Pense em uma situação completamente tediosa, pensou? Agora adicione nesta cena um professor de meia idade e fala arrastada explicando como se calcula a hipotenusa, e aí? Ruim? Mas espere, agora adicione um fundo musical em harpa com apenas três notas que se repetem e repetem e repetem e repetem... Sucessivamente, sem parar.
Era exatamente esse o sentimento que eu tinha enquanto estava sentada na mesa do pub, na companhia de Tiago, Leda e Marco. O rapaz não parava de falar sobre cálculos e fórmulas, Leda e meu melhor amigo conversavam entre si, já que estavam mais próximos — ao menos uma coisa boa — e eu estava fadada a ouvir horas e horas de assuntos que eu não fazia a mínima ideia, só para ajudar Tiago a ser feliz.
"Eu espero que ele me pague um lanche muito bom amanhã como recompensa por esse martírio" pensava, com as bochechas escoradas nas mãos e os cotovelos na mesa de madeira envernizada.
— Eu amo as músicas do Luan — disse a mocinha.
Eu sabia que Tiago detestava Luan Santana.
— Nossa, que massa, Leda. Eu também curto — falou ele, como se fosse verdade. Creio que deve ter feito aulas de teatro junto de Eduardo, é a única explicação.
— Você gosta, Eva? — perguntou Leda, virando-se para mim e cortando o irmão que estava pronto para me contar sobre sua aventura no acampamento de matemáticos.
— De quê? Luan Santana? — Ajeitei a postura. — Digamos que não sou uma grande fã. Eu prefiro Three Days Grace.
Tiago coçou o canto da boca e olhou para baixo com um sorrisinho. Era a banda favorita dele.
— Quem é esse? — questiono, e eu me segurei para não revirar os olhos.
— É uma banda de rock. Quando chegar em casa eu te mando umas músicas deles por WhatsApp — respondi da maneira mais adorável possível.
— Legal — ela disse. Depois, bebeu um gole do seu suco de morango e olhou para o irmão, enfim calado. — Quer ir embora, Marco?
— Estou com um pouco de sono, mesmo — respondeu ele antes de bocejar mostrando todos os dentes e suas obturações.
"Glória!"
— Eu levo vocês em casa, depois deixo a Eva — disse Tiago, pegando a carteira para pagar a conta.
— Não precisa. — Marco, neste momento, guardava o celular no bolso da calça jeans. — A minha mãe mandou mensagem, disse que eles saíram agora há pouco do restaurante, a gente pega uma carona, é no caminho aqui. — Apontou para a rua com um gesto espalhafatoso.
— Beleza, então. Vou pagar e a gente se acompanha até a saída. Já volto. — Meu amigo se levantou e foi até o balcão.
Eu e Leda nos entreolhamos, ela nunca deixava de sorrir. Como conseguia?
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Minha pequena Eva
Teen FictionTalvez todos os clichês estejam realmente certos e a química entre amigos seja bem mais forte que com qualquer outra pessoa, para um possível romance. Evaluna, uma pessoa centrada, estudiosa e desacreditada no amor - apenas para ela própria - descob...