Após duas semanas da animação que fiz para Miguel, pouco tinha mudado: conversávamos sempre tarde da noite e seguíamos nossas vidas corridas. Uma coisa havia sofrido alteração: eu estava plenamente disposto a deixar minha vida para viver com ele, e isto tinha data – Abril de 2019.
Falar com a família foi chocante: minha mãe e avó não sabiam muito como reagir:
- Você tem certeza, filho? – comentou minha avó -. Não sei, vai que ele trafica pessoas por ai... Ou... Ou te destrata lá longe. Sabe que tudo vai ser mais complicado.
- Sim, sim, eu sei... – Na tentativa de passar segurança, inventei uma história -. Mas não pensem que estou indo ver um desconhecido, nãaaao.... Eu o conheço! Nos conhecemos a quatro anos atrás e o vi uma vez no Parque Ibirapuera devido a um encontro do grupo.
Claro, não era 100% mentira, afinal, eu o conhecia a quatro longos anos. A parte do Ibirapuera foi de última hora mesmo.
- Aaaaaah – murmuraram minha avó e mãe – então menos mal.
De qualquer forma, deixar a vida para viver em um lugar estrangeiro era uma coisa um "pouco demais" realmente. Era um risco que eu estava disposto a correr.
***
Falar com o Dr. Patrick sobre deixar minha vida por outra pessoa eliminou um peso de mim; um profissional como ele poderia me ajudar muito sobre como lidar com minha cabeça em outro país.
Desenvolvemos um pouco mais a história de fortalecer a mente e utilizar a arte como válvula de escape. Ele, por sua vez, me mostrou um outro campo do qual tinha simplesmente esquecido de analisar:
- Johnathan, gostaria de tocar em um assunto.
- Por favor, diga-me – falei prontamente.
- O que você vai fazer se der tudo errado?
Poxa! Uma coisa que eu nem tinha tido tempo de olhar. O que eu faria se tudo desse errado? Me perguntei por alguns momentos antes de respondê-lo:
- Doutor... Vou confessar que pensei pouco nessa hipótese. Ele me parece uma pessoa para toda a vida – expliquei -. Porém, se tudo der errado creio que chorarei em águas internacionais.
Após rir um pouco, continuei:
- E, claro, fora isso, colocarei na balança se será mais fácil continuar ali sem Miguel ou voltar para o conforto de minha família.
Patrick parecia convencido e confiante em relação aos meus planos – coisa que nem eu mesmo botava tanta fé porque não acreditava tanto em meu potencial.
***
Mais uma noite conversando com Miguel – e eu nunca me cansava disso! Expliquei para ele sobre como as coisas estavam caminhando a rumo de "Itália 2019". Ele, feliz, continuou:
VOCÊ ESTÁ LENDO
A História Que Me Sobrou
RomanceNo final de contas, as histórias sempre são o que sobram nas nossas vidas. Podemos sofrer com elas, lutar contra elas, ou simplesmente aprender. Claro que Johnathan - eu mesmo - jamais imaginaria a história que estaria por vir em sua vida. Com apen...