Inspiro fundo para encher os pulmões de coragem. Não sei por onde começar mas caso me arrependa, não há nada que me permita voltar atrás. Ia ser um grande passo na nossa relação. Já éramos próximas, sim. Mas confiar isto a alguém é algo importante.
- Lembras-te de um tal rapaz que te falei, que foi meu namorado? - ela acena com a cabeça positivamente e eu continuo. - Chamava-se Chase.
- Chamava? Porquê no passado? - franze o sobrolho. Passado uns segundos parece aperceber-se e apenas lhe escapa um "oh".
- Era meu namorado. Houve uma noite. Uma festa. Quando saímos da festa estávamos ambos um pouco alcoolizados. Aliás, bastante. - tento fazer pausas na história para me controlar. - Estávamos a caminho de casa dele e ele ia a conduzir. Comecei a discutir com ele por ele ter estado muito tempo com os amigos na festa e não tanto comigo. Não que eu seja ciumenta a esse ponto, ou controladora. Mas depois do que passei por causa do Tyler, foi o Chase que me ajudou a ultrapassar tudo. Se não o sentisse por perto, nem me sentia segura muitas das vezes. - a Layla passa a mão no meu rosto para limpar uma lágrima que eu nem senti escorrer. - Com a distração que a discussão causou, ele despista-se. Só eu é que sobrevivi. Fiquei em coma durante um mês e só soube quando acordei, que ele morrera. Daí esta cicatriz. - mostro-lhe a minha cicatriz de 8cm que tenho na perna direita. - E pronto. Agora já sabes o que tanto me atormenta. Nunca me perdoei e duvido que o consiga fazer. Se eu não começasse a discutir com ele e a meter problemas em tudo, não acontecia. Nunca me despedi e custa-me saber que o nosso último diálogo foi uma discussão.
- Porque é que nunca me tinhas contado? - vejo na sua cara que está com pena de mim. Odeio que tenham pena de mim.
- Ninguém sabe para além da minha melhor amiga e da minha família, claro. Decidi contar-te porque tinha de tirar isto de cima, e não confio em muita gente aqui. Foste a melhor candidata para isso. - forço um sorriso. - Mas o Tyler sabe do Chase. Só não sabe o que aconteceu. Hoje disse-lhe que já não estamos juntos, nada mais.
- Mais cedo ou mais tarde, vais ter de contar.
- Eu sei. Mas para já, não.
A Layla envolve-me num abraço e sinto-me bem. Sinto-me agradecida e aliviada. Por já ter desabafado do assunto com alguém e por ter sido com a Layla.
Ouço uma espécie de barulho vindo da porta, o que interrompe o nosso abraço.
- Ouviste? - pergunta-me.
- Sim.
Ela levanta-se em direção à porta e assim que a abre, espero ver alguém do outro lado. Mas nada. Espreita ao longo do corredor mas não dá por sinal de ninguém.
- Estranho. - encolhe os ombros e volta a fechar a porta. - Bem, vou almoçar fora com o Zayn. Ia fazer-te bem! Queres vir?
- Pode ser, sim! - aceito o convite.
Dispo o uniforme e visto uma roupa mais ocasional. Visto umas calças justas, bejes, de bombazine, com um top preto com um pedaço de renda no fundo e umas botas de salto finas pretas. Coloco tudo dentro da minha mini carteira de ombro e saio juntamente com a Layla.
O Zayn está à espera no parque de estacionamento e ao passar pelo meu carro tento recordar-me quando foi a última vez que lhe dei uso. Já faz um tempo. Cumprimento o Zayn, assim como a Layla. Cada uma à sua maneira.
- Vamos ao Pollo Club? - ambas concordamos que sim. É dos melhores brunches em Boston e não vou a um desde que saí de Nova Iorque. Os de lá eram os melhores.
No caminho de 20 minutos para lá fomos os três conversando. Sobre as aulas, sobre combinar uma saído de grupo como uma ida à praia, do incidente que levou o Tyler ao hospital...
Mal chegámos, arranjámos logo mesa. Não é um espaço muito grande mas também não estava muito lotado, o que estava a nosso favor. Escolhi Pasta tal como o Zayn, e a Layla escolheu um hambúrguer vegan. O almoço parece ter durado menos do que aquilo que realmente durou, porque estávamos entretidos. Sinto-me super bem quando estou com eles e nunca de parte. Muito pelo contrário. Apesar de namorarem, sinto-me sempre incluída e confortável. O Zayn passou o almoço todo a gozar com a Layla, enquanto que esta lhe respondia com caretas. Conseguem fazer tudo e agir sempre de forma adorável.
O almoço estava ótimo e eu insisti em pagar o de todos, visto que tiveram a gentileza de me convidar. O Zayn fingiu amuar por não ter sido ele a pagar mas prometi-lhe que da próxima seria ele.
O caminho de volta foi mais uma vez super divertido e o relógio do meu telemóvel já marcava as 4:16pm. O tempo passou a voar e nenhum de nós deu por isso. Despedimo-nos do Zayn que disse que tinha de ir para o quarto acabar um trabalho para o dia seguinte. A Layla disse que já vinha ter comigo ao quarto, que tinha de tratar de algo em primeiro. Eu dirigo-me ao quarto, visto um fato de treino, e vou estudar um pouco de literatura. Quando dou por mim, já tirei apontamentos de quase 30 páginas, e já são 7pm. A Layla não chegou, mas não questiono. Anda sempre metida em tudo, nem vale a pena saber.
Encomendo comida chinesa para o meu jantar e para o da Layla, apesar de não lho questionar e de não saber se janta aqui. Espero mais 1h e entretanto a comida chega. Mas nada de Layla. Já fumei um cigarro e já vi um episódio de Friends, e nada.
Começo a jantar pois a fome já aperta. E começo-me a questionar se lhe terá acontecido algo. Não quero dramatizar, então esqueço só. Apenas vou tomar banho e pode ser que quando acabar, a Layla já esteja no quarto. Certifico-me que deixei tudo mais ou menos organizado e o seu jantar em cima da sua secretária.
Assim que entro no balneário partilhado ouço alguém chorar. E aproximo-me de uma das cabines, intensificando-se mais o som do choro.
Oiiiii!! Como está a ser a vossa quarentena? Espero que gostem deste capítulo, foi um bocado mais leve mas mais está para vir :) kissies

VOCÊ ESTÁ LENDO
KEEP MY SECRET SAFE
Teen FictionUma adolescente, mal completa os seus 19 anos, vê-se obrigada a ir estudar para o liceu de Boston, onde terá de começar uma nova etapa da sua vida e enfrentando novos desafios, terá de deixar os seus tormentos do passado para trás. Descobre o que ta...