado, se ela assumisse o volante, eu ficaria livre para mandar os nossos perseguidores para o espaço, ou melhor, para o inferno.

Eu pelejava para manter o carro firme na pista enquanto tentávamos trocar de posição, o que não seria nada fácil de se fazer em alta velocidade.

Ana acabou sentada no meu colo, de frente para mim e de costas para o volante. Uma posição adorável se estivéssemos num dríve-in, mas muito perigosa a 130 por hora numa auto-estrada.

Fiquei meio sem graça. Seus olhos furavam os meus, fazendo com que eu me sentisse diante de são Pedro nos portões do paraíso, prestando conta de todos os meus atos na Terra.

Ficamos assim por alguns segundos. Uma nuvem de perguntas sem respostas pairando acima de nossas cabeças.

Mas ali não era hora nem lugar para lavarmos a roupa suja do passado.

Com muita dificuldade, arrastei-me para o lado, permitindo que ela virasse o corpo e assumisse a direção. O que não poderia ter demorado mais nem um segundo, pois, assim que ela botou as mãos no volante...

Sra & Sra. Caetano FalcãoOnde histórias criam vida. Descubra agora