Espadas e Realeza

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  O menino de cabelos dourados esgueirava-se sorrateira e cuidadosamente pela vegetação alta que havia em volta de seu casarão, tentando ao máximo não fazer barulho — havia até mesmo tirado suas botas para carregá-las na mão —, visto que havia fugido de seus deveres com o tutor para poder brincar com seus amigos escondido. Silenciosamente ele foi até a porta dos fundos da casa, a qual dava acesso à cozinha, sua intenção era subir para o banheiro discretamente e evitar o pai furioso que provavelmente estaria o esperando na porta principal, pronto para lhe dar um sermão, ou até mesmo uma surra.

  Tocou a maçaneta de metal frio delicadamente, virou-se para trás com o intuito de verificar se não havia ninguém próximo e assim que concluiu estar tudo tranquilo, abriu a porta lentamente, sem se preocupar em checar dentro do cômodo e entrou. Suspirou aliviado por ter concluído seu objetivo de ter chegado em casa sem ser pego. Mas como se o destino conspirasse contra o jovem, no mesmo instante em que se virou para ir em direção à sala de estar e subir as escadas para o banheiro, deu de cara com seu pai de braços cruzados e batendo um dos pés nervosamente no chão de madeira. Seu coração havia falhado uma batida em consequência do susto e seus ombros enrijeceram-se tensos, engoliu em seco e respirou fundo, tentando se preparar para o castigo, ou o sermão que iria levar.

— Onde estavas? — questionou o mais velho, com toda a sua raiva e frieza diretamente direcionadas ao olhar assustador que tinha em sua expressão. Contudo, não obteve resposta, não precisava na verdade, apenas em observar o estado em que o filho se encontrava, ele era capaz de adivinhar.

  O cabelo antes bem penteado, agora estava com os fios desgrenhados e espalhados por sua testa, manchas marrons de terra maculavam o puro branco da camisa que encontrava-se levemente amarrotada e com os punhos dobrados até seu ante-braço, sem contar os pés descalços e as mãos sujas de lama.

— Não creio que fugistes para brincar com aquela ralé novamente! HongJoong, você é o único herdeiro da família, trate de começar a agir e se comportar como tal! — bradou cada palavra expelida, fazendo o garoto se encolher mais e abaixar a cabeça, às vezes apertava as botas que estavam em sua mão, como se o ato fizesse o discurso soar menos severo — E que merda é esta? — perguntou enquanto aproximava-se furiosamente do filho — Um brinco? Furastes a orelha sem minha permissão, Kim HongJoong? — ralhou ao mesmo tempo em que puxava a orelha direita do mais novo sem se importar com a dor que sentiria pelo furo recém feito.

  Ele sequer tinha chance de contra-argumentar com seu pai, então apenas fechou os olhos e mordeu os lábios fortemente a fim de segurar as lágrimas de dor, se seu progenitor o visse chorando, apenas pioraria toda a situação, já que o mesmo afirmava que apenas mulheres, as quais eram consideradas o sexo frágil, poderiam ter esse privilégio.

— Eu disse que aqueles pirralhos plebeus eram má influência! Isso é bem coisa da laia deles! — assegurou, ao passo que arrastava o menino pelo braço até a sala de estar — Agora vamos, mandarei que Marlise prepare um banho para você, temos um jantar importante com o rei esta noite.

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  HongJoong inspirava e expirava serenamente, a cabeça repousava sobre um pequeno rolo de toalha que havia feito e apoiado na extremidade da banheira em que estava, aproveitando a sensação relaxante e reconfortante que a água morna proporcionava ao envolver todo o seu corpo. Estava em paz. Porém, o seu curto momento de tranquilidade foi interrompido ao ouvir algumas batidas na porta do banheiro, apenas suspirou profundamente e endireitou sua postura antes de permitir a entrada de quem quer que fosse. E assim que o fez, viu a feição preocupada de Marlise.

— Lorde HongJoong! Ainda não terminastes de se banhar? Seu pai já está começando a ficar irritado com a demora, por favor, apresse-se! — repreendeu-o, mas ao contrário de mais cedo com o sermão do pai, a mulher possuía um tom de voz brando, fazendo o menino sorrir involuntariamente.

[HIATUS] Pirate Kings - ATEEZOnde histórias criam vida. Descubra agora