20.Às vezes, chorar parece ser a melhor opção

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Fecho os olhos automaticamente assim que a luz forte do celular ilumina praticamente a sala inteira. Quando finalmente consegui diminuir o brilho, vejo que era três e pouco da madrugada.

Passo pelos meninos com o maior cuidado possível, e assim que entro no corredor para ir até a cozinha ligo a lanterna.

Coloco o celular na bancada, apoiado em um pote aleatório e depois indo até o armário de copos, tirando um de lá e indo até a geladeira em seguida. Pego uma garrafa de água e despejo com cuidado no copo até a metade, começando a beber.

Deixo o copo na beira da pia e pego o celular, indo de volta pra sala e desligando a lanterna. Mas assim que chego perto dos colchões, ouço um barulho agudo vindo da janela da sala.
Paro por alguns segundos, e quando estou prestes a ignorar o barulho retorna.

Meu coração acelera automaticamente, vou em passos devagar até a janela conseguindo abrir uma pequena fresta na cortina, e no mesmo momento uma pedrinha bate no vidro me fazendo recuar pra trás de susto.
Consigo abrir uma das cortinas, vendo ele.

Corro até a porta girando as chaves sem fazer barulho, correndo até o mesmo e dando um forte abraço que é retribuido.

- Eu pensei que demoraria mais tempo! - Digo olhando em seus olhos brilhantes, e o mesmo tinha um sorriso estampado no rosto.

- Dois shows foram cancelados, então viemos mais cedo! Eu queria te ver antes de ir para o hotel. - Ele abre um sorriso fraco de lado, enquanto me puxava pela mão para o mesmo banquinho que me sentei com Anne esses dias.

- Você está bem? Se divertiram no show? - Pergunto animada querendo saber de todos os detalhes, e não ligando pro horário.

Estávamos eu e Noah, sob a luz da lua que iluminava boa parte das ruas. Eu sentia a brisa gelada contra meu corpo fazendo-me arrepiar. Ainda estava frio, e a única blusa que eu vestia era uma de pijama com mangas longas.

- Estou bem, e, os shows foram ótimos. - Ele diz enquanto olhava um ponto fixo.

- Você poderia ter esperado até amanhã para me ver. Noah, você parece muito cansado. Quer entrar? - Pergunto segurando em sua bochecha, virando-o para mim.

- Não precisa se preocupar, Elisa. - Ele sorri fraco mais uma vez. - A propósito, precisamos conversar.

Seus olhos estavam fixos nos meus, e já não tinham mais aquele brilho de minutos atrás. Era um olhar triste, e eu o encarava sem entender ainda com a mão na sua bochecha, esperando que ele dissesse algo.

- O que aconteceu?

- É complicado. - Ele passou as mãos pelo cabelo. - Eu... Eu não sei como te dizer isso, eu queria que... Ah, merda. - Ele resmunga a última frase antes de se levantar e andar de um lado pro outro, com as mãos dentro do casaco.

Noah estava me assustando. Eu sabia que dali não sairia boa coisa, mas também torcia para que não fosse tão ruim. Minhas mãos estavam extremamente congeladas, e eu mordia os lábios freneticamente por conta do frio. Levanto-me me abraçando tentando amenizar o frio, parando na frente Noah, que tinha os olhos marejados.

Os meus não demoraram para ficar iguais.

- O que aconteceu? - Perguntei novamente, mais pausado dessa vez. Minha voz saiu com um certo desespero e Noah percebeu.

- Eu preciso ir, Elisa. Eu preciso realmente ir, mas eu não digo ir para o hotel, uma cidade vizinha ou algo assim. Eu vou embora, junto com o grupo. Outro país, outras pessoas. Sabe o que isso significa? Não existe mais eu e você.

Eu estava em completo desespero, e logo pude sentir as lágrimas escorrendo, assim como a brisa estava cada vez mais forte.
Eu puxei Noah para um abraço, enquanto as lágrimas caíam com mais intensidade. Noah deixou um beijo no topo da minha cabeça, sussurrando um "eu sinto muito" que eu pude ouvir perfeitamente.

Eu já imaginava que isso poderia acontecer. Foi exatamente o que aconteceu com meus dois últimos e únicos namoros. Todos me deixaram, e foi por isso que eu me fechei.
Mas Noah conseguiu quebrar todo esse gelo que cobria meu coração. Eu pensei que com ele seria diferente, mas eu fui completamente ingênua.

- Eu te amava, Noah. Eu amava você. - Disse, entre os soluços sentindo o gosto salgado das lágrimas, ainda abraçada com ele.

- Eu sinto muito, Elisa. Me desculpa.

Acordo num pulo, sentido meu coração acelerado. Eu estava soando, tudo aquilo parecia tão real. Olhei em volta e percebi que ainda estava deitada com as pernas de Anne por cima de mim.
Fechei os olhos por alguns segundos, sentindo uma única lágrima escorrer.

Eu tinha medo. Eu tinha medo de perdê-lo. Eu tinha medo que qualquer coisa acontecesse com ele, ou comigo. Eu tinha medo que algo acontecesse com a gente, mesmo que não passássemos de "amigos que se beijam". Eu finalmente entendi tudo que estava acontecendo, entendi o que tudo isso significava. Eu tinha medo, por quê estava perdidamente apaixonada por Noah Urrea.

Levantei, andando até a cozinha sentindo minhas pernas tremendo. Bebo um copo de água cheio, seguindo até o banheiro e me apoiando na pia, me encarando no espelho.

Mais uma lágrima escorreu.
Às vezes, chorar parece ser a melhor opção.

Tudo isso foi um sonho. Um pesadelo, na verdade. Mas poderia se tornar real a qualquer momento. Noah trabalha em um grupo internacional, que passa por vários lugares no mundo.
Ele não iria ficar no Chile pra sempre. Nem eu, mas isso não vem ao caso.

Eu gostava do Noah. Até mais do que eu deveria gostar, e isso não era a melhor escolha. Eu poderia viver um belo romance com o popstar mais famoso da atualidade. Tudo poderia dar certo.
Mas talvez não.

E pelo fato de ter um não no meio de tudo isso, minha vontade era de nunca ter ido naquele teatro.
Onde tudo começou.




















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Mesmo sendo um pouquinho triste, foi um dos capítulos que eu mais gostei de escrever💖

Gostaram?? Ksksks não esqueçam de comentar e deixar a estrelinha, amo vcs babys♡

Kisses <33

ᴀʟʟ ᴡᴇ ʜᴀᴠᴇ ʟᴇғᴛ ❃ ɴᴏᴀʜ ᴜʀʀᴇᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora