Capítulo 1

978 64 17
                                    

[Cinco ou seis anos depois]

A manhã nublada não ajudava no péssimo humor matinal que Vitória ostentava ao recolher o jornal na entrada de casa. A xícara de café firmemente segura em uma mão enquanto a outra acenava para o vizinho, que parecia animado.

Ana estava no cozinha quando a cacheada entrou novamente, sem sequer olhar na direção dela. Desfrutaram do café da manhã e partiram para o banheiro, onde fizeram a higiene matinal juntas.

- O que você achou do Mike? As perguntas dele foram meio sem graça - falou Ana, que estava junto de Vitória no closet.

- É, faltou... profundidade - concordou, vestindo a camisa enquanto a morena calçava os sapatos de salto, ainda de sutiã e saia.

- Sim, e o consultório dele fica muito longe - disse Ana, piscando os olhos.

- As quatro horas pegamos um trânsito danado - retrucou a cacheada, pegando o paletó do armário - Super chato, né? - sorriu de lado, sumindo pelo corredor que dava acesso ao banheiro.

Ana deu de ombros, terminando de arrumar o cabelo escuro em um coque apertado. Suspirou quando Vitória voltou, procurando entre os cobertores espalhados o controle remoto da TV, ligando o aparelho.

- Estamos combinadas? - perguntou ela, recebendo um aceno simples em resposta - Então tá.

Depois de devidamente prontas seguiram para a garagem, cada uma abrindo a porta de seu respectivo carro.

- O jantar é as sete - lembrou a morena, sorrindo ao colocar os óculos de grau sobre os olhos.

- Está bem, estamos combinadas - respondeu Vitória, abrindo a porta do carro preto - Aqui, seu café - entregou o copo térmico para ela e voltou para o carro, afivelando o cinto para sair.

As duas deram partida no mesmo momento, causando um mini engarrafamento na saída da garagem. Vitória freou o carro e deixou que Ana passasse primeiro.

Foram em sentidos opostos quando avistaram a rua.

[...]

Já era noite e Ana estava ocupada ao preparar o jantar. A mulher retirou o assado do forno e largou no tampo de mármore, temperando a carne distraidamente até que uma luz vinda do jardim chamou sua atenção.

Girou a faca de cozinha que tinha em mãos e arqueou a sobrancelha, observando pela janela quando um carro sumiu pelo caminho da garagem.

Vitória estacionou o carro e colocou a aliança no dedo, arrumando os cabelos e escondendo as manchas de suas roupas antes de sair e caminhar até a porta de entrada.

- Oi amor - disse a cacheada, puxando a alça de sua bolsa. Encontrou sua esposa na cozinha e largou as chaves no suporte.

- Chegou na hora - sorriu Ana, ajeitando o avental azul bebê.

- Está chovendo a beça e o jardineiro deixou o aparador lá fora - informou Falcão.

- E o trabalho? - perguntou a morena, sorrindo.

- Mais ou menos - explicou Vitória, caminhando até o corredor de acesso a sala de estar.

- Comprei cortinas novas - disse a morena, ainda sorrindo. - E ai, o que achou?

Vitória fez uma careta e largou o drink que estava preparando, buscando qualquer informação sobre o que a mulher estava falando.

- As cortinas - respondeu Ana, com as mãos apoiadas na cintura e um olhar afiado no rosto.

A mulher balançou a cabeça ao vislumbrar o amontoado cinza na janela.

- Huh.. - murmurou, voltando a atenção para a coqueteleira em suas mãos.

Sra & Sra. Caetano FalcãoOnde histórias criam vida. Descubra agora