Mesa 15

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O caminho de volta para Las Vegas foi bem tranquilo. Minha mente às vezes viajava para o beijo de mais cedo. É estranho o que está acontecendo entre eu e o Joel. Apesar de ter sido apenas um beijo, naturalmente eu já consigo imaginar um futuro ao seu lado.

Mas tem um problema que pode nos atrapalhar. O meu problema. A minha cegueira. Será que ele vai continuar ao meu lado até lá? Duvido que sim. E também não quero ser um peso em sua vida e provavelmente ele irá me esquecer. Ele deve ter um monte de garotas aos seus pés e eu fui uma que ele teve dó. Ele não vai querer um fardo a carregar, e esse fardo seria eu.

Balanço minha cabeça negativamente tentando tirar esses pensamentos da minha cabeça, por enquanto. Queria apenas aproveitar esse momento a sós com ele.

Em falar nele, o seu olhar estava fixo a estrada. Ele segurava o volante apenas com uma mão e a outra estava escorada pelo antebraço na porta do carro. O vento adentrava pela janela e balançavam seus cachos. Uma vez ou outra seus dedos batucavam em ritmo a música que tocava na rádio. Eu me perdia em cada detalhe dele. A sua barba que deixava um ar tão sexy em seu rosto, o seu sorriso, a profundeza de seus olhos, até seus cílios eram perfeitos. Uma vez ou outra seu olhar encontrava o meu e um sorriso discreto saía do meu rosto.

Não sei quanto tempo fiquei o admirando mas poucos minutos depois acabo adormecendo com o balançar do carro com um sorriso bem idiota em meu rosto.

•••

Já havia passado um mês desde a viagem incrível e ainda consigo lembrar de todos os detalhes dela. As fotografias que tinha tirado, os momentos, o show, com certeza foi a melhor viagem da minha vida.

Mas tudo que é bom, dura pouco.

Era só questão de tempo para acontecer. Joel anda sumido ultimamente. Não responde minhas mensagens e minhas ligações sempre terminam na caixa postal. E minhas paranóias não cooperam com a situação. Todo aquele pensamento sobre o Joel não querer um peso em sua vida volta com tudo. Às vezes me pego chorando por pensar que fiz algo de errado e o afastei, às vezes lembro do beijo e penso se aquilo foi por dó.

Julie está sempre aqui em casa tentando me animar e contando sobre suas altas conversas com Erick. Eu vejo o quão ela fica feliz quando seu nome é dito, e do fundo do meu coração eu torço para darem certos.

Para evitar ficar em casa pensando muito, arrumei um emprego temporário em um restaurante perto de minha casa. O lugar é lindo, aconchegante e possui uma decoração vintage, como sempre vemos em filme. Tudo se encaixa em uma única paleta de cores.

Muitas pessoas podem achar meu emprego meio desprezível mas é algo que gosto bastante. Meu trabalho é simples e se resume em levar os pedidos até a cozinha e entrega-los nas mesas. O salário é bom e fiz ótimas amizades aqui, então não tenho o que reclamar.

Em dez minutos meu turno começará, por isso me apresso até o vestiário para trocar minha roupa pelo o uniforme do restaurante, que consiste em um dólmã, um avental e sapatos fechados. Assim que saio do vestiário, os clientes já começam a chegar e o meu trabalho enfim começa.

—Boa noite. —digo ao chegar em uma mesa com um casal. —Aqui está o pedido de vocês, espero que gostem! Se precisarem de alguma coisa, estarei logo ali no balcão.

Recebo um sorriso em reposta e me retiro para meu posto.

Uma música ressoava baixo no canto do restaurante e deixava o clima do ambiente agradável. A noite estava calma, o que era esperado para uma terça-feira isso explica. Todos já estavam devidamente servidos, apenas os garçons com as garrafas de vinho andavam pelo centro do restaurante, oferecendo a uma mesa ou outra.

Soulmates • Joel Pimentel Onde histórias criam vida. Descubra agora