Chegamos ao quarto do Tyler e ele dá-me permissão para entrar à sua frente. O lado esquerdo do quarto está preenchido com as coisas dele. A parede repleta de poemas dele, de alguns desenhos que tinha feito, quando ainda os fazia. Algumas fotografias com os amigos, sendo que algumas das suas caras me eram familiares. E no meio de tudo isto, a sua fotografia favorita. Com a falecida mãe, e ele ao seu colo, ainda em bebé. Quando os meus olhos se cruzam com esta, sinto um aperto. Imagino o que ele deve sentir quando lhe acontece o mesmo.
Do outro lado do quarto, não havia nada que o decorasse. Apenas a típica cama igual a todas as outras, mas sem lençóis ou cobertores. Uma secretária sem estar cheia de livros. Uma mesa de cabeceira. E um mini roupeiro, como todos no campus tínhamos.
- Estás sozinho? - pergunto.
- O quê? - sinto-o distraído.
- No quarto. És só tu.
- Ah. Por agora sim, felizmente. Mas não deve demorar muito até aos alunos de intercâmbio chegarem. Depois acabou-se o sossego.
- É bom que esperes qualquer tipo de rapaz. - dou uma risadinha.
- Até tenho medo. - ele sorri ligeiramente.
Ele atira-se para cima da sua cama. Está meio sentado, meio deitado. Tira um cigarro do bolso e acende-o. Eu imito-o. Sento-me na cama, ainda sem dono, e acendo também um dos meus cigarros, certificando-me que a janela do quarto está aberta para sair o odor a tabaco.
Sinto-me um pouco desconfortável, neste ambiente estranho. Estamos só os dois, no seu quarto. Decido quebrar o silêncio.
- Uma parede tão grande, e nem uma fotografia comigo... - brinco, fingindo estar magoada.
Ele sorri e levanta-se.
- Por acaso, tenho uma.
Segura o cigarro apenas com os lábios, enquanto remexe dentro de uma das três gavetas da secretária. Estou confusa, e apenas espero. Finalmente, atira uma fotografia para o meu colo. Não diz nada e volta-se a meter confortável na cama. Antes de ter coragem para ver a fotografia, lanço-lhe um olhar duvidoso. Mas ele responde-me com um encolher de ombros. Pego na polaroid e viro-a. Tem uma data, por baixo, escrita a caneta preta permanente, a data "16.06". A fotografia era comigo. Lembro-me que neste dia tínhamos ido passear com um dos irmãos dele, o Bryce.
- Não fazia ideia que ainda a tinhas.
- Sempre tive, gosto demasiado dela. Ponderei colocá-la na parede ao pé das outras, mas a Bella é ciumenta. Era. - corrige de imediato. - Mas agora posso reconsiderar.
Não lhe dou resposta porque honestamente não sei o que lhe dizer.
- Como está o Chase?
Não percebo porque é que ele tem sempre de chamá-lo ao assunto. Mas devia aproveitar, já que estamos em bons termos, para lhe dizer a verdade. Não toda a verdade. Apenas parte dela. Ele teria de saber, mais cedo ou mais tarde.
- Já não estamos juntos. - ele parece admirado e observa-me durante uns segundos sem pronunciar palavra. É um assunto que me é, ainda, difícil de falar, então tenho de me esforçar para manter o controlo.
- Posso perguntar porquê?
- Porque não. Não quero entrar em detalhes.
- Ele fazia-te bem. Parecias estar feliz... - está a olhar para baixo e brinca com uma das pulseiras que tem no pulso.
- E estava. Muito. - não quero mesmo continuar com o assunto, mas ele parece desejar o mesmo, não dizendo mais nada. - Devia ir andando. - levanto-me, pego na minha mala e preparo-me para sair.
- Sim, claro. - levanta-se, igualmente. - Obrigado por me ouvires. A sério.
- É o que faço, não é? - sorrio ligeiramente. Ele retribui e acena com a cabeça levemente.
Saio do quarto e agradeço por não ter saído de lá chateada. Primeiro dia em muito tempo que não discutimos, uma única vez. Sinto-me aliviada por lhe dizer que já não estou com o Chase. Apenas só lhe disse isso, na verdade. Não lhe disse o porquê, nem de quem foi a culpa. Não lhe contei nem um terço do que era suposto. Mas não tenho de o fazer. Pelo menos por agora. Mas tenho tido a necessidade de tirar este fardo de cima, desabafar com alguém. Mas no campus, não há ninguém a quem sinta que devo contar. Menos a Layla. Deveria mesmo ponderar. Até agora sempre se revelou uma pessoa incrível, e quem me apoiou desde que cá cheguei.
Chego ao quarto e a Layla está a fazer um desenho. Dou-lhe uma pancadinha no ombro, de modo a ter cuidado para não interferir com o desenho.
- Como já disse, uma verdadeira artista! - elogio-a e ela ri-se, e diz-me ser para um trabalho que o professor de desenho pediu.
- Como foi a aula? - pergunta-me.
- Hum, boa. - minto.
- Boa? Só boa? É a tua favorita. Sempre que tens uma vens me dar uma palestra de uma hora sobre o que aprendeste. - pousa o pincel de aguarelas e vira-se para mim, com cara de desconfiada.
- Sim. Quero dizer, adorei. Mas não aprendi nada que ainda não te tenha ensinado. - forço um riso. Não queria contar-lhe que faltei à aula para estar com o Tyler. Ela perguntar-me-ía o porquê e teria de lhe contar. E o Tyler pediu para não o fazer.
- Blue, - faz uma pausa - vá lá. Não nasci ontem. Onde andaste?
- Pronto, ok! Não fui.
- E o motivo...
- O Tyler pediu-me ajuda numa coisa.
- O Tyler? Porque te pediria ajuda para o que quer que fosse? Logo a ti.
- Não sei. Mas pediu. - tento escapar, mas ela lança sempre mais alguma questão.
- E que coisa foi essa que ele estava tão atrapalhado para fazer sozinho?
- Mas isto é algum questionário? Vá lá, Layla. Esquece, não foi nada demais.
- Ai não esqueço não, minha menina! - senta-se ao meu lado e faz-me pressão. - Conta. - Tento arranjar uma desculpa mais elaborada para que pareça algo mais credível.
- Não me apetecia ir à aula hoje, não sei porquê. Acordei mal disposta. Ele também não queria ir e acabámos por ir para o quarto dele. Pronto. Feliz?
- Para o quarto dele??? - escandalosa, como sempre.
- Por favor!! Não aconteceu nada. Prometo.
- Pronto, está bem. Eu acredito. - cansou-se do questionário e retomou a atenção no seu desenho.
- Mas queria falar contigo.
- Fala. - diz, sem tirar os olhos do seu trabalho.
- Preciso que prestes atenção. - ela vira-se, então, de novo, para mim. E dá-me, agora, toda a sua atenção.
Helloooo!! Não sei se hoje publico mais algum capítulo ou se agora só amanhã. Espero que gostem!! Bjinhos and give me love.
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KEEP MY SECRET SAFE
Teen FictionUma adolescente, mal completa os seus 19 anos, vê-se obrigada a ir estudar para o liceu de Boston, onde terá de começar uma nova etapa da sua vida e enfrentando novos desafios, terá de deixar os seus tormentos do passado para trás. Descobre o que ta...