Tempestade no mar

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 ☠• Glossário

Timão — "volante" do navio, responsável por direcionar o leme, que por sua vez direciona o navio

Tombadilho —, ou castelo de popa, é a parte mais elevada de um navio, que vai do mastro da mezena (último mastro de um navio) até a popa.

Enxárcia — conjunto de cabos e degraus roliços feitos de corda, que sustentam mastros de embarcações a vela e permitem acesso às vergas.

Aye — pronunciado como "ai", significa "sim" ou "entendido".

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  No horizonte as nuvens escuras e pesadas cobriam o imenso céu do Oceano Índico. Imponentes, os raios cintilantes rasgavam a atmosfera, fazendo os olhos inocentes do pequeno San brilharem como os de um louco que apreciava verdadeiramente toda a beleza do caos.

Os estrondosos trovões rugiam raivosos, pressionando os tímpanos dos demais marujos a bordo, logo rajadas de vento velozes, violentas e descontínuas vinham de todos os lados, anunciando a monstruosa tempestade iminente que castigaria com toda a certeza, aquele navio pirata.

— Capitão Choi, uma tempestade se aproxima! — gritou o gajeiro no cesto da gávea, esta que ficava no mastro principal, bem de frente ao tombadilho.

Ele constatou o óbvio para o homem inexpressivo e quase grisalho que manuseava o timão.

— Não sou cego! — bradou o comandante em resposta. — Deixe que venha...

O homem disse a si mesmo e sorriu com escárnio para as nuvens, que como se tivessem compreendido o tom de deboche, despejaram de imediato a chuva torrencial, acompanhada de mais um urro de trovão e trazendo consigo o cenário perfeito para agonia, ansiedade e pânico.

As gotas de água chicoteavam impetuosamente as faces dos marinheiros que lutavam para manterem-se em equilíbrio, visto que o grande galeão agora oscilava ainda mais com as ondas a cada instante maiores, além de ferozes e quebravam-se sem piedade no casco do imbatível The Sea Storm, balançando-o como se fosse um mero brinquedo. A madeira rangia, assim como as polias enferrujadas pela maresia, em consternação aos maus tratos que sofriam pelo temporal.

— San, o que devemos fazer primeiro quando uma tempestade vem em nossa direção? — indagou o capitão para o garotinho que segurava sua perna firmemente e tentava ao máximo não demonstrar que se divertia com os solavancos repentinos do navio.

— Prender as velas de trás! — respondeu, passando a pequena mão nos cabelos encharcados, jogando-os para trás a fim de tentar enxergar algo além da escuridão nebulosa à sua frente.

— Esse é o meu garoto! — sorriu o mais velho, convencido.

Capitão Choi fazia questão de que seu filho aprendesse a navegar desde cedo, para assim ter um ajudante bem treinado e moldado à seu gosto. O menino era realmente um prodígio e isso orgulhava muito o velho pirata, pois com cinco anos, o garotinho já sabia orientar-se perfeitamente no oceano apenas observando a posição das estrelas.

— O que estão fazendo, seus ratos de fossa? Prendam as velas, amarrem as cordas! — ordenou.

Sem hesitação alguns marujos se apressaram para enrolar cordas em suas cinturas e subir nos mastros para proteger as velas, outros corriam para tirar o que havia sobrado de valor no convés.

A água entrava pelas laterais do navio, forçando-o a ir de um lado para o outro, como um pêndulo e inundando o convés. Enquanto isso, as ondas que vinham de frente espancavam e invadiam o castelo de proa, dificultando ainda mais o trabalho dos tripulantes. O capitão fazia de tudo para manter a embarcação em equilíbrio e evitar que tombasse, o segredo era continuar com o galeão em movimento e em uma velocidade padrão para subir as ondas.

[HIATUS] Pirate Kings - ATEEZOnde histórias criam vida. Descubra agora